Pó Jorge cada vez mais isolado

DESTAQUE POLÍTICA
  • Da sua direcção só resta um punhado
  • Governo acaba de mandar exonerar os directores técnico, comercial e operações

Depois do afastamento do director financeiro e chefe do Tesouro logo após a entrada da Fly Modern Ark (FMA), mais três directores da LAM, que compunham a Direcção Geral liderada por Pó Jorge, acabam de ser afastados dos cargos. Trata-se dos directores da área técnica, comercial e operações, dias depois do ministro dos Transportes e Comunicações ter manifestado insatisfação em relação à direcção da LAM, e numa altura em que a companhia de bandeira volta a registar alguns problemas técnico-operacionais, tais como os reportados nas últimas duas semanas.

Dias depois de terem sido reportados incidentes em pelo menos duas aeronaves, e numa altura em que o ministro já vinha manifestando descontentamento com a actual direção, três gestores de topo da companhia de bandeira acabam de cair.

Com a queda dos directores das áreas das operações, comercial e técnica sobe para quatro o número de directores da direcção de Pó Jorge exonerados desde a chegada da Fly Modern Ark, assumiu interinamente a gestão das Linhas Aéreas de Moçambique em Abril passado.

Antes da actual vassorada, havia sido afastado o director financeiro e seu técnico de tesouro. Da direcção com a qual o actual director-geral, Jorge Pó, vem gerindo a empresa desde que foi nomeado em Julho de 2018, apenas sobreviveram até agora dois directores de áreas pouco sensíveis para o funcionamento da empresa.

Trata-se dos directores dos recursos humanos e sistemas de informação e aprovisionamento que fazem um trio de sobreviventes com o próprio Pó Jorge, que, ao que tudo indica, está cada vez mais isolado e sem grande apoio do actual ministro dos Transportes e Comunicações, que praticamente secundarizou o seu papel na empresa desde a entrada da FMA.

Aliás, no princípio deste mês, o ministro dos Transportes e Comunicações, Mateus Magala, manifestou a sua insatisfação com o actual nível de gestão das Linhas Aéreas de Moçambique (LAM) e destacou a necessidade de mudança de liderança e pensamento.

Na altura, Magala destacou que a companhia de bandeira tem potencial para orgulhar a nação moçambicana, reconhecendo que o desempenho da operadora está abaixo dos níveis desejáveis, pelo que a nova liderança ainda está abaixo dos níveis de desafios que se impõem à LAM.

Embora sem se referir a Pó Jorge e sua direcção-geral, Magala vincou que a LAM carece de uma liderança fortificada, mentalidade criativa, transparência e foco, reconhecendo, porém, que com a intervenção da FMA, a LAM registou avanços significativos, como a introdução de novas rotas nacionais e internacionais. E, apesar do aumento do fluxo de passageiros, ainda não está satisfeito.

“Ainda não estou satisfeito. Penso que a LAM tem de ter uma imagem bastante respeitável. Tem de ser um ponto de orgulho. Tem de ser a moçambicanidade.

Ainda não chegamos lá, mas os passos que foram dados de Abril até aqui são de louvar”, disse, para depois vincar que o maior segredo para alavancar a companhia “é a mudança das mentes, atitudes e liderança desse processo”.

Ao que tudo indica, este era o prenúncio da vassourada que estava por vir, ou seja, a destituição de alguns directores da actual direcção da LAM.

Novos incidentes podem ter acelerado as quedas

Na última semana foram reportados pelo menos dois incidentes com aeronaves tripuladas pela LAM. O primeiro incidente envolveu um Boeing da companhia que sofreu despressurização durante o percurso Maputo-Joanesburgo, o que obrigou a um retorno para uma aterragem de emergência no aeroporto de partida.

O segundo envolveu uma outra aeronave da LAM ida de Joanesburgo para Maputo, na qual os passageiros ficaram retidos por minutos, tudo porque a porta do avião não abria.

Esta segunda-feira, o ministro dos Transportes e Comunicações exigiu proactividade dos gestores das Linhas Aéreas de Moçambique face as avarias constantes de aeronaves.

Reagindo a perguntas feitas por jornalistas, Mateus Magala voltou a afirmar, segundo a Rádio Moçambique, que para se ultrapassar os problemas da LAM é preciso que se aposte na transformação das atitudes e das mentes.

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