Galiza Matos Júnior acusado de “apadrinhar” usurpação de terras em Vilankulo

DESTAQUE POLÍTICA
  • Administrador mete-se no milionário negócio de madeira

O administrador do distrito de Vilankulo, província de Inhambane, Galiza Júnior, está novamente no epicentro de uma polémica. Desta vez, é indiciado de apadrinhar a empresa Moz Bran na usurpação de terras de uma concessão florestal pertencente a um empresário sediado em Mapinhane. Contactado pelo Evidências para emitir a sua versão dos factos, Edmundo Galiza Matos Júnior preferiu insultar a classe jornalística, referindo que os jornalistas têm a missão de assassinar o carácter das pessoas e que os mesmos fazem jornalismo por encomendas.

Jossias Sixpence

Há mais de 15 anos que Venâncio Vilankulo, operador florestal, tem licença para explorar recursos faunísticos em Mapinhane, distrito de Vilankulo, província de Inhambane. Sucede, porém, que ficou doente durante um longo período e por isso não se fazia ao espaço de 10 mil hectares.

Depois que se viu  livre da doença que o apoquentava, Vilankulo visitou o espaço no qual tem licença para explorar recursos, mas chegado ao local deparou-se com uma vedação que o impedia de fazer o trabalho, apesar de ter sido licenciado pelo Ministério da Terra e Ambiente, através da Direcção Nacional de Florestas.

Incrédulo com aquela situação, Venâncio Vilankulo procurou explicações junto das autoridades e ficou a saber que uma parte da sua parcela foi concedida pelo Governo local, liderado por Galiza Matos Júnior, à Moz Ban, empresa que se dedica à criação do gado.

“Isso é estranho porque a mesma pessoa que fez o esboço para mim é a mesma pessoa que fez para o investidor. Fui três vezes ao gabinete de administrador de Vilankulo, mas despachou-me, e a mesma área que eu ia reclamar na administração foi atribuída a um investidor sem o meu consentimento, e eu quero que a justiça seja feita”, protesta Venâncio, suspeitando que o administrador esteja a favorecer a empresa prevaricadora.

A Moz Ban tem a criação do gado como principal actividade, mas, estranhamente, explora madeira com o objectivo de exportar para a África do Sul no espaço onde Venâncio Vilankulo tem licença para exercer a actividade. Aliás, através do recibo n°16/2023 no valor de 127.500, emitido pelo serviço provincial do ambiente, a fonte mostra que tem luz verde para explorar recursos florestais na mesma área concedida a Moz Ban.

“Nos termos do regulamento das leis de florestas e fauna bravia, aprovado pelo decreto n°12/2022, de 6 de Junho, é autorizado o senhor Venâncio Vilankulo a explorar numa área de 10.000ha localizada na localidade de Mapinhane, distrito de Vilankulo, província de Inhambane, tendo pago 127.500mt pelo recibo n° 116/2023, de 22 de Junho de 2023”, lê-se na licença n° IMB/INH-14-LS-A/2023 que o Evidências teve acesso.

Galiza ataca jornalistas e diz fazerem trabalho por encomendas só para assassinar carácter

O Evidências contactou o actual administrador do distrito de Vilankulo para ouvir a sua versão sobre as acusações que pesam sobre si, porém Edmundo Galiza Matos Júnior preferiu disparar contra a classe jornalística em Moçambique, uma vez que referiu que os jornalistas têm a missão de assassinar o caráter das pessoas e que o mesmo fazem jornalismo por encomendas.

“Eu sinto muito por esse tipo de jornalismo actual, que é feito por encomendas, visando assassinar o carácter das pessoas, essa é a coisa mais feia, mais baixa… não se tem consideração que este cidadão tem família, tem filhos. Eu quero que mandes um recado para essa pessoa que está a fazer essas encomendas que ele é um sociopata, diga isso a ele, que é um sociopata e que aquela intenção que ele tem, que já vem há três anos, nunca vai conseguir”, atacou Galiza Matos Júnior.

Esta não é primeira vez que o administrador de Vilankulo ataca jornalistas. Em 2022, na sequência da denúncia da burla de 200 mil meticais que seriam destinados para a reabilitação de uma moradia que serviria como sede do Serviço Nacional de Investigação Criminal, proferiu ameaças e injúrias contra jornalistas.

Quem também foi ameaçado por Edmundo Galiza Matos Júnior foi o empresário que viu a Moz Ban usurpar o seu espaço, sendo que promete levar o mesmo à justiça para repor a verdade.

“Quando falou com o camarada membro da comissão política, Damião José, quando falou com outras pessoas… meu irmão, nunca na vida comunico, nem conheço esses indivíduos, não preciso de fazer isso, mas como decidiste ir por esse lado da maldade, de falar mal de mim, eu vou pelo lado da justiça”, ameaça Galiza.

Facebook Comments