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Dívidas ocultas: Moçambique garante perdão de USD 2.3 mil milhões

Quando estamos em vésperas da leitura da sentença do caso das dívidas que corre termos na Suprema Corte de Londres, no Reino Unido, o Governo acaba de anunciar um acordo com o Banco Comercial Português S.A.; o VTB Capital Plc (intervencionado) e o antigo VTB Bank Europe, SE (intervencionado, sob gestão da OWH SE) para a resolução global e definitiva do litígio entre as Partes e a renúncia total e recíproca das suas revindicações, no litígio, quanto às responsabilidades no financiamento à Proindicus, S.A, e à Mozambique Asset Management, S.A, bem como às respectivas garantias. Assim, o país vai se livrar de encargos da dívida no valor de 2.3 mil milhões de dólares.

O Governo anunciou, esta segunda-feira, ter alcançado um acordo, após extensivas negociações que vêm decorrendo há alguns meses, com o Banco Comercial Português S.A.; o VTB Capital Plc (intervencionado) e o antigo VTB Bank Europe, SE (intervencionado, sob gestão da OWH SE), visando a resolução extrajudicial do litígio que o opõe àquelas entidades, que corre no Tribunal de Londres desde Fevereiro de 2019.

Este é o segundo acordo extrajudicial alcançado pelo Estado moçambicano para evitar arrastar o processo até ao final, depois de um outro alcançado com o Crédit Suisse e com o consórcio dos bancos locais para a resolução da dívida, em Outubro de 2023.

Mais uma vez o Governo, representado pelo ministro da Economia e Finanças, Max Tonela justificou o acordo com a necessidade de mitigar riscos e custos associados ao litígio judicial, além de reforçar o caminho para a restauração da confiança dos investidores internacionais no sistema financeiro moçambicano e fortalecer as relações entre o país e instituições financeiras.

A conclusão do Acordo implica a libertação total e mútua de todas as partes, das suas reivindicações recíprocas, sobre a matéria objecto do litígio, com excepção da PrivInvest e do seu Patrono, ora falecido, Iskandar Safa.

A responsabilidade potencial do Estado, neste processo, incluindo tanto o capital como os juros, situar-se-ia em cerca de US$ 1,4 mil milhões (até 8% do PIB), com juros continuando a acumular-se, para além de custas estimadas na ordem de £50 milhões, na eventualidade de perder a causa.

De forma global de um total de 2.3 bilhões de dólares norte-americanos de dívida contingente neste processo desaparece das contas do Estado com a implementação dos dois acordos extrajudiciais alcançados.

“No entanto, a resolução extrajudicial reduz a exposição do Estado para US$ 220 milhões, ou seja, um corte de 84% do total da reivindicação dos Bancos (e de 66% do capital). Portanto, o acordo extrajudicial oferece vantagens claras para o Estado, em comparação com uma decisão judicial incerta e com possíveis consequências insustentáveis para o país a curto e médio prazo. Além disso, evita recursos intermináveis e custos extremamente elevados, considerando os desafios econômicos e fiscais actuais do país”, destacou Max Tonela.

Refira-se que, segundo o MEFE, o acordo não afecta as acções em curso visando a responsabilização criminal das pessoas singulares e colectivas, nacionais e estrangeiras, de cujos actos ilícitos resultaram na contracção das dívidas não declaradas e da emissão das garantias correspondentes, incluindo o direito de regresso.

“Moçambique está, agora, e de forma incondicional, aberto ao mercado e o seu Governo comprometido em reforçar a agenda de governação e as reformas fiscais estruturais, numa base saudável, e em dar a sua total atenção à implementação das medidas certas para apoiar a economia dos pais”, assegurou.

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