Mazula propõe voto electrónico para acabar com a desconfiança entre Estado e cidadão no período eleitoral

POLÍTICA

Em Moçambique, segundo alguns analistas e acadêmicos, com destaque para Sérgio Chichava, Director do Instituto dos Estudos Sociais e Económicos, as eleições nunca foram livres, justas e transparentes. A título de exemplo, a Renamo, MDM e Nova Democracia referem que as VI Eleições Autárquicas em Maputo, Matola, Quelimane, Nampula, Gurué, entre outros, foram fraudulentas. Para acabar com o cenário de desconfiança nos processos eleitorais, o acadêmico e antigo Reitor da Universidade Eduardo Mondlane, que também já foi presidente da Comissão Nacional de Eleições, Brazão Mazula, o país deve implementar o voto electrónico.

 

Em Gurué, província da Zambézia, as sondagens apontavam para uma vitória esmagadora da Nova Democracia (ND). Contudo, os resultados preliminares contrariam as sondagens, visto que a Frelimo é que venceu as eleições naquela autarquia.

Por entender que houve esquemas para favorecer o partido no poder, o partido liderado por Salomão Muchanga submeteu, na quinta-feira, 12 de Outubro, um ofício à Comissão Distrital de eleições exigindo anulação da votação naquela autarquia.

Ainda no mesmo dia, já no período da tarde, a Nova Democracia submeteu mais um ofício ao Tribunal Distrital de Gurué, com objectivo de protestar os números que estão a ser tornados públicos e, posteriormente, pedir a anulação das eleições, alegando que houve enchimento de urnas com o claro propósito de favorecer o partido no poder.

Quem também não concorda com o grosso dos resultados tornados públicos pelas Comissões Distritais de Eleições é a Renamo, que reivindica vitória em pelo menos nove autarquias do país.

Em Quelimane, a perdiz, que aponta o dedo à CNE e a Polícia da República de Moçambique, não tem dúvidas de que as eleições não foram livres, justas e transparentes, adiantando que não vai reconhecer os resultados.

Olhando para o actual processo eleitoral, o antigo Reitor da mais antiga instituição do ensino superior no país defende que chegou a hora de se apostar numa educação cívica patriótica muito forte para o cidadão confiar no Estado.

“O próprio cidadão não confia no Estado e o Estado também não confia no cidadão. Este é o problema neste país. É necessário chegarmos a uma certa altura que exija uma educação cívica patriótica muito forte, de todos os partidos se educarem a si próprios, como partidos que devem confiar no cidadão, educar o cidadão que deve confiar no Estado. O Estado deve, portanto, confiar no cidadão. Este é o problema de fundo nas eleições”, referiu Brazão Mazula citado pelo Jornal o País.

Para acabar com o clima de desconfiança e trazer a transparência que tem faltado nos processos eleitorais em Moçambique, Mazula defende que o país deve implementar o voto electrónico.

“O país, hoje, já cresceu muito em termos de tecnologia e pode muito bem fazer a votação de forma electrónica. Aí não há desconfiança de roubo ou enchimento de urnas. Pode haver uma margem de erro de dois por cento, o que as estatísticas permitem, mas não mais do que dois por cento. Eu penso que se pode criar uma votação electrónica”, referiu, para depois acrescentar que o voto electrónico pode evitar conflitos e garantir a paz.

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