- Pressionada por ameaças de não entrega de resultados
Nas vésperas das Eleições Autárquicas, o Governo, através do Ministério da Economia e Finanças, deu luz verde para o arranque do pagamento das horas extras dos professores em todo território nacional. No entanto, de lá a esta parte, o grosso dos professores ainda não viu a cor do dinheiro. Depois de muitos dias aconchegada no silêncio, a ministra da Educação e Desenvolvimento Humano veio a terreiro garantir que as horas extras dos docentes que prometem não entregar as pautas do terceiro trimestre como forma de pressionar o Executivo já começaram a ser pagas, alegando que a demora deve-se ao facto de o Ministério da Economia e Finanças (MEF) estar a exigir verificação da conformidade dos dados.
Duarte Sitoe
O Governo prometeu pagar horas extras dos professores do ensino primário e secundário em Setembro do corrente ano, mas de lá a esta parte o grosso dos professores ainda não viu a cor do dinheiro.
Face a esta situação, os professores, que foram indispensáveis na fraude que garantiu a vitória da Frelimo em 64 dos 65 municípios nas VI Eleições Autárquicas, prometem boicotar as actividades.
Aliás, alguns docentes, que no segundo trimestre paralisaram as actividades, tendo voltado depois de um mar de promessas do Executivo, ameaçam boicotar os exames do ensino médio em todo território nacional.
Na sua versão sobre as constatações levantadas pela classe docente, a ministra da Educação e Desenvolvimento, Carmelita Namashulua, reconheceu a dívida de 13 meses de horas extraordinárias aos professores.
“O MINEDH está consciente deste facto. Há um ano e meio, temos dificuldade de pagar horas extras aos nossos colegas professores, mas não se trata de um caso isolado; está a afectar todo o país”, reconheceu Namashulua, que, entretanto, garantiu que já há dinheiro para pagar aos professores, mas o processo será feito de forma paulatina, pois “o Ministério da Economia e Finanças condicionou o pagamento à verificação, no terreno, da veracidade das horas. Assim sendo, a Inspecção-Geral do Ministério está a fazer a verificação nas nossas escolas. Naqueles casos onde não há problemas, eles já começaram a pagar”.
Em Outubro do corrente ano, através de uma carta dirigida ao pelouro da Educação e Desenvolvimento Humano, para além dos recorrentes atrasos no pagamento das horas extras, reivindicaram a superlotação das salas e reivindicaram melhores condições de trabalho.
Comentando sobre esta situação, Namashulua garantiu que estão a ser envidados esforços para que as reclamações sejam respondidas, em coordenação com o Ministério da Economia e Finanças e o da Administração Estatal e Função Pública.
“Estamos a trabalhar no assunto. Algumas questões ultrapassam a capacidade de resolução, por parte do Ministério da Educação, tendo em conta os subsídios, salários e tantos outros aspectos que precisam de interacção com os nossos colegas, principalmente do Ministério da Economia e Finanças e o da Administração Estatal e Função Pública, que gere todos os funcionários e agentes do Estado”, disse a governante.
Os professores ameaçaram boicotar os exames do exame básico, mas os exames do ensino primário arrancaram sem sobressaltos nesta segunda-feira, 20 de Novembro. Em relação a este processo, a ministra da Educação e Desenvolvimento Humano apelou para que se evitem fraudes e corrupção para que não haja passagens sem mérito.
“Se o aluno aprende desde cedo a negociar a sua nota, está, de igual forma, a comprar a sua própria incompetência no futuro. Circula por aí aquilo que alguns chamam de ‘ways’, mas saibam, desde já, que são enunciados falsos. Há grupos de pessoas, que podemos chamar de malfeitores, que inventam exames e colocam à disposição de alunos. O MINEDH desencoraja a compra destes enunciados, referiu a ministra.
Importa salientar que a primeira chamada dos exames do ensino secundário vai decorrer de 27 de Novembro a 01 de Dezembro, enquanto a segunda vai decorrer entre 04 e 08 de Dezembro.
Facebook Comments