Como os problemas dos partidos políticos afectam a nossa vida?

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Toda a esfera da vida dos moçambicanos é tradicionalmente dominada pelos fenómenos políticos que são consequência do que o país produz em excesso: os políticos. Generais, actores do sector privado, membros da sociedade civil, quando suas acções se tornam notórias, gravitam em círculos políticos e na perspectiva de venderem sua aceitação pública se acasalam com partidos políticos. E assim segue órbita, com todos esperando um dia chegar lá. Qualquer área fora da órbita política é terceirizada, primeiro por falta de referências (afinal já se retirou o mérito da suficiência em ser bom profissional) e depois dentro do plano político, que reconhece somente os que estão no círculo político.

É daí que não se conhece, no contexto moçambicano, qualquer carreira de maior satisfação fora do âmbito político, na educação, na saúde, academia… estão todas as áreas marginalizadas pelo poder político que atende exclusivamente às buscas políticas, sejam elas individuais ou do partido. Todo o resto é efeito dessa configuração política. Até um profissional de um poder independente, como a justiça, é dependente de um padrinho político para a sua ascensão na carreira.

Como somos dependentes desses políticos! Até na academia ou numa empresa pública, o cargo máximo é ocupado por um indivíduo tecnicamente suspeito, importando apenas que seja inteiramente confiado por um político, como se o mais importante fosse o controlo político da instituição e não a eficiência administrativa. Os resultados desses modelos de nomeação são de todos conhecidos. O sector privado não é excepção, ele está em contínuo braço de força com o poder político, para se saber quem controla quem: o que financia todo um projecto político ou o que vende os seus assentos ou cargos públicos.

Assumindo esse retrato do país surge uma dúvida básica: como num contexto político onde este ocupa posição cimeira, os principais partidos com assento parlamentar são dirigidos por personalidades com capital político limitado, e até que ponto, depois de provado que isso penalizou os moçambicanos, penaliza os próprios partidos? As provas de que a má escolha dentro do partido mexe com a vida dos moçambicanos podem ser vistas na qualidade de governação. Para melhor ilustrar esse quadro, basta pensar nos candidatos que tínhamos há quase cinco anos e nos perguntar, afinal, qual é outra opção que os moçambicanos tinham para além de Nyusi. Ossufo Momade? A resposta mostra claramente que os partidos políticos colocam os moçambicanos a escolher o menos pior entre os piores. E com a indicação tardia dos candidatos a Presidente do Partido os próprios partidos, reduzem a participação dos seus membros nos escrutínios dos melhores e de novo existe aqui o risco de não ser encontrado o melhor, e por tabela, os moçambicanos voltarem a ter um Presidente que irá aprender já na presidência como governar, como falar em público…

Se já assumimos que a nossa vida depende inteiramente dos eventos políticos, então é responsabilidade de todos que a liderança desses partidos seja dentro da Frelimo, seja na oposição, tenha a devida qualidade. Porque os erros desses partidos nos seus escrutínios internos afetam a qualidade de vida dos moçambicanos, Nyusi éum exemplo disso, Oussufo Momade idem. E de Lutero Simango já nem se fala, sua irrelevância política o coloca na neutralidade. O mesmo seria de Ossufo Momade, mas graças a resistência interna percebe-se que a Renamo não se reduziu a pequenez de Ossufo Momade. Daí as similaridades de em um ano eleitoral não sabermos quem, afinal, será o candidato a Presidente da República, pelo contrário, todos ainda estão a gerir a problemática de saber quem merece sair das longas fileiras e passar para adiante.

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