- É uma das mais activas OCS mas queixa-se de marginalização
A província de Cabo Delgado vive a pior crise humanitária na sequência da eclosão do terrorismo. Para assistir às populações que perderam tudo devido a brutalidade dos insurgentes, Organizações Não Governamentais nacionais e internacionais encontram-se nas zonas afectadas assim como nos centros de acomodação para os deslocados. No entanto, segundo denunciou a Kuendeleya, há filhos e enteados quando se trata de selectivos processos para o financiamento das ONGs nacionais e internacionais que trabalham na província de Cabo Delgado. Aquela organização sem fins lucrativos sediada na província que desde Outubro de 2017 debate-se com a insurgência armada mostrou-se preocupada com a frequente tendência de exclusão quando se trata de financiamento de organizações locais que operam naquele ponto do país.
Duarte Sitoe
A eclosão do terrorismo na província de Cabo Delgado provocou uma onda de deslocados que, em 2022, chegou a roçar a marca de um milhão. Com a chegada das tropas amigas, Moçambique conseguir transformar alguns distritos que estavam nas mãos dos grupos armados em zonas libertadas.
Para minimizar o sofrimento das populações afectadas pelo terrorismo várias Organizações Não Governamentais, entre nacionais e estrangeiras, viraram a mira para a província de Cabo Delgado, sendo que o grosso depende de financiamento para desenvolver as suas actividades.
A Kuendeleya faz parte das organizações que prestam assistência às vítimas do terrorismo na província de Cabo Delgado. No entanto, denuncia que tem sido excluída nos processos selectivos para o financiamento.
“É fundamental destacar a distinção clara entre organizações locais de Cabo Delgado e organizações nacionais que operam a nível nacional, muitas vezes centralizadas em Maputo. Muitos financiamentos destinados à província de Cabo Delgado são distribuídos através de processos decisórios que excluem drasticamente as organizações locais que possuem um conhecimento aprofundado e uma presença substancial na região”, sublinhou.
Para esta organização, esta exclusão não apenas a prejudicar o desenvolvimento local e a eficácia das intervenções humanitárias, mas também mina os esforços de construção de capacidades e sustentabilidade das comunidades locais.
“A falta de transparência nos processos selectivos para financiamento de ONGs agravou ainda mais essa situação, minando a confiança e a cooperação entre as partes interessadas locais e os doadores. Instamos as autoridades competentes e as agências doadoras a reverem seus critérios de selecção e distribuição de financiamentos, garantindo a participação equitativa e transparente das organizações locais de Cabo Delgado. O conhecimento local e o compromisso dessas organizações são fundamentais para abordar eficazmente as necessidades e desafios complexos que enfrentamos na região”, destaca.
A terminar, aquela organização destaca que está comprometida em trabalhar em parceria com todas as partes interessadas para garantir que os recursos financeiros sejam alocados de forma justa e eficaz, visando a melhoria das condições de vida e a promoção do desenvolvimento sustentável em Cabo Delgado.
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