Líder da Nova Democracia diz que acórdão do CC é um embuste e embrulho jurídico

• Descobertos votos e editais escondidos nos armazéns do STAE em Guruè

A descoberta de votos válidos e editais originais não contabilizados e que estavam escondidos nos armazéns do STAE no município de Guruè, na província da Zambézia, mostram que a Nova Democracia ganhou de forma folgada as eleições naquele ponto do país, contudo, a CNE atribuiu vitória à Frelimo. Reagindo, o presidente da Nova Democracia diz que a descoberta de votos e editais escondidos só provam que o acórdão do Conselho Constitucional “é um embuste, uma mentira e um embrulho jurídico que merece nosso desprezo total”.

Segundo escreve o portal Integrity News Magazine, trata-se de votos válidos encontrados em sacos invioláveis que dão vantagem ao partido Nova Democracia em Guruè, resultado das eleições autárquicas de outubro findo.

Assim, aquela quantidade de votos, cujo número não nos foi revelado, não foram contabilizados durante a contagem dos resultados e não foram entregues à Comissão Nacional de Eleições (CNE) ao nível do Distrito nortenho da Zambézia. Curiosamente, naquele ponto do país, quando decorria a contagem e se apercebeu da tendência de voto para a Nova Democracia, a polícia começou a disparar e as urnas foram desviadas e os resultados foram apurados em parte incerta, nalguns casos sem a presença dos delegados.

Para além de votos, no armazém do Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE) em Guruè estão igualmente escondidas cópias triplicadas de editais e folhas de reclamação de delegados de candidatura dos partidos políticos da oposição que denunciam ilícitos eleitorais registados nalgumas mesas de voto durante às eleições autárquicas de 11 de outubro último naquele município.

O facto foi despoletado por técnicos do STAE em Guruè, que a mando do Director Distrital daquele órgão eleitoral naquele ponto da província fizeram-se ao armazém “para verificar nos kits se restou tinta, que deve ser utilizada no processo de repetição das eleições em algumas mesas no município de Guruè e Milange, que serão submetidas em cumprimento da decisão do Conselho Constitucional por violação dos procedimentos eleitorais”.

Reagindo, Salomão Muchanga, líder da Nova Democracia, entende que a descoberta de votos e editais escondidos no armazém do STAE é a “prova inequívoca da fraude tosca da Frelimo, em coligação com o STAE, CNE e a polícia”.

“Este acórdão do Conselho Constitucional é um embuste, uma mentira, um embrulho jurídico que merece nosso desprezo total. O mais sensato em Guruè seria repetir a eleição em todo município. Neste momento, estamos a fazer uma avaliação para fazermos a devida confrontação com este acórdão. Nós combateremos até a última gota do nosso sangue. Estaremos num combate severo para que a justiça e a verdade eleitoral sejam repostos”, sublinhou.

Segundo Muchanga, por causa daquilo que chamou de “tramoia”, “os bandidos estão nas montras e estão a ser vistos a olho nu”, numa clara referência ao partido Frelimo.

“Devia ser uma votação em todas mesas porque a fraude foi em todas as mesas. Os disparos, os enchimentos e toda a brincadeira da Frelimo foi em todas as mesas. Nós temos responsabilidades políticas perante este país e estamos a dizer que estamos preparados para irmos ao combate”.