Combate à corrupção, emprego para jovens, construção de estradas, água potável e energia no topo das promessas dos candidatos

DESTAQUE POLÍTICA
  • Campanha eleitoral entra para os derradeiros dias
  • Simango promete acabar com a corrupção e melhorar a vida dos moçambicanos
  • Chapo olha para o auto-emprego como solução para o desemprego na juventude
  • Mondlane pretende descentralizar gestão de receitas dos megaprojectos
  • Momade promete industrializar distrito de Monapo

Os quatro candidatos à sucessão de Filipe Nyusi na Ponta Vermelha, nomeadamente Lutero Simango, Daniel Chapo, Venâncio Mondlane e Ossufo Momade, continuam empenhados em dar a conhecer os seus manifestos eleitorais aos moçambicanos com vista a convencê-los que tem o melhor projecto para governar o país nos próximos cinco anos. Lutero Simango trabalhou na província de Manica e prometeu acabar com a corrupção, com a pobreza e com o sofrimento dos moçambicanos, tendo ainda pedido votos em troca de melhores condições de vida para a população. No seu périplo pelas províncias de Nampula e Niassa, Daniel Chapo, que disse que os hospitais e medicamentos são da Frelimo, pretende fazer de Nampula a capital económica de Moçambique. Para além de prometer apostar no auto-emprego como solução para o crônico problema do desemprego no seio da juventude, Chapo prometeu dinamizar o turismo. Se por um lado, Venâncio Mondlane garante água potável e energia elétrica em todos distritos da província de Tete, bem como descentralizar a gestão das receitas dos impostos pagos pelas multinacionais, por outro, Ossufo Momade referiu que, em caso de chegar à Ponta Vermelha, pretende reabilitar estradas na província da Zambézia e construir fábricas de agro-processamento em Monapo, província de Nampula.

Duarte Sitoe

Quando se caminha a passos largos da meta da maratona da caça ao voto, os partidos políticos e os seus respectivos candidatos aceleram os passos com propósito de convencer os potenciais eleitorais que são a solução para os problemas dos moçambicanos.

O candidato suportado pelo Movimento Democrático de Moçambique (MDM), Lutero Simango, trabalhou, na última semana, na província de Nampula. Na apelidada capital da zona norte, Simango renovou o desejo de melhorar a vida dos moçambicanos em caso de sair vencedor no pleito eleitoral de Outubro próximo, tendo ainda prometido acabar com a corrupção e o desemprego.

“Nós queremos mudanças. A mudança significa que os vermelhos devem sair do poder. Eu e o MDM queremos acabar com a corrupção, com a pobreza, com o sofrimento. Por isso, votem em mim. Eu dei a mão a todos, marchei com vocês… é uma demonstração de que eu estou convosco, e será assim na minha governação. Na minha governação, não vamos permitir que a nossa madeira e outros recursos sejam exportados assim, brutos. Tudo deve ser processado aqui. Por isso, vamos criar a indústria da madeira. Assim, vamos criar mais postos de emprego para a nossa juventude”.

Ainda na província de Nampula, o candidato presidencial do MDM prometeu libertar os funcionários públicos do jugo partidário.

“Vamos libertar os funcionários públicos. Para ser director, você não será obrigado a pertencer a um partido. Serão exigidas de si competências. Na minha governação, estou a pensar nos jovens. Vou criar oportunidades de emprego, negócios e uma vida melhor. A minha mãe, quando for ao hospital, à maternidade, não será exigida dinheiro para ser bem atendida. Eu vou acabar com isso”.

Na província de Tete, Lutero Simango assegurou dinamizar a agricultura para que os moçambicanos consumam produtos made in Mozambique.

“Vamos governar para eliminar a discriminação e exclusão. O distrito de Angónia produz comida para todo o país, mas vocês não fazem por falta de apoio. No meu governo, vou dar atenção à produção agrícola. Queremos que tenham lojas de produtos ‘made in Mozambique’. Quando produzem, preferem vender ao Malawi. Vão ter assistência e apoio através do fundo agrário que vai comprar o excedente para que não dependam de Malawi para absorver os produtos”.

Com Chapo, Nampula será capital económica de Moçambique

O candidato da Frelimo à Presidência da República escalou, na última semana, as províncias de Nampula e Niassa. Em Niassa, Daniel Chapo declarou que sua abordagem para a juventude será materializada, em parte, com a promoção do associativismo juvenil, como modelo adequado que assegura a participação dos jovens nos processos de desenvolvimento e de tomada de decisão.

Chapo assegurou que irá dinamizar o sector agrário através da atracção de investimentos para impulsionar a produção e produtividade e em cadeia que justifique a implantação das indústrias, sendo que pretende aproveitar a atracção da indústria para acabar com o desemprego na juventude.

“Apostar no investimento contínuo na formação profissional, de modo a incentivar os jovens a se formarem para saber-fazer e aumentar a sua empregabilidade. Vamos formar jovens e dar kits de auto-emprego. Queremos potenciar a actividade agrícola para impulsionar a produção e, por via disso, atrair a indústria para aqui. Isso vai criar mais empregos para nossos jovens”, disse Chapo, nessa tarde, em Cuamba, no seu último comício do dia.

Nampula poderá, segundo Daniel Chapo, ser a capital económica de Moçambique. Chapo pretende criar capitais temáticas, e Nampula será a económica.

“Um dos compromissos do nosso manifesto, sobretudo do candidato, é de criar capitais temáticas, isto é, colocar capitais em função do desenvolvimento de cada local… neste debate que vamos ter sobre a criação das capitais temáticas, teremos de reflectir sobre o que vamos fazer com as cidades de Nampula e Nacala, porque têm condições para serem capitais económicas de Moçambique”, afirmou Chapo após falar do plano de reactivar a Zona Económica Especial de Moçambique, em Nacala.

“Em Nacala, vamos trabalhar para reactivar a Zona Económica Especial e a industrial, pois foram as que realmente espevitaram o desenvolvimento. Foi por ser ZEE que Nacala explodiu em termos de desenvolvimento. Sabemos que uma das grandes preocupações da juventude é o Emprego. Por isso, para jovens, vamos fazer aquilo que fizemos em Nacala-a-Velha e Nacala, que foi trabalhar para atrair grandes empresas, sejam elas nacionais ou estrangeiras”.

A província de Nampula tem um potencial enorme no que ao turismo diz respeito, daí que Chapo, sem esquecer a agricultura, quer dinamizar esta actividade naquele ponto do país.

VM promete descentralizar gestão de impostos pagos pelas multinacionais

Venâncio Mondlane, candidato suportado pelo PODEMOS depois da exclusão da CAD, escalou a província de Tete para promover o seu manifesto eleitoral, tendo prometido, em caso de ser eleito Presidente da República, água potável e energia eléctrica.

“Vocês, aqui, têm um rio muito grande que passa por aqui, que é o rio Zambeze… mas muitas famílias que estão aqui não têm água potável nas suas casas. Então, nós queremos instalar centros de tratamento da água e distribuição, para toda a população de Tete ter água na sua casa. Aqui em Tete, vocês têm a chamada Cahora Bassa, é nossa, mas a maior parte das famílias aqui não têm energia nas suas casas. Muitas famílias aqui, para ter luz em casa e ver alguma coisa, usam nhale”, declarou

Os combatentes não serão esquecidos na governação de VM, por isso renovou a ideia de atribuir bolsas de estudo no ensino primário e secundário para os filhos dos antigos combatentes.

“Eu sou o único candidato que sempre falou, desde muito tempo… Esse tipo de pensão que estão a dar aos desmobilizados da Renamo não só é uma injustiça, como também é uma vergonha. Por isso é que nós queremos elaborar o estatuto do combatente, não interessa se combateu para a luta de libertação, não interessa se combateu para a luta de democracia, não interessa se está a combater hoje em Cabo Delgado, todo o combatente deve ser tratado de igual maneira”, disse.

Os impostos pagos pelas multinacionais que operam no país são, actualmente, geridos pelo Governo central. Em caso de chegar à Ponta Vermelha, Venâncio Mondlane promete descentralizar a gestão de receita dos impostos pagos pelas multinacionais.

Mondlane entende que há necessidade de rever os contratos dessas empresas e obrigá-las, urgentemente, a pagar os impostos, em pé de igualdade com as empresas nacionais.

No reinado de VM, a Constituição da República será revista com o objectivo de aprovar a lei que defende a obrigatoriedade no abastecimento de água e luz às comunidades.

Ossufo Momade promete reabilitar estradas e industrializar Nampula

O candidato da Renamo à Presidência da República, Ossufo Momade, tem envidado esforços para recuperar o tempo perdido, uma vez que foi o último dos quatro candidatos a entrar em cena.

Na província da Zambézia, Ossufo Momade assegurou reabilitar estradas com vista a facilitar o escoamento dos produtos agrícolas da zona de produção para os mercados.

“A primeira coisa que vamos fazer é reabilitar a estrada. Essa nossa via precisa de estar em condições de transitabilidade, para permitir o escoamento de produtos agrícolas. Com a estrada em condições, os que também vêm comprar os produtos agrícolas terão boas condições. Votem em Ossufo Momade e na Renamo para criarmos melhores condições para vocês e para o país”.

Aliás, por entender que a agricultura é um dos vectores de desenvolvimento, em caso de chegar à Ponta Vermelha, Momade garantiu intervir no sector da comercialização agrícola, de modo a estabelecer preços justos, na compra dos pedidos agrícolas que saem das terras de Pebane.

“Vocês produzem milho, mapira, castanhas de caju e muitas outras coisas, mas quando chega a vez da comercialização, os compradores é que determinam o preço, e nós não queremos isso, queremos mudar isso. Assim que, no dia 9 de Outubro, votarem em nós, vamos trabalhar para mudar isso”.

Antes de escalar a província da Zambézia, o candidato suportado pela Renamo fez périplo pela província de Nampula e assegurou trabalhar para desenvolver Moçambique.

“Nós temos projectos para desenvolvermos Moçambique, porque Moçambique não é pobre, Moçambique é rico. Moçambique precisa de pessoas sérias, responsáveis sérios, não precisa de mafiosos, não precisa de corruptos, ladrões, nós queremos trabalhar”.

Olhando para as potencialidades de Nampula, particularmente o distrito de Monapo, Ossufo Momade, que pretende transferir a Assembleia da República para a província de Sofala e fazer de Nampula capital económica, prometeu que caso vença as eleições vai investir para a industrialização daquela vila que no passado já teve várias fábricas.

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