José Pacheco lança candidatura e é tido como figura de consenso, com vantagem de ser do Centro

DESTAQUE POLÍTICA
  • Sucessão avança com três candidatos já assumidos
  • Fala-se de apoio dos antigos combatentes e simpatia de outros grupos de camaradas

Depois de Samora Machel Júnior e do general António Hama Thay, que já anunciaram a sua intenção de se candidatar à sucessão de Filipe Nyusi, José Condungua António Pacheco é o terceiro membro sénior do Partido Frelimo a tornar pública a sua intenção de avançar nas internas, estando já em curso um grande movimento de apoio à sua candidatura, sendo apontado, nos corredores do partido, como o mais consensual entre os rostos já conhecidos e que granjeia mais simpatia no seio de grande parte dos camaradas, dada a sua larga experiência de governação, com a vantagem de ser do “Centro”. Esta segunda-feira, a Comissão Política da Frelimo, que nos últimos meses transformou-se num clube de café, voltou a não anunciar a short list dos pré-candidatos a candidato, marcando somente o Comité Central Extraordinário para 03 de Maio próximo.

Quando tudo indicava que esta segunda-feira a Comissão Política pudesse publicar finalmente a lista curta dos pré-candidatos em cumprimento da orientação do Comité Central, aquele órgão voltou a passar à margem do debate da sucessão, tendo simplesmente indicado a data da sessão extraordinária.

Enquanto a lista curta não sai, mais figuras vão saindo das sombras para ribalta, deixando clara a sua intenção de se candidatar para a sucessão de Filipe Nyusi e, como tal, José Pacheco, senão os seus apoiantes, já tomou uma posição de avanço naquela que poderá ser uma renhida luta pela sucessão.

Este Domingo, as redes sociais acordaram em ebulição, após a criação de páginas oficiais de apoio à candidatura de José Pacheco nas principais redes sociais, com destaque para o Youtube e Facebook, nesta última cuja conta é inclusive patrocinada, conferindo-lhe assim maior visibilidade e engajamento.

Nas suas redes sociais é possível ver e ler o seu perfil e biografia, enquanto um vídeo de 3 minutos, enfatiza é o mais consensual entre os que já manifestaram, publicamente e não só, a sua intenção de se candidatar à sucessão de Filipe Nyusi, como candidato da Frelimo para as eleições de 09 de Outubro

No vídeo, destaca-se ainda que a sua principal base de apoio que são os antigos combatentes da Luta de Libertação Nacional, mas também de parte significativa das mamanas da OMM e jovens da OJM, entre outros grupos, incluindo a classe denominada nacionalista.

Desde que o seu perfil foi tornado público, Pacheco tem estado a receber manifestações de apoio pelas redes sociais, o que mostra alguma aceitabilidade não só entre membros e simpatizantes da Frelimo, mas também no seio da sociedade moçambicana.

Experiência e a vantagem de ser do Centro

Com larga experiência de governação, Pacheco serviu várias administrações desde a década de 90, tendo ocupado várias pastas ministeriais, nomeadamente, do Interior (entre 2005 a 2009); da Agricultura (de 2010 a 2014); da Agricultura e Segurança Alimentar (de Fevereiro de 2015 a Dezembro de 2017). A sua última pasta ministerial tinha sido a dos Negócios Estrangeiros e Cooperação (entre 2017 e 2019, estando neste momento dedicado à consultoria e ao trabalho no partido, tendo sido um dos responsáveis pela vitória expressiva da Frelimo em todos os municípios de Manica.

Pacheco foi também governador da Província de Cabo Delgado de 1998 até Fevereiro de 2005. Foi vice-ministro da Agricultura e Pescas no período de 1995 a 1998.

De 1990 a 1995, foi Director Nacional de Desenvolvimento Rural, tendo em 1992 e 1994 acumulado com as funções de Membro do Conselho de Administração do Instituto Nacional de Desenvolvimento da Indústria Local (IDIL) e de Presidente do Conselho de Administração do Instituto de Cereais de Moçambique, respectivamente.

De 1981 a 1990, foi Director Provincial de Agricultura da província da Zambézia e, a partir de 1984, acumulou com as funções de Membro do Conselho de Administração da Sociedade Argelino-Moçambicana de Florestas (SAMOFOR).

Conhecido pelos seus discursos firmes e nalgum momento até polémicos, José Pacheco foi um dos negociadores da paz, entre 2013 e 2014, nas famosas sessões do Centro de Conferências Joaquim Chissano, que conduziram à assinatura do Acordo de Cessação de Hostilidades de Maputo entre Armando Guebuza e Afonso Dhlakama.

Embora o partido não assuma de forma explícita a polémica sobre a “vez do Centro”, fala-se ainda que em surdina que é imprescindível o cumprimento do acordo tácito da “vez do Centro”, o que pode constituir também uma vantagem para Pacheco, nascido em 1958, na localidade de Ampara, Distrito do Búzi, Província de Sofala.

Nalguns círculos internos da Frelimo diz-se que em 2014, embora não se tenha retirado da corrida de uma forma estratégica, Pacheco terá abdicado da sua candidatura para endossar o seu apoio a Filipe Nyusi que viria a sagrar-se vencedor.

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