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Pio Matos delega filha para chefiar delegação do Governo da Zambézia que esteve nos Estados Unidos

Em mais um capítulo de uma extensa lista de episódios que podem configurar nepotismo, o governador da Zambézia, Pio Matos, “delegou” a sua própria filha, de nome Marla Pio Matos, para chefiar uma comitiva de membros do Conselho Executivo provincial que está em missão de trabalho nos Estados Unidos da América. Sem nenhum vínculo profissional com o Estado, Marla, principal pivô dos negócios da família, tem todos os seus custos suportados com fundos públicos.

Tal como revelou, há dias, o Evidências, o governador da Zambézia tem estado em flagrantes actos de nepotismo, ao usar do seu poder conferido por aquele cargo público para favorecer os seus filhos em negócios e não só.

Depois de ter sido despoletado o envolvimento dos seus filhos na mineração artesanal, o chefe do executivo da Zambézia volta a estar na boca do povo, desta feita por indicar a sua filha para chefiar uma delegação oficial do Governo provincial que está desde a semana passada nos Estados Unidos da América.

Trata-se de Marla Pio Matos, filha do governador da Zambézia, conhecida por liderar o lobby dos negócios na área de mineração, sendo muitas vezes responsável por introduzir empresas chinesas envolvidas na extração mineira, que tem todos os seus custos, incluindo passagem de avião, estadia e ajudas de custo, suportados pelo erário público.

Nos últimos dias, Pio Matos tem estado sob escrutínio público na Zambézia e não só devido ao surgimento de indícios cada vez visíveis de nepotismo, abuso do poder e até corrupção, ao, supostamente, priorizar a contratação de empresas de seus familiares e amigos na província e no Conselho Executivo Provincial em particular.

Compõem a comitiva chefiada pela filha do governador, Aly Aboobacar, director  provincial de  Cultura e Turismo da Zambézia; Abel Lopes Junior, director provincial de Indústria e Comércio; Leu Saíde, director provincial de Plano e Finanças da Zambézia; Maira Trindade, delegada provincial do APIEX.

Como se pode depreender, da comitiva, Marla Pio Matos é única que não tem vínculo formal com o Governo provincial, tirando o facto de ser filha do governador, o que levanta vários questionamentos e tem estado a criar um grande descontentamento nos corredores do governo provincial do partido e no meio empresarial.

Marla Pio Matos é a filha de Pio Matos que há semanas liderou uma consulta pública de um grupo de chineses que está a explorar ilegalmente recursos minerais de alto valor comercial e até outros proibidos, sob olhar impávido das autoridades provincial.

É a família do governador a capturar todas as oportunidades de negócios na província da Zambézia, com o beneplácito do pai, que, tal como referiu o Evidências na edição 157, chega mesmo a dar orientações para os directores favorecerem seus filhos nos negócios nebulosos ligados à proliferação de mineração ilegal.

Os filhos do governador da província da Zambézia, Pio Matos, são acusados de dirigir o garimpo naquele ponto do país, sendo que para lograr os seus intentos, ou seja, invadir as minas alheias, contam com a protecção da Polícia da República de Moçambique (PRM).

Filha do Governador comeu 10 milhões de meticais e nunca forneceu barco

Pio Matos tem cinco filhos. Contudo, são apenas três, nomeadamente Augusto Matos, Marla Matos e Amarildo Matos, que se destacam no ramo empresarial.

Tal como avançou, há dias, a filha de Pio Matos, Marla Matos, ganhou em 2021 um concurso público avaliado em 10 milhões de meticais que visava fornecer um barco, mas de lá a esta parte ainda não se viu a cor do mesmo e ninguém tem coragem de exigir a execução da empreitada ou a devolução do dinheiro.

O dinheiro foi pago na totalidade à empresa OK-Corporation Lda, detida pelos sócios Ossumane Kaba, com 90% das acções, e Marla Pio Matos, com 10% de capital social.

Segundo escreve o Diário da Zambézia e a DZTV, semana passada, concretamente na segunda-feira, a directora provincial dos Transportes da Zambézia, Fátima Oitava, foi ouvida pela procuradoria provincial em torno do nebuloso caso da compra daquela embarcação num negócio que envolve a filha do chefe do governo local.

A dirigente foi ouvida durante longas horas no âmbito do processo 114/2024, ligado a um concurso de fornecimento de uma embarcação de 42 lugares que facilitaria o transporte de pessoas e bens entre Quelimane e Inhassunge, mas que não é fornecido desde 2022. O concurso foi ganho pela OK-Corporation Lda, em que a filha de Pio Matos é sócio, segundo o Diário da Zambézia.

Para além de Oitava, outros directores municipais foram ouvidos na procuradoria provincial, tendo referido que aprovaram aquela empresa no concurso e transferiram o valor na totalidade sob orientações superiores.

Tudo começou em 2022, quando a DPTC, sob chefia da Fátima Oitava, decidiu, através do Ajuste Directo (01 DPTC/R. Aquis./22), datado de 12 de Maio de 2022, dar a OK-Corporation, Lda, e sem concurso público, 10.000.000,00 (Dez Milhões de Meticais). O contrato previa a entrega da embarcação em apenas 12 meses, portanto, 1 ano.

O processo teve visto do Tribunal Administrativo, porém, desde 2022 até aqui, a única embarcação que o governo alocou para transporte de pessoas veio do Ministério dos Transportes e Comunicações.

Enquanto a empresa da filha do governador não disponibiliza a embarcação e nem sequer se dispõe a devolver o dinheiro, milhares de pessoas que vivem em Inhassunge e Quelimane continuam a ser transportadas em condições precárias e com pouca segurança.

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