A riqueza e ostentação são intrínsecas ao africano

OPINIÃO

Felisberto S. Botão

Know Thyself. Vamos começar por aqui. O autoconhecimento, o conhecimento da sua verdade histórica e da sua gente, a nível global, irá libertá-lo.

Esta máxima, “Know Thyself-Conhece-te a ti mesmo“, foi inscrita no antigo Templo de Apolo, no recinto grego de Delfos. Sócrates baseou seus ensinamentos filosóficos na premissa: “Conhecer a si mesmo é o começo da sabedoria”. Uma afirmação simples, mas profunda. Mas Sócrates não estava sozinho na sua crença na atenção plena, pois a inscrição provavelmente teve origem em um provérbio popular. Era uma frase comum na época, e era utilizada por Sócrates como lema para a sua vida e sua filosofia “Conhece-te a ti mesmo e conhecerá o universo e os deuses”. Ele foi condenado à morte em 399 a.C., por razões óbvias.

Com esta introdução quero lembrar e assegurar para que você não estranhe este sentimento e comportamento de ostentação que se manifesta em si, e nem do seu semelhante. A riqueza e a ostentação são intrínsecas ao africano, pela natureza abundante das riquezas que naturalmente foram depositadas no solo africano.

Muitos irmãos brancos ficam perturbados com os meus textos, mas eu expliquei no passado que eu viso o sistema e não as pessoas. Ponham-se um minuto que seja na minha pele e dos meus semelhantes, de certeza que não vão aguentar, porque é muito pesado. Não estou a atacar ninguém, apenas usando uma linguagem “despida” para alertar o meu povo que a nossa verdade não é a mentira que o colono sempre contou-nos.

Isso não deveria incomodar a nenhum homem justo, independente da cor, a não ser que tenha interesse em preservar seus privilégios no sistema, a custa da alienação mental e empobrecimento contínuo da nossa gente. O facto de não entender a minha verdade, não me faz de mim um sem bases, mas a si um ignorante. Foi assim que a europa destruiu toda a nossa estrutura cultural, tradicional e religiosa. Porque não entendiam, e não se esforçaram em entender. Isso prevalece até hoje. Não vamos academizar o colonialismo, vamos trabalhar com factos, e com a nossa dor, que é real e tem causador, que não quer parar.

Portanto, não se sinta mal e incomodado com o dinheiro e riqueza. Os nossos antepassados sempre foram muito ricos, e extravagantes. Foi isso que atraiu os europeus para virem roubar. Aliás, o seu foco não deve ser nunca em cortar gastos, mas sim expandir os seus meios e fontes de rendimentos, de forma que não precise fazer contas para as suas extravagâncias. Não quero com isso contradizer o principio da geração de poupança, mas sim, deixar claro que depois de poupar, como princípio, o que sobra deve se gastar com liberdade, e o seu foco deve ser diversificar as suas fontes de rendimento para que sobre cada vez mais valor depois da sua acção de poupança e reserva.

As alternativas que a natureza dispõe para o africano são inúmeras, desde os recursos energéticos, os metais como ouro e prata, as gemas como diamantes e rubis, a floresta, a fauna os rios os mares, a cultura a espiritualidade, a historia original da humanidade, tecnologias indígenas entre várias outras que representam fonte de investimento para as reservas resultante da poupança, que devem representar alternativas de diversificação de fontes de rendimento.

Durante milénios, os povos da Ásia e Europa desciam para África para estudar e buscar experiências com relação a ciência, filosofia, cultura, urbanização e comércio. Não temos referência do Sócrates, mas o seu discípulo directo, Platão, estudou no Egipto por 13 anos, quando o Egipto ainda era de gente preta, original da área, para onde se deslocou logo a seguir a morte do seu mestre, Sócrates, desiludido com a democracia grega. Nos últimos 4 a 5 seculos a.C., a grécia estava a construir a democracia e estrutura de estados modernos, baseada em lóbis e troca de favores, onde uma elite captura as estruturas do estado, e subjuga o resto da população de forma legal. Ninguém com alguma dose de humanismo aceita isso, e pode ser o que aconteceu com o Sócrates e também o Platão.

África era o local que mais avançado estava na época, e tinha todos os recursos que necessitava, e era muito próspera. Isso permitia que os africanos vivessem e tivessem uma mentalidade de abundância e luxo. Isso foi copiado por vários povos, no entanto, a conspiração ocidental apagou os vestígios deste modo de vida no continente africano, quando decidiram colonizar o continente e seu povo.

O colonizador trouxe para os dias de hoje, como referência da África pré-colonial, as imagens da vida do campo dos africanos, que aliás, acontece igual em todas as sociedades, ela é mais humilde. Mas procurou destruir os vestígios da vida urbana que eles encontraram em África, porque o europeu daquela época, sempre pensou na dominação de África a longo prazo, para eles, filhos, netos e as suas gerações vindouras, o que é uma excelente forma de pensar, em termos de princípio, e que os africanos de hoje precisam copiar. Um plano de recuperação no mínimo de 300 anos é necessário para os africanos a nível global.

O africano é um ser natural, original, sem subterfúgios, que se expressa de forma natural sobre seus sentimentos mais profundos, o que se pode ver nas suas músicas, canções e danças. O mesmo acontece com relação a forma de lidar com a riqueza. O que acontece é que o africano não assimilou o sistema estabelecido pelo europeu, o que é natural, e sua forma de manifestar sentimentos e emoções, choca um pouco com esta realidade sistémica, que não é sua.

É verdade que hoje vemos muitos dos nossos irmãos agindo de forma estranha, no seu esforço de ser europeus de África, como afirmou Khalid Abdul Muhammad (nascido com o nome Harold Moore Jr.; 12 de janeiro de 1948 – 17 de fevereiro de 2001), “o povo negro foi roubado o conhecimento de si próprio, o que é um crime hediondo, passando a adoptar as características do opressor colonizador. Os brancos ensinaram maus hábitos ao nosso povo”.

Esta é uma das razões e grande motivação do projecto Ser Espiritual, esclarecer aos africanos que estão a actuar num sistema que não é seu, e não foi desenhado para si, daí as dificuldades que enfrenta para fazer as coisas acontecerem. Fazendo analogia com a informática, atendendo a familiaridade da maioria com relação a este conceito, é como você tentar fazer correr um software desenhado para uma máquina Linux, numa máquina Windows.

Durante séculos o povo africano foi assistindo aos seus semelhantes a serem maltratados, humilhados, mortos, sequestrados, desprovidos da dignidade humana e de seus haveres. Isso foi desenvolvendo um paradigma de sofrimento e pobreza no nosso subconsciente, que hoje sentimo-nos mal e desconfortáveis em sermos prósperos, e nos irritamos quando um africano semelhante tenta quebrar essa regra, que toda uma sociedade se levanta de forma inconsciente para combater o indivíduo. Você pode notar uma força silenciosa nestes processos, resistindo a tudo. Esta resistência pode ser uma forma de autoprotecção, pois a percepção pode ser que o capital trás consigo a cara da exploração e subjugação do povo.

A ideia de austeridade veio com o europeu. O africano sempre esteve em mansões e vivia na abundância e numa celebração permanente das suas bênçãos. A riqueza sempre esteve na terra, não precisava de cruzar os mares para ir buscar riqueza, mas sim para expansões de sua civilização, como fez na europa, na américa, e na ásia. Os vestígios do africano estão em todos os cantos do mundo, não como quem foi buscar, mas sim, quem foi dar. A maioria das civilizações mundiais de hoje foram moldadas pelo africano, desde o Japão, a China, a Índia, a Europa, o México e boa parte da América do Sul, e se podem encontrar até os dias de hoje vários vestígios a respeito. Muitos vestígios têm sido apagados, mas há alguns que não os podem apagar, por questão de própria sobrevivência do conspirador.

O mundo todo comprou este negativismo em relação ao africano, como forma de revolta por ele estar em tudo, ser o mais forte e mais rico, entretanto, os mais sábios de cada sociedade sabem a verdade, e previnem as suas sociedades de excessos, para a sua própria sobrevivência.

O africano é divino, e o mundo sabe disso. A luta comum de todo o mundo é que você não saiba disso, por maior tempo possível, pois trata-se de um dos poucos assuntos de consenso entre o ocidente e o oriente.

Vamos devolver a sua autoestima, possuir riqueza faz parte de si. Você é rico e tem uma mente próspera e de abundância. A manipulação mental é que provoca esta perturbação, mas vamos eliminar isso com as técnicas partilhadas neste projecto Ser Espiritual. Pense sempre na raça, não só em si. Os princípios e técnicas partilhados aqui, são propositadamente desenhados para permitir que quando você desenhar soluções, pense em como viabilizar em África, com africanos e para africanos.

Muitos irmãos brancos irão reagir, alguns até vão tentar rotular-nos de racistas, projectando a sua própria imagem em nós. São tentativas desesperadas do fim do ciclo, daqueles que não aceitam a igualdade dos seres humanos, e não se vêm a viver sem “mamar” de nós. E você deve entender isso com clareza.

África forte, raça negra forte, significa, você forte e respeitado, onde quer que vá e esteja. Fica atento, que nos próximos artigos vamos discutir a série 3ª Revolução Africana, que começa agora com o Ibrahim Traoré e Bassirou Faye, e os cuidados que devem ser tomados para não falharmos como no passado.

O seu comentário e contribuição serão bem-vindos. Obrigado pelo seu suporte ao movimento SER ESPIRITUAL  https://web.facebook.com/serespiritual.mz/

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