Com Sucessão acima da mesa, Órgão máximo da Frelimo não reúne há três semanas

DESTAQUE POLÍTICA
  • Comissão Política foge do debate da sucessão
  • Filipe Nyusi ainda não acertou candidato para seu conforto
  • Para ganhar tempo, Frelimo ensaia adiamento do Comité Central
  • Magune contraria Roque Silva e já não confirma candidato em Março

Está a ser dramática a sucessão na Frelimo. Depois de esfriadas todas as pretensões de um terceiro mandato, Filipe Nyusi enfrenta, neste momento, um desafio de encontrar um candidato leal a si que lhe possa garantir tranquilidade após deixar a Ponta Vermelha. Sucede, porém, que dos nomes que pontificam como possíveis sucessores, incluindo membros do actual governo, não transmitem a devida confiança de conforto, o que faz a direcção do partido adiar o tão aguardado debate sobre a sucessão na Frelimo, chegando a ponto de a Comissão Política, que regularmente reúne às quartas-feiras, adiar as sessões por três semanas seguidas, numa altura que se esperava que a shortlist dos três ou quatro nomes tivesse sido publicada na última semana de Janeiro.

Evidências

Há falta de confiança entre os camaradas. Filipe Nyusi, em fim de mandato, com vários dossiers mal parados na justiça, procura estabelecer alianças para que o próximo candidato da Frelimo, que pode posteriormente se tornar Presidente da República, seja alguém da sua estreita confiança.

Até há cerca de duas semanas, quando se acreditava que a Comissão Política iria se reunir para indicar os três ou cinco nomes dos pré-candidatos a candidato da Frelimo, Filipe Nyusi ainda estava a busca de alguém que lhe garantisse conforto após deixar a Ponta Vermelha.

A verdade é que, apesar de ser actual dono e senhor dos destinos da Frelimo, quase todos os presidenciáveis, incluindo membros do actual governo, não querem ir às eleições inteiramente associados ao seu nome e a sua governação. Para além do medo, há falta de consenso em relação aos prováveis pré-candidatos que vão seguir por via da Comissão Política. Nyusi quer evitar o que aconteceu em 2014, quando alguns nomes foram adicionados no Comité Central, mas enfrenta a ameaça real de alguns nomes que forem preteridos nesta fase avançarem sozinhas no Comité Central.

Esta situação está a afectar severamente os processos internos na Frelimo e até o calendário previamente estabelecido, que indicava que o candidato presidencial podia ser indicado até Março próximo.

Um dos primeiros sacrificados deste jogo de cintura que visa ganhar mais tempo e atrasar tanto quanto for possível a decisão é a Comissão Política da Frelimo, que não reúne há mais de três semanas. Se esta quarta-feira não haver Comissão Política, que regularmente reúne às quartas, será a quarta semana consecutiva sem sessão.

A falta de reuniões da Comissão Política acontece numa altura em que se esperava que até a última semana de Janeiro aquele órgão máximo da Frelimo pudesse indicar a lista curta de pré-candidatos.

Há cerca de uma semana e meia, a porta-voz do partido, Ludmila Magune foi despachada para dar uma entrevista à Rádio Moçambique, na qual contrariou as palavras de Roque Silva, que havia garantido que o candidato da Frelimo seria divulgado em Março.

Magune disse em entrevista à Rádio Moçambique que não é verdade que o candidato da Frelimo será indicado em Março e vincou de pés juntos que não foi isso que Roque Silva, seu chefe, disse em Dezembro.

“Há muita ansiedade em relação a este nome e já propalava-se que o camarada secretário-geral já havia dito que até Março o candidato seria conhecido, estas palavras não foram ditas pelo camarada secretário-geral. Em nenhum momento ele disse que o candidato seria conhecido em Março, o que ele disse é que há procedimentos internos para garantir que o candidato seja conhecido”, tentou dar o dito por não dito Ludmila Magune, sem, no entanto, convencer.

Com estas palavras, a porta-voz da Frelimo abriu uma incógnita sobre a data em que será conhecido. A única certeza que existe é de que até Maio, data limite para submissão de candidaturas, a Frelimo terá o seu nome.

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