O Presidente da República, Filipe Nyusi, exonerou Max Tonela do cargo de ministro da Economia e Finanças. No seu lugar, Nyusi nomeou Adriano Maleiane, em acumulação com as funções de Primeiro-Ministro, que actualmente vem assumindo. O comunicado não indica as razões do afastamento de Tonela, que vinha assumindo o cargo desde Março de 2022, depois de ter assumido as pastas dos Recursos Minerais e Energia desde 14 de Dezembro de 2017.
Longe de especulações das motivações que teriam pesado sobre a saída de Tonela, o facto é que os dois anos que esteve no MEF foram os mais difíceis e turbulentos na história da gestão das finanças públicas. Conduziu mal a reforma da Administração Pública, com a Tabela Salarial Única a configurar a maior fonte da insatisfação na função pública, com funcionários a ver as suas expectativas frustradas face às promessas das vantagens apresentadas. Hoje, em consequência da reforma mal sucedida na Administração Pública, degradou a qualidade dos serviços públicos em todos os sectores, e as sucessivas greves expõem o fracasso da Max no pelouro das finanças. Contribuindo, em consequência, para o fracasso de todo um consulado de dez anos de Nyusi.
Não é apenas na sua relação com os funcionários públicos que podemos medir o desempenho do Max. A centralização das Finanças Públicas, criou uma rede de máfia no Tesouro. Antigamente, o Estado libertava fundos para as provinciais, onde estes tinham a liberdade de pagar suas despesas com menos burocracia. No segundo mandato de Nyusi, MEF entendeu que o processo devia estar centralizado, o que tornou o processo mais burocrático. Neste momento, um fornecedor que prestou serviços na Zambézia, manda as suas facturas à província, que dá o aval do pagamento no sistema. No entanto, para o desembolso se efetivar e se refletir na conta do fornecedor, precisa do aval de Maputo (Tesouro), que pode levar mais de um ano, se o fornecedor não colaborar nos esquemas. Existe aqui uma percepção de institucionalização de corrupção, que frustra o empresariado.
Num país onde a corrupção assombra os negócios com Estado, imagina um empresário que tem de pagar 21% às finanças (16 do IVA + 5% anual), 10% na província para garantir o negócio e mais dez 10% a Maputo, para o tesouro desembolsar. A questão que fica é: qual é este negócio onde é possível lucrar 50%? Nada desta simulação é certa, mas há quem está convicto que os negócios com Estado funcionam desta maneira.
A normalização dos atrasos salariais na Função Pública, que já valeram alguns últimos ao Max, as dívidas contínuas aos fornecedores, até a Presidência da República tem dívidas, que não tem histórico de dívidas, entre outros, denuncia esse percurso inglório de Max Tonela. Não se pode falar aqui da retoma do FMI, e outras iniciativas onde reivindica melhorias, se o beneficiário das acções do Executivo anda frustrado e de costas voltadas ao Executivo.
Isto é o que podemos ver, sentir e falar quando olharmos atrás e procurar medir os efeitos da passagem de Max Tonela no MEF. Agora que ele renunciou para ter uma saída gloriosa é uma outra conversa.