“Fomos mal compreendidos”  ̶  Lutero Simango

DESTAQUE POLÍTICA
  • Coligação com a Renamo

A Renamo e o Movimento Democrático de Moçambique ponderam uma coligação para acabar com a hegemonia da Frelimo, uma empreitada que chegou a ser cogitada para as recém-realizadas Eleições Autárquicas. Contudo, a união entre os dois partidos terminou apenas na teoria. O presidente do MDM, Lutero Simango, culpa a Renamo pelo fracasso da união entre as forças políticas e referiu que o partido por si liderado foi mal compreendido.

Abanês Ndanda

A coligação entre a Renamo e o MDM nunca foi tão abordada entre os dois maiores partidos da oposição moçambicana como tem acontecido desde o ano passado, diga-se mesmo em termos de actos demonstrativos de aproximação. A título meramente ilustrativo, em dois anos consecutivos as duas lideranças fizeram dois encontros públicos, mas nunca chegou-se a concretizar o avanço.

Questionado pelo Evidências sobre a possibilidade de uma coligação para o grande pleito eleitoral que se avizinha, Lutero Simango retorquiu nos seguintes termos: “nossa posição não mudou, é a mesma que manifestamos em Março. Sempre entendemos e dissemos que a oposição deve se unir”, sublinhou Simango.

De referir que tanto da parte da Renamo quanto do MDM chegou a se aventar a hipótese de uma coligação, principalmente depois da visita do Presidente da Renamo à sede do MDM, ocasião em que manteve encontro com o seu homólogo, Lutero Simango.

O encontro tinha como agenda passar à revista a situação do País e, como não deixaria de ser o posicionamento e estratégias dos dois partidos para as sextas autárquicas que acabaram se revelando uma ‘dor de cabeça’ para os dois partidos.

“Todos sabem que estamos à porta das eleições autárquicas e é preciso encontrar uma forma de satisfazer os moçambicanos em relação àquilo que é o projecto de libertação dos moçambicanos”, afirmou o líder da Renamo, Ossufo Momade, na esteira do encontro mantido ano passado com o presidente do MDM, acrescentando que “os moçambicanos estão a passar maus bocados. Como sair disto? É preciso que a oposição trabalhe para empurrar os que estão a desgovernar este país”.

Na altura, por seu turno, Lutero Simango disse não ter dúvidas de que uma possível coligação poderia criar mudanças na governação do país. “A solução para Moçambique está nas nossas mãos. Nós, através deste encontro que tivemos, vamos avançar. Não estamos a falar de coligação, ainda é prematuro falar disso, mas é preciso encontrar uma forma para libertar os moçambicanos”, ficaram as reticências.

No fim das contas, cada um dos partidos acabou indo às autárquicas sozinho, mas, ao que tudo indica a coligação sempre esteve nas conversas dos dois partidos tanto é que o MDM através da sua mandatária, Silvia Cheia chegou a falar de “desconfiança política” para justificar a não concretização da coligação.

A uma pergunta de insistência sobre o que teria falhado no ano passado, Simango preferiu ser curto e reservado na resposta dizendo que “fomos mal compreendidos”.

Uma coligação entre a Renamo e o MDM representaria uma re-fusão, já que o núcleo fundador do MDM sai da RENAMO, sem contar com o facto de parte sonante dos cabeças-de-listas da Renamo já terem estado no MDM, a exemplo de Venâncio Mondlane, Geraldo Carvalho e Manuel de Araújo.

No que se refere aos resultados anunciados atinentes ao apuramento geral anunciados na última quinta-feira pela Comissão Nacional de Eleições, sem arrogar alguma vitória para o seu partido em qualquer outro município além da Beira, considera não aceitáveis os resultados por três motivos a saber: irregularidade, enchimentos das urnas e má-gestão do processo”.

“Queremos aqui dar toda a culpa à CNE e ao STAE pela crise que se vive no país”, resumiu Lutero Simango, para mais em diante afirmar que “a CNE já demonstrou não ser autónoma nem independente desde a fase do recenseamento”.

Para Simango, os resultados das últimas autárquicas foram manipulados pela CNE e STAE no interesse do partido no poder. Num momento que se pode chamar de verdadeira lazerna eleitoral, Lutero Simango diz restar para o Conselho Constitucional devolver a credibilidade não só do processo eleitoral, mas também a credibilidade de todo o poder judiciário no país.

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