Parece que o bastonário da Ordem dos Advogados de Moçambique, Carlos Martins pisca para um lado e vira para o outro. Apesar da decisão da Assembleia Geral de acrescentar os nomes das decanas da advocacia Maria Leonor Joaquim e Alice Mabota, já falecida, numa lista contestada de personalidades que serão condecoradas esta tarde em Maputo, o Evidências apurou, a instantes, que, afinal, tanto Maria Leonor Joaquim assim como a família da saudosa Alice Mabota ainda não foram contactados, quando faltam apenas algumas horas para o arranque da tal aguardada cerimónia.
Tal como o Evidências reportou na sua edição desta terça-feira, existe um ambiente de cortar a faca no seio da Ordem dos Advogados de Moçambique (OAM), devido a contestação dos critérios da escolha de algumas personalidades estranhas à classe para serem condecoradas com títulos honoríficos e medalhas de mérito pela ordem, bem como o facto de o Conselho Nacional ter elaborado uma lista de condecorações que exclui ignora o papel das mulheres na causa da classe.
Numa assembleia-geral extraordinária fracturante no passado dia 12 de Setembro, os mais de 250 participantes acordaram a inclusão dos nomes das advogadas Maria Leonor Joaquim e Alice Mabota como condição para a lista proposta pelo Conselho Nacional avançar, ainda que os nomes propostos não colhessem consenso.
Entretanto, até agora, faltando apenas algumas horas para o arranque da solene gala dos 30 anos que culminará com as referidas condecorações, nem Maria Leonor Joaquim e sua família, muito menos familiares da falecida Alice Mabota, foram contactados ou convidados para tomarem parte da cerimónia por forma a receberem as referidas distinções.
Num breve contacto com o Evidências a família da advogada Maria Leonor Joaquim confirmou que esta ainda não foi formalmente comunicada ou convidada para fazer parte da cerimónia de distinções. Aliás, acrescenta que só tomaram conhecimento de que esta estava entre os galardoados por via dos artigos publicados pelos jornais Evidências e Canal de Moçambique.
Evidências apurou que apesar da condecoração das duas heroínas da advogacia ter sido aprovada em Assembleia Geral, o conselho nacional da ordem ainda não “engoliu” o facto de ter sido forçado a incluir os dois nomes, de tal sorte que até o comunicado oficial já com os dois nomes incluídos só foi publicado esta madrugada.
Importa recordar que a lista das condecorações, não obstante algumas figuras não reunirem os requisitos para o efeito, só foi aprovada para evitar a desnecessária exposição da instituição uma vez que as mesmas já tinham sido informadas e convidadas para a cerimónia. Por isso, alguns membros entendem que nunca houve vontade de incluir outros novos e que a cedência do Conselho Nacional não passou de um “bluff” para viabilizar a aprovação da sua lista.
Sentindo-se ludibriados pelo Conselho Nacional, os advogados ponderam requerer junto do Tribunal Administrativo a anulação da deliberação da Assembleia Geral que atribui o título honorífico e o título de advogado honorário a figuras que não reúnem os requisitos necessários previstos no estatuto da agremiação, como forma de repor a legalidade, no que se considera que será o maior escândalo por que a agremiação alguma vez terá passado.
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