- Caiu por terra a ideia de resgatar a Renamo?
- Postura de Venâncio Mondlane divide membros no seio da Renamo
- Jovens invadiram o Conselho Nacional para exigir a inclusão de Mondlane na reunião e foram escorraçados pela PRM
- Poderá VM abraçar o Podemos, do qual é membro seu advogado?
Venâncio Mondlane foi um dos grandes ausentes do Conselho Nacional da Renamo que teve lugar no domingo, 14 de Abril, em Maputo, por isso os seus apoiantes tentaram invadir a reunião magna para exigir inclusão do mesmo, mas foram escorraçados pela Polícia da República de Moçambique (PRM) depois de cenas de pancadaria com os apoiantes de Ossufo Momade. Mondlane, que não é membro do Conselho Nacional, não recebeu convite (como convidado) para fazer parte da reunião na qual foi decidido que as suas aspirações de liderar a Renamo foram reduzidas às cinzas, uma vez que o Conselho Nacional aprovou, por humanidade, o perfil do candidato da presidência da Renamo. Na sua intervenção durante a abertura do Conselho Nacional, Ossufo Momade apelidou Venâncio Mondlane de “Judas”, referindo que este “desfila pelas televisões e pelos tribunais à procura de legitimidade político-partidária”. Entretanto, tempestivamente, em jeito de último suspiro, VM7 voltou ao tribunal quando conheceu as manobras que estavam a ser maquinadas para concepção do perfil, e aventa-se uma nova providência cautelar que poderá novamente agitar águas na perdiz.
Duarte Sitoe
Num Conselho Nacional feito à medida de Ossufo Momade, depois de um ritual de bajulação e “hosanização” do líder à moda da Frelimo, a liderança da Renamo, em coordenação com os órgãos sociais, centrou suas investidas em Venâncio Mondlane, um jovem incómodo, que ousou sonhar em dirigir a Renamo.
Para cortar as pernas de Venâncio Mondlane foi usada a sua medida para milimetricamente desenhar os requisitos para ser candidato para a presidência do maior partido da oposição em Moçambique. Escolheu-se exatamente as qualidade que este não preenche.
De acordo com a Comissão Política da Renamo, os membros interessados em concorrer devem, no mínimo, ter 15 anos de militância de forma ininterrupta e devem ter exercido cargos como o de Secretário-Geral, Membro do Conselho Nacional, Chefe Nacional de Departamento. Além de não ter tido nenhuma postura de indisciplina. Curiosamente, o termo indisciplina foi usado para o qualificar de forma indirecta nos diversos ataques que sofreu nos discursos dos órgãos sociais.
O cabeça-de-lista da perdiz nas VI Eleições Autárquicas, para município de Maputo, ainda não ocupou nenhum dos cargos em alusão e tem apenas seis anos de militância e, por via disso, ficou arredado das eleições internas que serão realizadas durante o Congresso da Renamo que terá lugar na cidade de Quelimane, entre 16 e 17 de Maio do ano em curso.
Apesar de não ter nenhum pecado, Manuel de Araújo, mais aglutinador que seu líder, também foi milimetricamente contornado através de uma adenda ao perfil de militância. O texto que antes dizia 15 anos de militância passou a incluir “de forma ininterrupta”, para cortar os pés de Mano Mané, que na juventude foi membro da Frelimo, tendo passado depois para a Renamo, partido com o qual chegou a ser deputado da magna casa, contudo pulou o galho para o MDM, antes de regressar cerca de oito anos depois à Renamo.
Antes da realização da reunião, por se sentir excluído, Venâncio Mondlane submeteu uma nova providência cautelar no Tribunal Judicial da Cidade de Maputo, contra uma decisão que terá sido aprovada pela comissão política do partido e que estabelece o perfil do candidato à presidência da Renamo.
Por outro lado, Mondlane, numa carta aberta dirigida ao Conselho Nacional, advertiu que nenhum dos três cargos elencados no perfil do candidato supera os que já exerceu dentro do partido.
Entende ele que a maior parte da população moçambicana e dos membros da Renamo têm idade inferior a 35 anos, o que significa que este perfil exclui o grupo maioritário que irá às urnas votar.
“O Perfil dá uma indicação de que todos que nasceram depois da assinatura dos acordos gerais de paz (30 anos) não podem fazer parte dos cargos electivos do Partido. Enfim, é um perfil que sinaliza, para a sociedade, que se pretende uma Renamo divorciada da Juventude, insensível à evolução social e histórica, e que rejeita as últimas palavras do histórico líder quando dizia que “no futuro a Renamo deverá ser liderada por jovens”, rematou.
Ossufo Momade chama Venâncio de “Judas”
Por não fazer parte da lista dos 120 membros do Conselho Nacional, Venâncio Mondlane, que nos últimos tempos assumiu-se como opositor de Ossufo Momade, não foi convidado para o evento, facto que desagradou os seus apoiantes que se fizeram ao local onde foi realizado o evento para exigir a sua inclusão.
A atitude dos jovens foi vista como afronta para os membros que prestam vassalagem a Ossufo Momade e, por isso, assistiu-se a uma autêntica batalha campal com os apoiantes de VM, sendo que a Polícia da República de Moçambique foi chamada a intervir para serenar os ânimos.
Durante a sua intervenção na abertura do Conselho Nacional da Renamo, Momade chama aquele de “Judas”, referindo que este “desfila pelas televisões e pelos tribunais à procura de legitimidade político-partidária”.
“Foi uma fracassada tentativa de inventar a roda, já inventada, e uma forma infeliz e desmedida atitude de apagar a história da Resistência Nacional Moçambicana. Lamentamos que tais membros tenham investido o seu tempo e inteligência para culpar o partido e seu presidente pela fraude eleitoral, de tal sorte que se esqueceram de onde viemos e para onde vamos”, discursou Momade.
Facebook Comments