Paulina Chiziane defende papel da mulher africana em detrimento da “aculturação”

CULTURA DESTAQUE

A Doutora Honoris Causa pela Universidade Pedagógica e escritora moçambicana, Paulina Chiziane, participou recentemente em Angola, num evento organizado pela Revista Forbes, onde debruçou sobre o papel da mulher africana na visão do mundo. Na sua intervenção, Paulina fez uma “radiografia” crítica a certas instituições que apoiam e promovem mulheres “aculturadas” ou superiormente escolarizadas em prejuízo das menos escolarizadas.

Elísio Nuvunga

Paulina Chiziane, ao seu estilo característico, fez uma “lavagem cerebral” aos presentes no evento e aos africanos no geral. Chiziane lançou fortes críticas aos bancos que dão oportunidades as mulheres empoderadas alegadamente por seguirem o estilo de vida “ocidental” ora por ser formadas em relação  as empreendedoras informais.

“Estou feliz por estar entre empresários e banqueiros. Eu gosto de perguntar os bancos, quando chega uma mulher  negra de cabelo comprado, com diploma vocês dão financiamento, mas quando chega a empresária social, familiar aquela que tem a África nos ombro, vocês dizem que é analfabeta. Alguns desses, são filhos que cresceram com aquela bacia na cabeça” disse Chiziane, questionando de forma comovente: porquê tem que ser complicado resolver o problema da sua mãe?”.

A escritora reitera aos bancos que África não precisa precisa de modelos ocidentais, pois, tem a sua escolarização inspirado na cultura africana, o que pressiona para mudança de atitudes das instituições financeiras abrindo caminhos de oportunidades paras todas classes sociais.

“Nós a mulher africana temos o poder com uma  história própria. Somos alfabetizada na nossa cultura. Os que falam changana, chopi, macua, kimbondu somos a maioria. Então Precisamos de reverter o quadro e  olhar para os nossos países com os olhos da liberdade.  Chamam empoderada aquela mulher que compra cabelo e fala a língua do outro. O que pensam que estão a fazer Temos que ser livres”

Suas críticas não  se limitaram as políticas bancárias como também aos africanos, que na sua concepção ainda precisam de uma “lavagem cerebral” para tomarem sua identidade : “O que a África precisa é de gente consciente que conhece sua história, suas origens e que respeita o seu lugar. Temos que ser livres”. Paulina não só fez críticas como também abriu espaço para reflexão e soluções, ou seja, libertar-se das amarras do colonialismo rumo a africanicidade.

“África precisa de desenvolver suas tecnologias. Dizem que os gregos saíram da Grécia para ir ao Egipto para aprender a filosofia e a religião e, quando regressaram à casa tornaram-se mais gregos ainda. Mas nós os africanos vamos aprender portugûes ou francês e voltamos sem dignidade. É preciso  descolonizar essas mentes”, enfatizou Chiziane.

Facebook Comments

Leave a Reply

Your email address will not be published. Required fields are marked *