- Sempre no topo dos piores
No Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) tornado público, recentemente, pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), Moçambique subiu quatro lugares, passando da posição 185 para a 183. No entanto, apesar da aparente subida, o país presidido por Filipe Nyusi é actualmente o 11º pior país para se viver no mundo. No que ao Índice de Desigualdade de Género diz respeito, Moçambique ocupa a 118ª posição num conjunto de 166 países.
Duarte Sitoe
Nos últimos dois anos, o Índice de Desenvolvimento Humano global, uma medida sumária para avaliar o desempenho médio do país em três dimensões básicas do desenvolvimento humano: uma vida longa e saudável; acesso ao conhecimento; e um nível de vida digno, sofreu um declínio sem precedentes. Contudo, a estimativa média do Índice de Desenvolvimento Humano global para 2023 atingiu um nível recorde.
Entretanto, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) aponta que, apesar da melhoria do IDH, o mundo tem estado a assistir a uma crescente polarização, populismo, nativismo, exclusão e conflito.
“A polarização desempenha um papel fundamental na forma como as pessoas e os países se relacionam. Enquanto grande parte do discurso público sobre polarização se concentra no papel que um líder individual pode desempenhar na incitação a divisões na sociedade, o Relatório de Desenvolvimento Humano deste ano examina por que as sociedades são vulneráveis à polarização. Descobrimos que a desigualdade, a desconfiança nas instituições e as lacunas de Agência – da capacidade das pessoas agir e determinar o seu próprio futuro – contribuem para criar condições para a polarização, o que impede a colaboração e cooperação efetiva entre pessoas, comunidades e países”, refere o PNUD.
O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento aponta que Moçambique continua a apresentar um baixo índice de desenvolvimento humano, uma vez que actualmente soma um valor de 0, 461, ou seja, o país presidido por Filipe Nyusi é actual o 11º pior país no mundo para se viver.
Para subir cinco lugares no IDH Moçambique, que no presente tem o Produto Interno Bruto per capita de 1.219 dólares, fez a sua parte, mas também beneficiou-se dos maus desempenhos dos outros países, nomeadamente, da Serra Leoa, Iémen e Burquina Faso.
Para além de revelar que o valor do Índice de Desenvolvimento entre 1990 e 2023 passou de 0,239 para 0461, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento revela que a esperança de vida no país passou de 44,4 para 59,2 anos, enquanto os anos de escolaridade passaram de 0,1 para 07 anos.
Não obstante, apesar da subida de cinco lugares, sem revelar detalhes, o PNUD refere que o Índice de Desenvolvimento Humano de Moçambique caiu nos últimos 10 anos, tendo registado uma desaceleração de 1,04%.
Em contrapartida, no que ao Índice de Desigualdade de Gênero diz respeito, Moçambique ocupa a 118ª posição num conjunto de 166 países.
Olhando para o índice de Desenvolvimento Humano Global, O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento conclui que “os países ricos registram níveis recorde de desenvolvimento humano, enquanto metade dos países mais pobres do mundo retrocedeu, permanecendo abaixo do nível de progresso anterior à crise da Covid-19”.
De acordo com aquela agencia das Nações Unidas, embora nove em cada 10 pessoas em todo o mundo apoiem a democracia, mais da metade dos entrevistados expressaram apoio a líderes que poderiam prejudicar a ordem democrática, visto que “governos populistas têm taxas de crescimento do Produto Interno Bruto, PIB, mais baixas”.
Refira-se que Cabo Verde é o país africano de língua portuguesa melhor colocado, 131, no grupo dos países com desenvolvimento médio, no qual encontram-se também São Tomé e Príncipe, em 141, Angola, 150, sendo que a Suíça, Noruega e Islândia ocupam o pódio, enquanto a Somália ocupa a última posição.