Na passada sexta-feira, o Evidências, fazendo fé na informação disponibilizada por fontes, noticiou que no distrito de Moatize, província de Tete, um autocarro que transportava trabalhadores da Vulcan, empresa que substituiu a Vale no projecto de carvão mineral na província de Tete, foi atacada na quarta-feira, 26 de Outubro, por desconhecidos.
Na verdade, o ataque não aconteceu em Tete, como nossas fontes revelaram, mas sim em Nacala – Porto, contra um autocarro de transporte de trabalhadores da Vulcan, operado pela transportadora UNITRANS. O ataque aconteceu minutos depois do presidente da Comissão Nacional de Eleições confirmar a vitória da Frelimo em 64 das 65 autarquias, incluindo Nacala – Porto.
Os funcionários da Vulcan, segundo fontes do Evidências, apesar de terem vivido momentos de pânico e terror, saíram ilesos. No entanto, a viatura na qual se faziam transportar foi atingida por balas na parte traseira e ainda ficou com o grosso dos vidros laterais destruídos.
Mal-estar na Polícia pode ter evitado banho de sangue
Em conversa com a nossa equipe de reportagem, um agente da Polícia da República de Moçambique assegura que o mal-estar na polícia pode ter evitado situações piores que as que acabaram se registando na sequência das manifestações.
“É que há colegas que estão sem salários há dois meses e até mais, e de forma geral os polícias ultimamente nunca sabem se vão receber ou não, e entenda que uns podem até receber e outros não”, referiu o nosso interlocutor, justificando a tendência pouco violenta da polícia em comparação com outras ocasiões anteriores.
Fazem já meses que a irregularidade no pagamento dos salários na polícia, e não só, vem sendo reportada, sendo que por várias ocasiões o Comandante-Geral bem como o ministro do interior se pronunciaram.
Em declarações à agência de notícias Lusa, o comandante-geral da polícia, Bernardino Rafael, disse em meados de Agosto estar “ciente do que está a acontecer”, apelando nessa altura à calma. Bernardino Rafael falava como quem se refere a uma situação que rapidamente se resolveria, a verdade é que a situação se mantém não resolvida. Importa ainda salientar que o ministro do interior, nas mesmas alturas, chegou a dar ultimato quando havia em dívida apenas dois meses no sentido de que se regularizasse a situação o que ainda não aconteceu.
“Nestas condições, as pessoas estão sem muita moral, então imagina exigir que uma pessoa sem salário aí em pleno calor maltratar um irmão por que está a marchar”, considera, acrescentando que “apesar de não serem todos os colegas que têm esses problemas, por exemplo, eu não tive esse stress, mas os colegas sentem pelos outros que se encontram na situação por nunca se sabe quem não vai receber cada mês”.
Facebook Comments