General Nihia assume crise e acusa direção do partido de “matar” debate de ideias

DESTAQUE POLÍTICA

Começa a ser indisfarçável a crise interna no Partido Frelimo. Depois de Graça Machel mais um histórico rompeu as amarras do silêncio que vem sendo arregimentado para assumir que as coisas não vão bem e criticar abertamente a direção do partido por estar a socorrer-se de subterfúgios para “matar” o debate interno.

Trata-se do incontornável General Eduardo da Silva Nihia, antigo combatente, actualmente membro do Comité Central e deputado da Assembleia da República que subscreve a ideia de que deve haver uma reunião de quadros para uma reflexão em torno da crise no partido antes do Comité Central e critica o fechamento do espaço de dabate na Frelimo, incluindo dentro da Associação dos Combatentes da Luta de Libertação Nacional (ACLIN), ógão social do qual faz parte.

“No partido (quando nós vínhamos) haviam reuniões de quadros do Partido, da ACLIN em que se discutiam aspectos da vida do partido e os mesmos pontos iam para o Comité Central. Hoje não há e não há explicação da razão de não haver reuniões de quadros”, desabafa Nihia, para quem a crise que se vive deriva do facto de não haver debate de ideias antes do Comité Central como acontecia anteriormente no partido.

Nihia que é dos mais respeitados membros da Frelimo “acusa” a direção máxima do partido Frelimo de se estar a furtar de agendar reuniões importantes para discussão de assuntos ligados à vida por partido. É, aliás, por isso, que, no seu entender, vozes dos membros considerados reserva moral do partido começam a se fazer ecoar fora do partido.

“A explicação dada para adiar a reunião de quadros a última vez foi por causa do Coronavírus que já passou. Depois disso não houve nenhuma explicação. Eu penso que é este o motivo que leva as pessoas a falarem noutras redes, porque era um hábito debater abertamente e vinha se fazendo isso, mas hoje como não se faz, as pessoas vão se falando noutras redes”, analisou.

Refira-se que depois da publicação da carta de Graça Machel, o partido reagiu negando crise, ao mesmo tempo que “meninos de recados” afectos ao grupo actualmente no poder, foram despachados para televisões e rádios para tentarem ridicularizar os pronunciamentos da antiga primeira dama e membro influente do partido, sob alegação de que as reuniões de quadros são inúteis por não serem deliberativas.

O grupo actualmente no poder na Frelimo tenta a todo custo vender a ilusão de que “está tudo bem”, ancorando-se numa contestada vitória em 64 das 65 autarquia, naquelas que já são tidas como as eleições mais fraudulentas da história. O Evidências havia alertado na sua edição 133 que Filipe Nyusi e seu Entourage estão empenhados em tudo fazerem para adiar a realização do Comité Central para tentarem ganhar tempo a espera que os camaradas esqueçam os resultados mais desastrosos de sempre e não haja responsabilização.

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