- Alves Zitha apelou presidentes das mesas para a fraude e agora diz que foi vitória limpa
Na sua intervenção no segundo dia da sessão de insistência das perguntas ao Governo na Assembleia da República, o deputado da Frelimo, Alves Zitha, declarou que o seu partido venceu as VI Eleições Autárquicas nas urnas, negando permanentemente as acusações de fraude. No contra-ataque, em representação da Renamo, António Muchanga apelou ao deputado do partido no poder para ser consequente, visto que nas vésperas das eleições o mesmo foi flagrado num vídeo amador, durante uma reunião dos “camaradas”, dizendo que a vitória da Frelimo nas eleições autárquicas dependia exclusivamente dos presidentes de mesa da assembleia de voto.
Tratava-se do segundo dia da sessão das perguntas ao Governo na Assembleia da República, mas os resultados homologados, recentemente, pelo Conselho Constitucional dominaram o debate, com protestos da Renamo e MDM, enquanto os deputados da Frelimo tentavam defender o Governo e desvalorizar as acusações de fraude.
Alves Zitha, deputado da Frelimo, foi um dos que tentaram, sem sucesso, responder com ironia e sarcasmo às provocações da Renamo, que não perdia qualquer oportunidade durante a sessão para gritar “A vahiveee”, uma expressão em changana que significa “ladrões” em português.
Em viva voz, Zitha disse que o triunfo do seu partido nas VI Eleições Autárquicas foi alcançado nas urnas, tendo na ocasião referido que “a Frelimo é um partido organizado e democrático, portanto, respeita os princípios democráticos”, visto que “nas autarquias onde ganhou festejou a vitória e onde não ganhou reconheceu a derrota”, o que, ao seu ver, podia ser um exemplo a ser seguido por outros partidos políticos.
António Muchanga, proeminente deputado da Renamo, não quis perder a oportunidade de responder à letra a provocação deixada por Zitha, tendo lembrado ao mesmo que a vitória da Frelimo não foi reflexo da vontade do povo expressa nas urnas, mas sim das manobras dos presidentes das mesas da assembleia de voto, que responderam ao seu apelo feito dias antes das eleições e que está memorizado no vídeo disponível nas redes sociais.
“O senhor está aqui gravado a apelar que a vitória da Frelimo depende dos presidentes de mesa. Agora, vitória da Frelimo dependeu de qual povo? O senhor que seja consequente, a vossa vitória dependeu dos presidentes das mesas, das Comissões Distritais de Eleições e do Conselho Constitucional, mais nada”, contra-atacou Muchanga, para depois referir que a Frelimo está a violar e engravidar o povo pelo facto de não reconhecer a vontade do mesmo. Aliás, chegou a solicitar permissão para exibir o vídeo na AR.
Após ser desmascarado em plena casa do povo, Zitha ainda tentou pedir a palavra para responder, mas a consciência foi mais forte, tendo terminado em apelo para que não se busque “coisas do passado”.
No referido vídeo, Zitha aparece orientando uma reunião com seus camaradas no seu círculo eleitoral, onde a dado momento deixa claro que a vitória da Frelimo está nas mãos dos presidentes da mesa de voto, num claro apelo à fraude eleitoral.
“Agora vamos ter presidentes das mesas. Nós precisamos preparar essas pessoas para compreenderem que a vitória da Frelimo depende deles. Eles devem garantir a vitória da Frelimo. Pode ser um professor que não recebeu horas extras há três anos. Este professor tem que saber que não é desta vez que deve exigir contas ao partido”, ouve-se no vídeo.
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