O carácter maquiavélico da Frelimo

OPINIÃO

Edmilson Mate

 

Numa altura em que o ambiente político no país anda de mal a pior, manchado de sangue de pessoas inocentes, que dia e noite não se cansam de protestar a dita vitória da Frelimo e que em alguns casos essas pessoas são mortas por não concordarem com o que os órgãos eleitorais dizem, pensar diferente ou ser da oposição é crime, porém quando são membros do partido no poder a festejarem não é nenhum problema, só é crime quando é um membro da oposição, crime este que leva até a disparos de gás lacrimogêneo, armas de fogo e morte, pois todo o processo eleitoral foi marcado por violência e ilícito eleitoral.

 

Partindo do pressuposto de que Moçambique é um país democrático, baseado num sistema político multipartidário desde 1993, é condenável a atitude que o partido no poder tem levado a cabo, assistimos há alguns dias um contingente da Polícia da República de Moçambique cercando a residência de Venâncio Mondlane, cabeça-de-lista da renamo, numa altura em que o jovem tem se mostrado firme na luta contra a verdade eleitoral.

 

A Frelimo precisa resgatar os valores de sua criação, que foram se perdendo ao longo do tempo. Vimos figuras de renome dentro do próprio partido que condenaram o modus-Operandi da Frelimo, isto mostra que não é somente o povo que reclama, são os próprios membros, que por sinal deram a sua juventude para libertar este país.

 

Podemos aqui recordar que, em palavras que não se concretizam muitas das vezes, o estadista moçambicano, no início do seu primeiro mandato em 2015, terá dito que as boas ideias não têm cor partidária, mas isto não passa de uma utopia.

 

No espaço político devem se discutir ideias que vão desenvolver este país, não se justifica o que está a acontecer neste país, um país independente desde 25 de junho de 1975, que ainda não consegue fazer a gestão de assuntos internos, para tudo é preciso que tenhamos uma mão externa a dar uma mexida, temos uma polícia que quando o assunto tem a ver com a oposição atira para matar, quando são sequestros são os últimos a aparecer, pra onde vamos? Qual é o futuro deste país? Será que pensar diferente é crime?

 

Se a Perdiz não tivesse iniciado com as marchas pacíficas juntamente com o povo, que por sinal está revoltado com o governo da Frelimo, ela não teria nenhum dos quatro municípios que tem agora, pois as instituições (CNE & STAE) que deviam garantir a transparência e justiça eleitoral se aliaram aos interesses de um partido, e é de se lamentar ver um país caminhar ao fundo do poço por conta de um certo grupinho que não mede esforços para satisfazer a sua ambição pelo poder.

 

Na repetição das eleições tivemos o mesmo cenário que o das primeiras eleições, enchimento de urnas, baleamentos, práticas de ladroagem, entre outros, acreditava-se que por se tratar de apenas de 4 municípios teríamos eleições menos sangrentas, mas a Frelimo, como sempre, tem mostrado o seu carácter maquiavélico.

 

Este é o país de todos e a democracia foi o instrumento escolhido para nos guiar, há que se pautar pela transparência e justiça, respeitando a nossa jovem democracia e ao povo moçambicano que perdeu o seu tempo se dirigindo às urnas para escolher um partido.

 

Urge a transição para uso de meios tecnológicos no processo eleitoral, ao exemplo do que acontece em outros países, para evitarmos episódios do género.

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