Ossufo Momade segue estratégia da liderança da Frelimo

EDITORIAL

À semelhança da Frelimo, que está protelar decisões relevantes para controlar as eleições internas e redimensionar à medida da ala no poder, os espaços de debate, a liderança da Renamo, que se supõe que tenha apoio da Frelimo na sua empreitada, está empurrar o partido para um calendário eleitoral apertado com vista a evitar o Congresso. É o efeito do apego ao poder, que está degradar a democracia dos principais partidos políticos, que deveriam ser exemplo da democracia.

É que, a marcação da reunião do Conselho Nacional da Renamo para a primeira semana de Abril próximo faz parte da estratégia da liderança actual da perdiz para esvaziar qualquer possibilidade de marcação do Congresso daquele partido em tempo útil de poder eleger um novo candidato para as eleições de 09 de Outubro, tal como tem sido ansiado por parte dos membros do partido e simpatizantes. Basicamente, a estratégia está orientada no sentido de se chegar ao Conselho Nacional e evocar-se falta de tempo para eleições internas e, assim, impor-se a Ossufo Momade como candidato presidencial. Uma fuga de Ossufo Momade como aquela que fomos habituados pela Frelimo nos últimos anos, onde tudo que ameaça a manutenção do líder é colocado fora de agenda.

O Conselho Nacional da Renamo é composto por 100 membros, mas pode ser alargado a outros quadros que poderão ter direito à palavra, mas sem direito a voto, segundo os estatutos da perdiz.

Este órgão vai se apresentar a proposta de continuidade de Ossufo Momade por imperativo do tempo, mas esta estratégia só deverá passar se for homologada por consenso, tal como detalhamos na pagina três (03), o que se mostra completamente difícil, tendo em conta o ambiente de descontentamento e desconfiança em relação à liderança actual.

Sem consenso, a proposta de continuidade de Momade, que tem sido uma aposta apoiada por corredores da Frelimo, será submetida à votação. É aqui onde pode ser reduzida em cinzas a empreitada da ala Ossufo Momade, visto que em caso de um grupo de membros, por mais que esteja em minoria, não concorde com as propostas que serão apresentadas por aquele órgão terá que haver uma votação.

Mas qual é a semelhança com a Frelimo? Pela primeira vez na história, a Frelimo não está a eleger os seus pré-candidatos a candidato do partido para as eleições gerais de 2024 em tempo oportuno, o que faz parte da estratégia da ala no poder com vista a ter maior controlo do processo de sucessão.

Com o calendário apertado, há receios de que o partido venha indicar um número muito limitado dos candidatos e fechar a indicação de mais nomes pelo Comité Central com justificação de falta de tempo. E de facto não há tempo, porque depois do partido indicar os pré-candidatos à sucessão de Filipe Nyusi, o que deverá ser em Fevereiro próximo, tem até Março para eleger, o que significa que devem ter capacidade de fazer campanha e mobilizar o voto nas províncias em menos de um mês. Tanto na Renamo assim como na Frelimo, a ideia é mesmo jogar com o tempo e depois usar a falta do mesmo para justificar medidas que indiciam ditadura nestes partidos “democráticos” e candidatos à liderança democrática.

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