“Não podemos vender uma falsa ilusão de que somos donos da terra, sol e praia, turismo é para quem tem dinheiro”

DESTAQUE ECONOMIA
  • Yassin Amuji recomenda contenção de expectativas em relação ao turismo doméstico
  • Terrorismo, manifestações e outras formas de desestabilização afugentam turistas
  • Muitos turistas têm medo de vir a Moçambique por associarem o país ao terrorismo e guerra
  • Vilankulo está em franca recuperação após recessão por causa da Covid-19

Conhecido dos moçambicanos, e não só, pela sua maneira irreverente de se apresentar, Yassin Amuji conhece como ninguém o sector do turismo no país, particularmente em Vilankulo, onde é presidente da Associação dos Operadores Turísticos local. Numa entrevista concedida ao nosso jornal na terra que o viu nascer, fala dos principais desafios que o sector enfrenta neste período de recuperação pós-pandemia, fazendo notar que o turismo tem sido fortemente afectado pela imagem que é projectada para fora do país, pois, por exemplo, “quando há um tiro em Cabo Delgado, este tiro afecta Vilankulo, apesar de nós estarmos a 2000 quilómetros de Cabo Delgado. O turista que queria ir a Vilankulo diz que não posso ir porque em Moçambique há guerra ou terrorismo”. Nas entrelinhas, aborda a questão da inacessibilidade das estradas, os preços proibitivos das passagens aéreas domésticas e cobranças ilícitas por parte de agentes da polícia de trânsito, das alfândegas e da migração, para além de prejudicarem a imagem do país, retraem os turistas. No que se refere ao turismo doméstico, prefere ser, digamos, realista, referindo que Moçambique praticamente não faz turismo doméstico. De forma directa, adverte que está a criar-se uma falsa expectativa de que “nós temos sol e praia, temos o direito de usar este sol e praia, mas não, quem detém o direito de usar é quem tem mais dinheiro e consegue visitar estas instâncias turísticas, visitar as ilhas, entre outros”. Acompanhe a seguir os extratos mais importantes.

Reginaldo Tchambule

Evidências – Como está o sector do turismo em Vilankulo?

Yassin Amugy – O sector do turismo está bom. Acredito que poderia estar ainda melhor. Nós como empresários e operadores turísticos gostaríamos que estivesse melhor ainda, não podemos nos contentar com aquilo que temos, apesar de estarmos com bons números, falamos de um ano em que o turismo, até Setembro de 2023, contribuiu com 30% para economia de Vilankulo, um crescimento, se termos em conta segundo dados da Autoridade Tributária em 2022, que contribuímos com 22 e em 2021 com 20%. É de realçar este crescimento.

Em 2022, em termos de números, os operadores turísticos pagaram para os cofres da Autoridade Tributária aproximadamente 200 milhões de meticais, em 2021 foram 97 milhões de meticais e este ano, até Setembro, a contribuição foi de 186 milhões de meticais, e está mais do que claro que até ao final do ano vamos ultrapassar os 200 milhões de meticais de 2022. Acreditamos que Outubro, Novembro e Dezembro, por natureza, são os meses mais altos e acreditamos que a gente consiga chegar até aos 250 milhões de meticais, e quem sabe até 300 milhões de meticais, então tudo vai depender do movimento e do fluxo que vamos ter nos próximos meses.

Olhando para esses números, claramente que quando um hotel, um operador turístico, um restaurante tem mais movimento aumenta mais o número de trabalhadores, aumenta o consumo, suas compras, então a cadeia de valor por si só acaba crescendo e isto deixa-nos de certa forma satisfeitos e com vontade de querermos continuar a crescer, de modo a que o turismo possa solidificar esta posição de ser o sector que mais contribui para a economia de Vilankulo e da província de Inhambane.

A Covid-19 afectou a indústria. Pode se assumir que o turismo a nível local recuperou da pandemia?

– Sim, recuperou-se em termos de números e em termos de receitas, mas não se recuperou dos impactos financeiros negativos causados pela paralisação, porque tudo aquilo que aconteceu durante a época da pandemia, as indemnizações, o tempo que os hotéis ficaram fechados, a reestruturação que cada um teve que fazer, isso tudo criou um prejuízo para os cofres dos operadores de turismo e estatísticas internacionais demonstraram claramente que o sector do turismo iria levar pelo menos três a quatro anos para retomar ao nível que estava, o nível financeiro neste caso.

Então, podemos afirmar que recuperamos, mas a nível financeiro não, porque os prejuízos que foram acumulados ainda não foram superados. Acredito que em finais de 2024, por aí, poderemos dizer que sim. A nível financeiro, estaríamos a voltar a entrar naquela faixa em que nós estávamos, estamos no processo normal e esperamos que nada aconteça, não apareçam ciclones e outras calamidades que possam dificultar esse crescimento porque tudo isso acaba pesando de uma outra forma para a estabilidade do sector.

Em termos de reabertura dos estabelecimentos que chegaram a encerrar, estão a 100% ou alguns continuam fechados?

– Não, não estamos a 100% na abertura dos estabelecimentos, existem ainda menos de 1%. Estamos a falar de dois ou três estabelecimentos que ainda se encontram-se encerrados. Estamos a negociar com os proprietários desses estabelecimentos por forma a encontrarmos uma solução ou encontrarmos outros investidores que queiram adquirir esses estabelecimentos para que eles possam reabrir, porque não nos interessa estabelecimentos encerrados aqui em Vilankulo, pois isso significa menos emprego, menos receita e significa menos opção para os nossos turistas.

“Valoriza-se mais a cultura e menos o turismo”

Falou de intempéries que não são desejáveis, existem outros desafios que tem a partilhar?

 

YA – Nós temos muitos desafios, e um dos desafios que temos é que é preciso entender que neste sector do turismo qualquer questão negativa, por mais pequena que seja, afecta o crescimento do sector. Suponhamos que um tiro é dado em Cabo Delgado, este tiro afecta Vilankulo, apesar de nós estarmos a 2000 quilómetros de Cabo Delgado. Isso para dizer que quando a informação sai, fala de terrorismo em Cabo Delgado, mas para o turista que não sabe, basta ouvir que houve ataque em Moçambique, se tinha plano de ir a Vilankulo, então, conclui que não vale a pena, principalmente porque os países na Europa são pequenos (países de 20 ou 400 quilómetros), eles não intendem esta questão.

 

Depois temos também a questão das vias de acesso. Apesar de que 60% dos turistas que vêm a Vilankulo vêm por via aérea, nós temos ainda muitos turistas que usam as vias terrestres, temos turistas que vêm da região do Zimbabwe, da Zâmbia, Botswana, que querem vir por via terrestre e as vias para Vilankulo, sobretudo para quem vem de Inchope e Muxungue, estão danificadas. Imagens circulam e todos conseguimos ver a reclamação constante. Há essa expectativa de que o Governo vai melhorar, mas isso tem estado a causar redução do fluxo de turistas da região da SADC.

 

A outra questão que temos é que apesar da estrada aqui no Sul, ou seja, Maputo-Vilankulo, estar em condições aceitáveis, temos o comportamento dos agentes da polícia de trânsito, da migração, das alfândega, da agricultura e todos outros que ficam na estrada, pois acabam sempre interpelando as viaturas e complicam os turistas. Não é novidade nenhuma, nós vimos várias circulares emitidas pelo comandante-geral da polícia a tentar estancar essas práticas que prejudicam a imagem da corporação e do país. Portanto, de certa forma afecta a vontade dos turistas da região em visitarem Vilankulo, Inhambane e as regiões todas ao redor.

 

Um outro aspecto que prejudica e cria um impacto negativo são as frequentes inspecções que os operadores, os empresários de Vilankulo, são alvos.

 

Falando nisso, como olha para a decisão da Autoridade Tributária de suspender as auditorias?

 

– Eu penso que ela foi muito inteligente, porque esta é a época que os auditores correm para as províncias para ver se conseguem sair com algum valor para as suas festas. Estas auditorias de certa forma prejudicam, porque uma auditoria raras vezes vem por uma questão de recomendação, sempre vem com vontade de multar, e muitas vezes é normal ter uma multa de 100 mil meticais por uma lata de refresco que está fora do prazo. São multas inadmissíveis, absurdas, que prejudicam qualquer empresário, e a questão que é colocada sempre por parte dos nossos associados é: nós que estamos a tentar dar um passo para o desenvolvimento e estamos numa posição médio-alta somos frequentemente visitados por essas inspecções, mas bem ao lado dos nossos investimentos existem barracas que não trazem nenhum padrão, mas ninguém lá vai para dizer nada.

 

É por isso que temos muitos armazenistas que optaram por deixar os armazéns e alugaram pontos de venda dentro de contentores que passam a ser informais, têm menos inspecções, ninguém vai a um contentor que vende cimento perguntar se tem máscara para o trabalhador, mas aos armazéns que tentam criar condições até separam os produtos.

 

Uma mescla entre o turismo de praia e de conservação

 

Para além do turismo de praia, quais são as outras potencialidades que se exploram em Vilankulo?

 

  Vilankulo tem privilégio e particularidade muito interessante, porque ela está situada numa região em que no mar tem o arquipélago de Bazaruto, estamos a falar de turismo de conservação marinha, também temos o santuário de bravio de Vilankulo, que é uma área com o turismo de conservação, onde tem lá alguns animais, e no passado tentaram colocar girafas, mas elas não sobreviveram, então ainda está a se tentar perceber os factores que levaram a morte, mas já tem zebra e outros animais, portanto uma biodiversidade de aves incríveis, temos também, a descer para o sul, a reserva de Pomene, que também pode ser aproveitada, temos Zinave, que tem um parque com muitos animais, desde leões, rinocerontes, etc, e isto acaba de certa forma complementando este turismo com a natureza.

 

Fora isso, ainda estamos muito próximos de Gorongosa, porque estaríamos a falar de 550 km  e 500 km de Chimanimani, portanto dizer que Vilankulo está numa região muito privilegiada. É importante que os operadores turísticos e agentes de viagem entendam a necessidade de criar esse pacote dos turistas virem a Vilankulo, mas também começarem se deslocar para essas outras regiões e aí vai surgir o empreendedorismo do meio de transporte para levar os turistas de Vilankulo para estes locais, nós temos que educar aos jovens que temos esta potencialidade, porque o grande problema que temos é que o turismo começou a ser falado nos últimos seis anos, apesar de que no tempo colonial foi muito forte, nós depois adormecemos um pouco, tivemos uma boa época de turismo, depois disso ficamos um pouco parados e valorizou-se mais a cultura e menos o turismo, não percebemos que é o turismo que faz a cultura, não vice-versa, é através do turismo que nós vamos demonstrar aos turistas os nossos hábitos e costumes, a história, a tradição que cada povo nesta nossa região tem. 

 

Moçambique tem diferentes hábitos, costumes culturais suficientes para cada região poder vender ou promover para o resto do mundo. Nunca podemos hipotecar esses valores que nós temos, por forma a usar estes valores para vendermos para os turistas, tenho sempre dito que o turismo é também um sector que exporta, a diferença é que no turismo o exportador não tira nada da terra, mas vem deixar as divisas, e isto de certa forma acaba valorizando a economia nacional.

 

O Banco de Moçambique se insurgiu contra a forma de estar de algumas instâncias turísticas por usar POS de alguns bancos estrangeiros, como está esse processo?

 

  Estamos a par da vontade do Banco de Moçambique, de tal forma que a Associação de Turismo e o Governo provincial de Inhambane, na pessoa do Governador Daniel Chapo, trabalha muito para convencer ao Banco de Moçambique a necessidade de abordar sobre esses assuntos, que esta era uma prática que vinha desde muito tempo em que os bancos nacionais levavam entre 15 a 20 dias a reflectir as transferências que eram feitas pelos turistas. E isso tornou mais fácil receber pagamentos no país, então penso que neste momento não há razões para um investidor turístico necessitar de uma conta bancária no estrangeiro ou uma POS ou website e número de telefone estrangeiro porque temos telefonia móvel no país.

Hoje, temos várias soluções de e-mail e há várias empresas que conseguem criar websites, coisas que não tínhamos, estamos a falar de uma Vodacom que entrou em Moçambique há 20 anos, Mcel que está há 22 anos a operar, esquecemos que há 25 anos não tínhamos comunicação, então estes operadores turísticos tinham de usar as opções que existiam na altura. Mas o que ficou é o comodismo, e se calhar apareceram aqueles oportunistas que se aproveitaram disso para também fazer dinheiro em Moçambique, mas também deixar dinheiro fora do País. Então, há um trabalho que o BM fez, e fez muito bem, que culminou com esta medida e com este conselho consultivo que houve na província de Inhambane, portanto recebemos o convite para participar e contribuímos, deixamos nossas opiniões, respondemos aos inquéritos, partilhamos o máximo possível com BM e nós pretendemos ver estas questões todas melhoradas e sanadas para o bem da nossa economia.

 

“É preciso dinheiro para fazer turismo”

O Governo tem investido muito na retórica do turismo doméstico, contudo nota-se que ainda há alguma dificuldade para os nacionais acederem aos pacotes turísticos, diga-se proibitivos, de algum modo. Como é que olha para esta questão?

 

–  A questão do turismo doméstico mexe com muita gente e mexe principalmente com políticas que o país está a tentar criar. Eu gosto de colocar o dedo na ferida, que é para as pessoas não comprarem ideia errada do turismo doméstico e não criarem falsas expectativas deste turismo doméstico. Em primeiro lugar, eu gosto sempre de assumir que Moçambique praticamente não faz turismo doméstico.

 

O único turismo doméstico que funciona no país é o turismo político, porque quando um dirigente sai de um local para o outro sai uma comitiva toda com este dirigente, então são esses que ocupam maior parte dos restaurantes, muitas vezes pagam e outras das vezes pedem um desconto abaixo do preço que é praticado. Então, o operador acaba não ganhando muito, mas por uma questão política acaba cedendo. Aliás, vimos a bem pouco tempo um documento que vazou nas redes sociais de uma instituição que pedia quartos para acomodar uma determinada instância turística na província de Gaza, isso para dizer que não é benéfico.

 

Não está a ser pessimista?

 

– Não. Para o turismo doméstico funcionar é necessário que haja muitas outras condições. Primeiro, a questão da acessibilidade, porque o turismo sem mobilidade não é turismo. Quando falo de acessibilidade é assim: eu estou em Vilankulo, quero ir ao lago Niassa. Só Vilankulo – Maputo e Maputo – Vilankulo o custo é astronómico. O bilhete Vilankulo-Maputo, Vilankulo – Maputo ida e volta está à volta dos 25 mil meticais e o bilhete Maputo – Niassa, Lichinga-Maputo está à volta de 45 mil meticais.

 

Estaríamos a falar de 70 mil meticais só para uma pessoa poder fazer Vilankulo –Maputo- Niassa, para ver o lago Niassa. Se quiser levar a família? Imagina que eu viva de salário mínimo ou de 10 ou 15 mil meticais, obviamente que não teria condições de fazer isso. Então, há que nos colocarmos o dedo na ferida para percebermos no fundo que é importante promovermos o turismo doméstico, mas é importante também fazermos crescer a economia e fazermos os moçambicanos entenderem que eles também podem ganhar dinheiro com o turismo, porque está a se criar uma falsa expectativa de que nós temos sol e praia, temos o direito de usar este sol e praia, não, quem detém o direito de usar é quem tem mais dinheiro e consegue visitar estas instâncias turísticas, visitar as ilhas, entre outros.

 

Este aspecto de mobilidade dificulta para que o turismo doméstico flua, neste momento a taxa de ocupação média no país anda entre 21 a 25 % e a taxa de ocupação média em Vilankulo, província de Inhambane, ronda entre 70 a 75%. Aqui os números chegam até 60 a 65%, isto para dizer que definitivamente a nossa província é uma capital turística e consegue atingir uma taxa aceitável, porque no turismo é importante estar acima dos 50% para conseguirmos pagar as despesas. Assim surge uma questão: Os preços, como é possível alguém que recebe um salário de 10 mil meticais conseguir dormir num hotel que está a cobrar seis a sete mil meticais? E depois há uma particularidade que é importante perceber, no turismo vende-se um conceito, não se vende só a qualidade.

 

E o que seria exactamente isso?

 

– É preciso entendermos essa diferença de conceito e qualidade. Aqui em Vilankulo tem operadores turísticos que cobram 20-30 mil meticais por noite, para dormir num quarto feito de capim, sem internet, sem rede de telefone, sem televisões e sem ar condicionado. Mas é um conceito natural, conceito ecológico, em que o americano e asiático que vive no ar condicionado diz assim: Eu preciso me desligar do mundo. Por outro lado, tens em outros pontos do país, um quarto por cinco mil, que tem televisão e ar condicionado. Então, vamos dizer que um está a cobrar mais e outros estão a cobrar menos. Não, é o conceito que cada um escolheu. Não se faz turismo sem dinheiro. Eu já fui muitas vezes a Dubai, e para mim Dubai é um dos ícones de como se pode fazer um mercado turístico, é um país que mostrou capacidade e anualmente criam mudanças.

 

Eu conheço o Dubai por causa de dois prédios, o primeiro hotel está em cima do mar Burj árabe e Burj Khalifa, que é o prédio mais alto do Mundo. Conheci o Dubai pelas redes sociais e pela internet por causa desses dois prédios. Fui a um jantar que tive de fazer a reserva com seis meses de antecedência porque estão sempre cheios. E eu digo, qual é o mal do Reginaldo ligar para um dos hotéis em Vilankulo durante sete meses e encontrar o hotel sempre cheio, é bom. Significa que este hotel está a ganhar dinheiro, está a contribuir mais para a economia e empregabilidade e melhoria das condições de vida da comunidade nesta região. Gostaria que os hotéis de Vilankulo tivessem seis meses a um ano cheios, em que as pessoas tivessem que marcar com dois anos de antecedência.

 

Tem havido, nalgumas vezes, queixas de racismo em Vilankulo, no que diz respeito ao tratamento entre os nacionais e brancos…

 

– Temos tido muitas queixas, porque as pessoas olham para o restaurante e pensam que estão a ser negadas a entrar porque o restaurante está vazio, mas isso faz parte do processo de construção, o turismo é uma coisa muito nova para nós.

 

Eu não penso no comércio, abrir uma loja para ser eu a fazer as compras, quando abro é para cativar o turista, não há nenhum operador turístico que olha cor, o operador olha dinheiro. Aquele que vem e paga aquilo que é o conceito criado por nós, estamos satisfeitos. É importante que nós comecemos a aprender como é que podemos fazer crescer a nossa capacidade de compra e aquisição.

 

“Não podemos olhar para a Sasol como a solução dos nossos problemas”

 

– Ficou aqui claro que o turismo exige algum, é possível ter um pacote especial para os nacionais?

 

Os hotéis têm dois preços: preço para nacionais e estrangeiro, e recentemente com a entrada dos novos projectos da Sasol criou-se preços corporate, que são preços para empresas que pretendem criar condições cómodas para os seus trabalhadores viverem.

 

Para dizer que nós não podemos vender o conceito de turismo doméstico sem que haja capacidade de mobilidade e de compra, porque em Vilankulo há acomodação de 500, 1500, 3000, 10,000, 100,000 e até 200,000 meticais por noite. Há quem gasta esse valor. São conceitos diferentes. Para dizer que vamos respeitar esses conceitos, vamos procurar operadores com preços que vão de acordo com os nossos bolsos, temos neste momento pessoas que estão a marcar almoços e jantares para os dias 02 e 04 de Janeiro porque sabem que aquela época todos os hotéis estão lotados e há carência de produtos, então os hotéis conseguem com a sua capacidade financeira até um certo número e depois daí são obrigados a limitar, isto para dizer que a planificação é muito importante.

 

Não vamos mentir a ideia de que fazemos muito turismo doméstico, não, nós não fazemos turismo doméstico o suficiente porque não temos capacidade de compra, no dia que tivermos capacidade de compra e aquisição aí sim havemos de ver o turismo doméstico. Penso que no mundo são um ou dois países em que o turismo doméstico flui: os EUA e o Brasil, porque o turismo é feito de forma muito comunitário. No Brasil, a pessoa não tem problema em sair da sua cidade para outra e ficar em casa de um amigo, eles têm esse calor. Nós ainda temos um pouco de receio porque queremos a nossa privacidade, apesar das pessoas terem optado em transformar suas casas e aceitarem que os turistas possam pernoitar nelas.

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