Terrorismo e raptos… um fracasso até ao último minuto?

EDITORIAL

Muitos males afectaram o Executivo actual a ponto de comprometer o sucesso deste na governação. Nos destaques, entre aqueles que têm custos mensuráveis na economia, constam os raptos e o terrorismo. Em 2023, calculava-se em 2,2 mil milhões de meticais os custos dos raptos, enquanto que o terrorismo foi responsável pela suspensão de um investimento de mais de 20 mil milhões de dólares, pela TotalEnergies, que se esperava que seria a boia da salvação para o Executivo de Nyusi.

 

Apesar destes números gigantes e suficientes para atenuar a crise em parte precipitada pelas Dívidas Ocultas, estes não superam as vidas humanas que tombaram vítimas de raptos, enquanto outras vítimas fogem do país. No terrorismo, o quadro é mais amargo, estima-se que foram reportadas 2073 fatalidades contra civis.

 

O terrorismo, um fenómeno antes vivenciado, surge no consulado de Nyusi, enquanto que os raptos mostram nesse consulado a sua musculatura, provando ser uma indústria criminosa consolidada e com uma aparente cumplicidade política e contando nas suas fileiras com supostos operativos dos serviços nacional de investigação.

 

Sucede que enquanto a azáfama política volta suas atenções ao debate da sucessão, num ano que marca o fim do consulado, quando se esperava que neste momento do balanço configura-se como vitória contra raptos e terrorismo, a considerar os investimentos feitos e o facto destes temas terem dominado o discurso político. Contra todas as expectativas, os dois fenómenos recrudescem a cada dia e ganham novos contornos, denunciando o que pode ser um fracasso até ao último minuto.

 

É este quadro que levou os que gostam de apofenias a conjeturar teses de que Nyusi poderia recorrer ao conflito causado pela insurgência para perpetuar a liderança e concretizar o seu apego pelo poder. Parecem-nos apenas conspirações. Uns a defenderem sua continuidade para resolver os mesmos fenómenos. São mais doentes que os primeiros.

 

O facto é que neste domingo (11), Dharmendra, empresário e proprietário de um bottle store situado na zona militar, foi raptado. Este é o quarto rapto em menos de dois meses. Dois consumaram-se e outros dois os criminosos não lograram sucesso.

 

No terrorismo, os terroristas estão a exibirem a sua musculatura depois de muita narrativa do sucesso, o que nos leva a um cenário cada vez mais incerto. O que pode ser tido como seguro é o investimento da TotalEnergies em Palma, onde está concentrada a força ruandesa. Mas para o resto dos distritos, onde no lugar dos investimentos estão as comunidades que precisam de um ambiente de segurança, os focos ataques mostram este grupo de sanguinário a ocupar posições das FADM. Na última sexta-feira (09), relatos não confirmados revelam que 25 militares tombaram numa emboscada dos insurgentes. Foi confirmado o ataque e não o número de baixas.

 

Diante disto, está a ficar cristalino que o Executivo está em risco de terminar o mandato sem resolver esses dois fenómenos, o que seria, consequentemente, uma saída sem glória e muito menos um legado memorável.

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