Mulheres optam pelo negócio para fintar o desemprego e sustentar suas famílias em Maputo

DESTAQUE SOCIEDADE

A luta por melhores condições de vida e esperança de um futuro melhor é faz parte do rol dos desafios dos moçambicanos. A título de exemplo, na cidade e província de mulheres não se vergaram perante as dificuldades, optando por abraçar o empreendedorismo para sustentar as suas famílias. Argentina Novela e Zélia António são duas jovens que decidiram empreender para contornar a falta de emprego em Moçambique.

Texto: Esneta Marrove

De acordo com a Organização dos Trabalhadores de Moçambique (OTM), em 2019, o índice do desemprego situou-se nos 24%, sendo que este fenômeno atinge principalmente a camada juvenil.

Albertina Novela, jovem de 24 anos de idade, faz parte do exército de desempregados que a cada ano tende a crescer no país devido à ausência de políticas de emprego. No entanto, a jovem que em tenra idade perdeu um dos membros inferiores em virtude de uma picada de cobra não abraçou o conformismo, ou seja, decidiu empreender para alimentar os seus dois filhos.

Em conversa com o Evidências, Novela, que saiu do distrito de Chókwè, província de Gaza, para a província de Maputo a procura de melhores condições de vida, contou que no início pensou em desistir devido a sua deficiência, mas tal não aconteceu e hoje se sente feliz pela decisão que tomou.

“No início parecia que as coisas não iam dar certo porque tinha que andar para vender bananas. Era muito difícil. Em algum momento pensei em desistir, porém, tive que continuar porque tenho dois filhos que dependem de mim para comer e estudar. Não tenho emprego, mas estou feliz com o meu negócio”, declarou a fonte.

Albertina Novela, que vive actualmente no distrito de Boane, tinha o sonho de ser professora. No entanto, viu-se obrigada a adiar o sonho por de ter ficado gravida quando tinha 15 anos de idade.

“A partir daquele momento a minha vida mudou. Tive que começar uma nova etapa. Procurei trabalho em Chókwè e não as portas não se abriram. Foi por isso que sai de Gaza para Maputo a procura de melhores condições. Em Moçambique não há emprego, sobretudo, para deficientes. Não me arrependo de ter abraçado o empreendedorismo”, disse Novela para depois referir que espera que os filhos realizem sonhos que outrora foram dela.

 “Através do negócio que faço ajudo meu marido nas despesas de casa”

Zélia Antônio é outra mulher que não se encurvou perante a falta de emprego em Moçambique. Para fintar o desemprego, tal como Albertina Novela, decidiu empreender para ajudar o marido nas despesas de casa.

Actualmente com 34 anos de idade, Zélia Antônio tinha o sonho de se formar em contabilidade, mas esta pretensão foi “sol de pouca dura” devido as dificuldades financeiras que surgiram ao longo da sua carreira estudantil.

Gorada a possiblidade de ser contabilista, Antônio abraçou o empreendedorismo, tendo numa primeira fase optado por vender refeições na baixa da Cidade de Maputo, mas devido as constantes perseguições do município abandou o negócio.

Engane-se que pensa que Zélia Antônio arregaçou as mangas devido as perseguições da edilidade da Cidade de Maputo, visto que decidiu vender magumba, sopa e amendoim torrado para ajudar o marido “biscateiro” nas despesas de casa.

Antônio interrompeu os estudos, contudo, não quer que o mesmo aconteça com os seus três filhos e, por isso, faça chuva, faça sol se faz a rua para fazer negócio.

Facebook Comments

Leave a Reply

Your email address will not be published. Required fields are marked *