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Eleições gerais: Crise de liderança na Renano faz-se sentir até num momento politicamente sensível

A crise de liderança nos principais partidos faz-se sentir até em meio a campanha eleitoral, cujo termo coincide com a data de votação, observados os dois dias de reflexão. Já no terceiro dia da campanha eleitoral, inundam as redes sociais os problemas de inobservância da lei eleitoral (fixação dos panfletos em locais proibidos); conjugados com os problemas mais estruturais que passam pela crise financeira, com militantes a usar os próprios meios; ausência das lideranças; carência de inovação; e actuações descoordenadas, o que sugere falta de coesão interna que até a pouco tempo era palpável e foi arrastada até ao período da campanha eleitoral.

 

Na Frelimo, onde vozes sonantes, num exercício não pensado, saíram a defender que o partido não é dependente dos desembolsos da CNE, há registo de militantes, nas províncias, a percorrerem centenas de quilômetros com recurso a combustível próprio e sem garantia de refeições. Não, não o fazem por amor, afinal, assumem que se o partido acautelasse algumas despesas de forma pontual fariam melhor do que tem feito.

 

Mas é na Renamo onde o cenário ganha uma postura escandalosa, que na verdade foi sendo o reflexo do percurso de Ossufo Momade. Teve desde o princípio uma presidência marcada de rejeição e incapacidade de uma gestão inclusiva comprovada, subestimando os pontos das discórdias internas, e não se pode ignorar o papel da Frelimo para sua sobrevivência. No princípio foi a Frelimo que resolveu os problemas de Nhongo, que contestava a liderança de Ossufo Momade, depois foi a mesma Frelimo que viabilizou a saída da CAD, num jogo em que a Renamo era incapaz de sobreviver por si. A Renamo tem estrutura, mas não tem liderança, um contraste com o PODEMOS, que tem “chefe”, mas sem estrutura, claro que é por razões óbvias.

 

É efeito da ausência de liderança da Renamo em momentos determinantes, como o que assistimos na abertura da campanha eleitoral na Zambézia sem o presidente do partido. Em 2019 foi igualzinho e os resultados foram péssimos.

 

Estar no ocidente depois de ter gazetado a pré-campanha, e numa altura em que deve estar concentrado nos seus eleitores, testifica essa incapacidade de gestão, que não constitui nenhuma surpresa, consolidando a ideia de que não tem interesse de assaltar o poder, mas sim manter o tacho como líder da oposição, ainda que a saldo de um acordo de aflitos com a Frelimo. E por causa da ausência de uma gestão ancorada no exemplo branda na Renamo, vamos encontrar os seguidores de Ossufo Momade a cometerem os mesmos erros: Em Nampula, a campanha eleitoral arrancou com a grande ausência do cabeça-de-lista.

 

Mas o sumiço de Ossufo Momade não é apenas físico. O Presidente da Renamo esteve ausente das entrevistas que buscavam conhecer as propostas de governação dos próprios candidatos. É nessa senda que António Muchanga chegou a se oferecer para falar em nome do presidente. Todos os três candidatos, nomeadamente Daniel Chapo, candidato da Frelimo, Venâncio Mondlane do PODEMOS e Lutero Simango do MDM, deram três entrevistas cada.

 

Mas Ossufo Momade, qual sumidade, não foi achado. Consta que até chegou a confirmar uma entrevista à TVM, mas na hora H sumiu. Esteve até desaparecido no período da pré-campanha. Alguns episódios verificados no decurso da campanha eleitoral vão denunciando essa degradação da Renamo, com os potenciais eleitorais a enxovalhar brigadas desses, como se viu na cidade de Maputo, no bairro do Estrela Vermelha. Esse desempenho da Renamo, que coincide com um fim de um ciclo do lado da Frelimo e a estreia de alguns nomes na corrida à presidência, pode ameaçar o estatuto da Renamo na configuração política nacional. 

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