Venâncio Mondlane sofre um rombo financeiro de mais de 118 mil meticais e perde outras regalias

DESTAQUE POLÍTICA
  • Desafiar o “chefe” começa a pesar no bolso de Venâncio Mondlane
  • Após exoneração como assessor de OM e relator da bancada, VM7 sofreu um rombo financeiro
  • Para além de dinheiro, perdeu outras regalias, como combustível, e foi parar na última fila
  • Sem mais nada a perder, VM7 estica a corda e encurrala Ossufo, mas arrisca-se a ser expulso

O principal fenómeno da política doméstica nas últimas eleições autárquicas, Venâncio Mondlane, autoproclamado VM7, não está a conhecer momentos de tranquilidade nos últimos dias, desde que anunciou a sua intenção de se candidatar para a presidência do partido, o que levou a uma acção de retaliação por parte do actual presidente da Renamo, Ossufo Momade, o que já começa a ter uma implicação nas finanças e prestígio político de Venâncio Mondlane. Informações colhidas pelo Evidências dão conta que para além de estar reduzido a um simples deputado da última fila, Venâncio Mondlane perdeu cerca de 118 mil meticais por ter sido exonerado dos cargos de relator da bancada e assessor particular, para além de outras regalias.

Não fosse a sua convicção e o já conhecido argumento de que não está na política para se servir, mas sim ao povo, seria legítimo dizer que Venâncio Mondlane vive os seus piores dias em termos financeiros, depois de ver subsídios de mais de 100 mil meticais que recebia mensalmente retirados do seu bolso.

Evidências apurou que pelo cargo de assessor político de Ossufo Momade, Venâncio Mondlane recebia cerca de 75 mil meticais, enquanto na qualidade de relator da bancada embolsava cerca de 43 mil meticais, totalizando pouco mais de 118 mil meticais por mês só com esses dois subsídios.

Para além do dinheiro que deixa chegar à sua conta, VM7 deixa de ter também outras regalias, como combustível, que tinha direito como quadro próximo a Ossufo Momade, para além de outros benefícios inerentes à função de relator da bancada parlamentar e assessor do presidente da Renamo.

Ambos os cargos foram-lhe retirados num claro acto de vingança, dias depois de ter declarado a sua intenção de se candidatar à presidência da Renamo, desafiando, desse modo, nada mais, nada menos que Ossufo Momade, actual dono da caneta na perdiz, ainda que fora de mandato.

Pese embora sempre se declarou como quem não está na política para obter benesses exclusivamente para si, Venâncio Mondlane desabafou sobre a sua nova condição na Renamo num artigo publicado na sua página do facebook, intitulado “Último da Fila”, numa referência ao lugar que agora ocupa na casa do povo.

Na verdade, saiu da primeira fila, dedicada a deputados com cargos de chefia, para a última fila, onde as luzes da ribalta chegam a conta-gotas, como ele próprio testemunhou.

“Fui arrastado, como um fardo, para a última fila. Para o lugar de invisibilidade. Na última fila, não há luzes, não há ribalta, não há honrarias e vaidade de ser um entre os primeiros. Na última fila já não vemos as enormes cortinas subirem e descerem para o espectáculo começar e encerrar. Na última fila somos invisíveis. Passamos de actores para espectadores. Na última fila somos objectos e não sujeitos. Na última fila se rasgou o manto das certezas e fomos cobertos pelo fino linho da humildade”, descreve.

No artigo confirma o rombo financeiro às suas contas e a retirada dos subsídios que tinha na qualidade de relator, mas também como assessor do “chefe”.

“Na última fila, baixou o salário. Na última fila, regalias e subsídios foram retirados”, reconhece, para depois rematar que “Na última fila, aquela que era a “Voz dos que não tem Voz” também ficou sem voz. Na última fila, ninguém vê as minhas costas, mas vejo as costas de muitos. Na última fila vejo, como um helicóptero, todo auditório… Na última fila não há prosperidade material, financeira, brilho, mas na última fila ainda há honra, há convicções e ainda é possível ser escravo da consciência e não dos homens e das conveniências…”, desabafou.

Sem nada a perder, Mondlane encurrala Ossufo Momade por via do tribunal

Venâncio Mondlane atiçou, na última semana, a rivalidade com Ossufo Mondlane. Através de um expediente que submeteu no Tribunal Judicial da Cidade Maputo, Mondlane pretende que o líder do partido seja notificado para marcar a data do Congresso e, por outro lado, quer ver anuladas todas decisões tomadas por Ossufo Momade depois do 17 de Janeiro, por sinal data que terminou em termos cronológicos o mandato do sucessor de Afonso Dhlakama.

Fontes internas na Renamo indicam que acção de Venâncio Mondlane, embora criticada por muitos que acham como sendo um atrevimento demais, tem pernas para andar, até porque o próprio partido já recorreu à justiça e força do Estado nalgum momento para forçar Sandura Ambrósio e companhia em 2019 para se conformarem com a lei.

Na primeira providência cautelar, Venâncio Mondlane almeja que o líder do maior partido da oposição em Moçambique seja notificado para marcar as datas do congresso, uma vez que já está fora do mandato.

“Submeti ao Tribunal Judicial da Cidade de Maputo duas providências cautelares. A primeira tem duas vertentes. Os estatutos do partido estão extremamente claros e evidentes. A competência da marcação do congresso é do presidente da Renamo, uma vez que a data do congresso não foi marcada significa que não havendo razões que foram dadas a conhecer aos membros, aos quadros estamos perante uma situação de uma grave irregularidade estatutária , logo, não conhecendo os fundamentos da não marcação do congresso submetemos uma providência para os órgãos da justiça notifiquem o presidente da Renamo para cumprir os estatutos dos partidos na íntegra, isto é, a ser obrigado a marcar a data do congresso, sobretudo porque neste momento não são conhecidas as razões objectivas para o não cumprimento de uma norma estatutária imperativa e não negociável”, referiu, para depois denunciar a conduta anti-democrática de Momade contra os potenciais candidatos à liderança do partido.

“Neste momento, fomos vedados de fazer trabalho político nas delegações políticas do partido e outros tipos de impedimento na actividade política que é algo anti-democrático, anti-constitucional, o que significa que estamos a instar os órgãos da justiça para uma vez mais notificar o presidente do partido para se abster dos actos anti-democráticos ilegais e anti-constitucionais de impedir a liberdade política de qualquer membro do partido”, denunciou.

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