Marcela e Olívia criam Bravass com intuito de produzir roupas em Moçambique

CULTURA DESTAQUE

A Bravass, uma empresa de Indústria especializada em vestuário e acessórios femininos, é uma companhia guiada por mulheres, aliás, por duas irmãs que desde criança tiveram o sonho de produzir roupas para o país. Essa empresa nasce em Tete, fundada por Marcela Bravo e Olívia Bravo, duas consanguíneas, que se uniram por um sonho de produzir roupas em Moçambique, que se destacam pela qualidade dos tecidos, praticidade e elegância dos modelos a preços acessíveis.

A Bravass nasce da coragem de se atrever em ser e fazer diferente. Nasce inspirada nas mulheres moçambicanas, nos seus sonhos, na sua história e segue para todo o mundo.

De tecido em tecido, de linha a linha, a Bravass almeja fazer parte da vida das mulheres, e ajudá-las a contar as suas histórias com muito estilo, elegância, conforto, amor próprio e autoestima. Olívia Bravo, CEO da Bravass, contou ao Evidências que a empresa conta neste momento com 15 colaboradores directos e cinco consultores, mas com o ano quase no fim a expectativa é triplicar o número em finais do próximo ano. Segue-se a entrevista.

 Há quanto tempo é empreendedora e com quantos anos se iniciou?

Boa pergunta. Olhando para o conceito de empreendedorismo, posso dizer que empreendo desde os 11 anos de idade quando, mesmo meus país tendo condições, eu procurava vender torrado de amendoim ou trançar cabelo de meninas para ter meu próprio dinheiro. Eu sempre gostei de ter o meu próprio dinheiro e isso de certa forma moveu-me a fazer coisas que outras meninas da minha idade não faziam. De forma mais consciente e estratégica digo que comecei com um Salão de Cabeleireiro, em 2012, depois acoplei-o a boutique, revendendo roupas e acessórios para homens e mulheres. No início de 2021, eu e minha Irmã (Marcela Bravo), que já era minha sócia numa boutique, começamos a trabalhar na Bravass. Em mediados deste ano (2023) convidamos a Jacinta Saíca para associar-se a nós e, em Setembro, a marca foi lançada oficialmente ao mercado.

Que desafios enfrenta nesta área?

O primeiro desafio está ligado ao conceito da Bravass. Nós produzimos roupas prontas a vestir, com base em medidas padrão. Mas como as pessoas sabem que a fábrica está em Tete, por vezes querem que produzamos uma única peça só para uma pessoa (porque quer ser exclusiva), ou então quer que façamos ajustes. Mas todos sabemos que ninguém faz esse tipo de exigências quando vai à Zara, por exemplo. Mas com o tempo as pessoas vão acabar se acostumando e já estão até.

Que desafios enfrenta nesta área?

E depois tem a questão voltada aos recursos humanos, pois a indústria têxtil em Moçambique é quase que inexistente. Então enfrentamos desafios na contratação de bons profissionais além de ensiná-los a nossa cultura de trabalho, que é bastante arrojada e nos mais altos padrões de actuação. Pois só assim teremos a Bravass nos níveis que desenhamos.

Como olha para o mercado do vestuário feminino?

Este mercado está bem saturado de conteúdo importado da China e Brasil, com as peças cada vez mais caras, num país pobre e com pouco poder aquisitivo. É neste contexto que a Bravass vem trazer uma opção de vestuário de boa qualidade, moderno, local e com a questão de custo e benefício bem equilibrada. Desta forma conseguimos trazer um novo rumo para o mercado, facto que está, graças a Deus, sendo muito bem recebido pela comunidade feminina de todo o país.

Que avaliação faz do empreendedorismo em Moçambique?

Eu acho que há ainda um longo caminho neste sentido, pois as pessoas no lugar de empreenderem, criando coisas novas ou colocando um diferencial no que já existe, elas limitam-se a imitar. Por isso temos uma “porrada” de salões de cabeleireiros, Pubs etc, quase todos fazendo as mesmas coisas. Está na hora de nos atrevermos mais, de procurarmos as lacunas do mercado para preenchê-las. Está na hora de produzirmos mais e importarmos menos, pois só assim iremos contribuir para o desenvolvimento do nosso país.

Estamos em época festiva. Há maior procura dos seus serviços e porquê?

Sim, estamos a ter muita procura pelas nossas peças. As clientes compram, vestem com orgulho e enviam fotos para nós. Facto que nos deixa muito orgulhosos. Estamos também a produzir bastante para dar vazão a demanda.

Em que pontos do país e do mundo vestem a sua marca?

Por agora vendemos para todas as províncias do país. Mas tencionamos, num futuro breve começar a vender para os países vizinhos como Malawi, Zâmbia e Zimbabwe. Sendo as nossas roupas modernas, baseadas nas cores fortes e vibrantes que atraem bastante o mercado africano e não só, acredito que não será difícil desbravar estes mercados.

 Será que vale a pena empreender em Moçambique?

Claro. Claro que sim. Temos que empreender para criar mais empregos e fazer a diferença no seio de famílias moçambicanas, precisamos empreender para contribuir com o crescimento do PIB nacional, por meio dos impostos gerados e, consequentemente desenvolver continuamente a nossa pátria.

Importa referir que, A Bravass tem uma loja física na cidade de Tete, Av. Da Independência, em frente a Handling e o seu contacto é +258 85 876 8318. Seu Instagram e Facebook é o Bravassmz. Em breve a empresa terá a sua Webpage aberta ao público.

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