Há cada vez mais mulheres engajadas na formação profissional em busca da liberdade financeira

OPINIÃO
  •  Nos últimos cinco anos, a IFPELAC formou mais de 23 mil mulheres

A luta pela liberdade financeira e empoderamento da mulher está cada vez mais visível no país, para além do empreendedorismo, há outras mulheres que optam pela formação profissional como o caminho mais fácil para alcançar esta independência. Nos últimos cinco anos, o Instituto de Formação Profissional e Estudos Laborais Alberto Cassimo (IFPELAC) formou mais de 23 mil mulheres em áreas como culinária, electricidade, mecânica, corte e costura. Segundo o director-geral do IFPELAC, mais da metade deste universo encontra-se no mercado de trabalho.

Esneta Marrove

Os dados do Instituto Nacional de Estatística apontam que metade da população moçambicana é composta por mulheres. Apesar de constituírem a maioria, as mulheres continuam a enfrentar barreiras para ter acesso ao mercado de trabalho.

Para eliminar as barreiras que impedem o ingresso da mulher no mercado de trabalho, o Governo e algumas organizações da sociedade civil apostam no empoderamento para que a mesma alcance a liberdade financeira.

O Instituto de Formação Profissional e Estudos Laborais Alberto Cassimo (IFPELAC) faz parte do rol das instituições que ministram cursos para as mulheres, tendo nos últimos cinco anos colocado cerca de 23 mil mulheres no mercado de trabalho.

No presente, as mulheres desafiam cursos que outrora eram apenas frequentados pelos homens. Alice Macamo, de 25 anos de idade, faz parte do universo das mulheres que fintaram a narrativa de que os cursos de Electricidade são apenas para o universo masculino.

Macamo decidiu ingressar no curso de eletricidade naquela instituição de ensino técnico profissional depois de ver gorada a possibilidade de admissão na Universidade Eduardo Mondlane, onde pretendia se formar em Engenharia Electrônica.

“Lembro-me que procurei várias escolas para fazer algo ligado ao meu sonho, das que tentei nunca deram certo, daí que uma amiga indicou-me o IFPELAC, e os cursos que eu queria eram mecânica ou mesmo electricidade. Não tinha vagas para mecânica, acabei optando pela electricidade e me apaixonei. Aprendi muito sobre este curso e estou hoje a trabalhar nele, é  o que me sustenta”.

Ao Evidências, Alice Macamo contou que nem tudo foi um mar de rosas, sendo que um dos primeiros desafios foi ter ingressado numa sala em que era a única mulher e foi discriminada.

“Um colega disse como é que uma mulher vai carregar poste e esticar fios, mulher não foi feita para fazer trabalho de homem. Isso me entristecia, praticamente eu era proibida de questionar algo aos meus colegas, algo difícil, mas hoje digo que foi preciso porque só assim consegui aprender e me sair como uma das melhores da turma”, lembra com um sorriso no rosto.

São histórias como as de Alice que motivaram o IFPELAC a apostar na formação de curta duração, incentivando a abraçarem cursos que normalmente são frequentados por homens.

De acordo com o director-geral do Instituto de Formação Profissional e Estudos Laborais Alberto Cassimo, Leo Jamal, nos últimos cinco anos a intuição por si dirigida formou mais de 23 mil mulheres.

“Houve uma tendência muito positiva, temos uma meta de formar 75 mil jovens, e até Setembro de 2023 formamos mais de 50 mil, no qual 23 mil são mulheres, o que representa uma média de 41 % e isto para nós é gratificante e está dentro daquilo que é tendência de formação”, disse Leo Jamal, para posteriormente acrescentar que quase todas as raparigas formadas encontram-se no mercado de trabalho.

Jamal refere que este resultado é fruto de um trabalho de sensibilização e mobilização de parceiros, de modo a abrir espaço para que as raparigas tenham acesso aos centros de formação, uma acção que está a trazer resultados positivos. “Há cada vez mais raparigas a entrarem nos nossos centros de formação profissional e a se interessarem nos nossos cursos que são muito orientados para o sector produtivo e a nossa perspectiva é que isso continue e continuemos sendo uma referência para as raparigas, e esperamos atingir uma média 40% de raparigas no próximo quinquénio”.

Dentre vários cursos que a IFPELAC ministra, os que mais são procurados pela classe feminina são os de culinária, secretariado, administração, Electricidade, soldadura, serralharia.

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