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Frelimo é corrido pelos 20% e abandona a marcha da vitória em Quelimane

A Frelimo a nível da província da Zambézia decidiu promover a marcha dos 70% em saudação da vitória do partido e seu candidato Daniel Chapo, mas o tiro saiu pela culatra. A principio, o roteiro que compreendia a zona de cimento da autarquia da Quelimane, capital da Zambezia, foi substituído por uma sentada no pavilhão de Benfica, mas nem mesmo com esta mudança saiu como esperado. Depois de umas duas músicas e cantos de celebração, um grupo de manifestantes que se supõe serem da Renamo e Podemos, que se uniram para marchar todos os dias em protestos aos resultados eleitorais, aproximou-se do local. Ao se aperceber da aproximação, os manifestantes da Frelimo saíram do pavilhão em debandada enquanto tiravam camisetes do partido para não serem reconhecidos. A semelhança do que aconteceu noutros pontos, a marcha da Frelimo – que nunca viu suas passeatas recusadas num contexto em que nenhuma marcha da oposição ou sociedade civil é autorizada – não foi comunicada às autoridades e foi denunciada à procuradoria provincial pela edilidade, sob o mesmo argumento que a Frelimo evoca nas cidades onde governa as autarquias: falta de autorização, no caso, de comunicação.

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O Frelimo, a nível da província da Zambézia, promoveu, no sábado passado, a marcha da vitória do partido e so candidato presidencial Daniel Chapo, na mesma cidade (Quelimane) onde a oposição tem marchado todos os dias em protestos contra os resultados divulgados pela Comissão Nacional das Eleições (CNE). A marcha da Frelimo não obedeceu a lei que manda comunicar (que não se confunda com o pedido de permissão) às autoridades autárquicos e partilhar o respectivo roteiro. O facto terá obrigado a edilidade de Quelimane a denunciar essa inobservância legal a Procuradoria Provincial.

Mas não foi essa inobservância legal que veio a colocar a marcha da Frelimo no centro das atenções. Foi a suposta marcha dos 20 por cento e mais (inclui a Renamo) em direcção ao Pavilhão do Benfica, bem próximo do município, onde decorria o evento da Frelimo, testemunhada pela Chefe da Brigada Central de Assistência a província, Margarida Talapa.

Ao se aperceber da aproximação da marcha da oposição, os manifestantes da Frelimo levantaram em debandada e cada um começou a fugir em sua direcção. Um vídeo amador mostra um simpatizante do partido a correr enquanto desfazia-se da camisa da Frelimo, o que sugere, sem duvidas, que se tornou perigoso em alguns lugares ser do partido que sustenta o governo, degradando a tolerância política que nunca fez parte da gramatica daquele partido.

As manifestações na Zambézia têm sido liderados pelo Podemos e Renamo, um casamento que coloca Manuel de Araújo, actual Presidente do Conselho Municipal no topo, como o candidato eleito para governar a província. Uma realidade desmentida pelos dados da CNE.

Manuel da Araújo diz que marchas só vão terminar com a reposição da verdade eleitoral

Através de uma carta dirigida às lideranças comunitárias e religiosas; partidos políticos, movimentos cívicos e organizações da sociedade civil; instituições acadêmicas e educativas; imprensa nacional e internacional; organizações internacionais e corpo diplomático, Autoridades Governamentais Locais e Nacionais; Forças de Defesa e Segurança, Manuel de Araújo reitera que a província da Zambézia sempre foi o bastião  da liberdade, da democracia e da escolha consciente.

O cabeça – de – lista da Renamo ao cargo de Governador da província da Zambézia nas Eleições Gerais, Legislativas e das Assembleias Provinciais, realizadas em Outubro do ano em curso, refere que não reconhece os resultados anunciados pela Comissão Nacional de Eleições, visto que tem a certeza que o seu partido foi o mais votado naquele ponto do país.

“Desde tempos imemoriais, a Zambézia sempre foi um bastião da liberdade, da democracia e da escolha consciente. Em eleições sucessivas, este povo manifestou inequivocamente a sua confiança na RENAMO como o verdadeiro representante das suas aspirações e sonhos. Desta feita, mais uma vez, a Zambézia escolheu a RENAMO para liderar os destinos desta província, e não permitiremos que a vontade soberana do nosso povo seja obliterada por quaisquer artimanhas ou manipulações engendradas por entidades como a CNE, o STAE ou quem quer que seja”, lê-se na carta.

O direito à manifestação está plasmado na Constituição da República de Moçambique, daí que Manuel de Araújo convoca todos os zambezianos para se manifestarem pacificamente com vista a exigir a reposição da verdade eleitoral.

“Conforme consagrado na Constituição da República de Moçambique, especialmente no artigo 51.º, que garante aos cidadãos o direito de reunião e manifestação pacífica, e artigo 2.1.º, que proclama a soberania como pertença única ao povo, convocamos todos os zambezianos, em cada distrito, localidade e bairro desta vasta e rica província, a erguerem as suas vozes de forma pacífica e ordeira, para exigir a reposição da verdade eleitoral. Esta é uma luta que transcende partidos políticos; é uma luta pelo respeito à democracia, pelo futuro dos nossos filhos e pela integridade do nosso país. Não nos levantamos contra a lei, mas sim em sua defesa. Reafirmamos que todos os nossos actos respeitarão escrupulosamente o que a Constituição determina, pois é na legalidade que a nossa força reside”.

Na luta pela reposição da verdade eleitoral, o actual edil de Quelimane pediu apoio das organizações estatais, internacionais e, sobretudo das Forças de Defesa e Segurança que, ao seu ver, devem ser usados com instrumentos para reprimir os legítimos anseios do povo.

“Exorto, pois, as lideranças comunitárias e religiosas, os movimentos cívicos, as organizações da sociedade civil, as instituições académicas, a imprensa, as organizações internacionais e as autoridades governamentais, a unirem-se connosco nesta causa justa e nobre. Apelo igualmente às Forças de Defesa e Segurança para que sejam guardiãs da paz e não instrumentos de repressão contra os legítimos anseios do povo. O papel das forças armadas é proteger a nação, e não silenciar as vozes que clamam pela justiça”.

Nas entrelinhas, Manuel de Araújo reiterou que a luta pela reposição da vontade do povo expressa através das urnas é de todos moçambicanos, pedindo que os mesmos se inspirem nos ideais de Afonso Dhlakama e Samora Machel.

“A Zambézia escolheu. A Zambézia sempre escolheu. E não nos curvaremos diante de artifícios destinados a roubar o que nos pertence por direito. Esta luta é de todos nós, pela Zambézia, por Moçambique, pela liberdade. Que o espírito de Samora Machel, Eduardo Mondlane, André Matsangaíssa e Afonso Dhlakama e de todos os que tombaram pela dignidade da pátria nos inspire e guie”.

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