Felisberto S. Botão
O capitalismo, no modelo vendido pelo ocidente, permite que grupos restritos controlem as massas, e por via disso, controlem os recursos de uma nação, a sua economia e sua política. Entretanto, a publicidade que se faz, é que o capitalismo é a promoção de propriedade privada e a economia de mercado. Esta é uma falácia, igual a democracia, onde propaga-se a liberdade do povo escolher, mas na verdade, o controlo das instituições e da economia é que determina os resultados eleitorais, sendo o povo quase sempre defraudado.
Esta possibilidade de controlo ilegal da economia e dos recursos de uma nação, com uma cobertura legal, atrai muitos regimes, o que faz o ocidente conseguir adeptos na Síria, no Egipto, na Líbia, no Quénia, na Venezuela, no Brasil, na Ucrânia, na Geórgia, e um pouco pelo mundo, onde vemos levantamentos ditos “pro-west”, onde a soberania é colocada em segundo plano. Mas a moeda de troca que estes regimes têm, para poderem fazer o uso deste sistema de negócio, que lhes garante o controlo local da economia e da política que é uma autêntica “franchising” ocidental, é abrir as suas portas para o ocidente tomar conta da sua parte no roubo de recursos e controlo da economia sem questionamentos.
Muitos países africanos, aliás, todos, adoptaram o sistema ocidental, uns voluntariamente e outros forcados, uns mais cedo e outros mais tarde, hoje somos todos “democratas e capitalistas”. O sistema foi muito bem desenhado, ao detalhe para que vingue. Entretanto, os criadores do sistema democrático e capitalista estabeleceram regras, e uma delas é a existência de instituições fortes que servissem de inibição â ganancia humana. Em África, a possibilidade do absolutismo subiu a cabeça, um pouco também condicionado pela necessidade de acobertar a acção do ocidente no país, e optou-se por instituições propositadamente fracas, dirigidas pelo poder central, o que não poderia levar a outro fim se não a anarquia e abuso do poder.
O ocidente está em decadência, e o colapso está a precipitar-se de forma acelerada. A tendência global do imperialismo é a queda. Muitos regimes africanos, tendo começado forçados, acabaram gostando e adoptado o modelo de exploração imperialista. Desligaram-se da linha original de libertar o povo, e começaram a apreciar os benefícios de explorar o povo.
O ocidente permite e apoia que assim seja, para que estado chegue a este nível que Moçambique chegou. Não é por acaso que estão no silêncio, com apenas pequenas intervenções estratégicas, diante da confusão instalada em Moçambique.
O modelo europeu baseia-se no roubo e na colonização, duas tácticas sustentadas na geração do medo através de genocídios e destruição da dignidade dos povos locais. Se insistimos em copiar estes modelos, a quem vamos colonizar? A quem vamos escravizar? A quem vamos subjugar, se não o nosso próprio povo, afinal, estamos a funcionar na África e não na europa, ásia ou américa.
O ocidente hoje só fala de proteção de suas economias, fugindo a economia de mercado que propagam, isso porque perderam o controlo do sistema, os outros apenderam as regras do jogo e querem trabalhar “in leveled playground”. O ocidente nunca operou em “leveled playground”, ou seja, um terreno `nivelado, porque eles não têm esta capacidade.
O que será necessário fazer para a nossa elite entender que estamos a lutar para proteger um sistema que não é nosso e não favorece a nós?
Severino Ngoenha fala de “acordo de bravos“, uma expressão que gostei muito, e que caracteriza muito bem o que o país precisa, mas o Daniel Chapo precisa urgentemente mostrar a sua liderança e tomar iniciativa sem precisar pedir autorização, afinal tem 70% de possibilidade de ser o próximo presidente da república, não pode continuar escondido e a espera do chefe. O senhor já é o chefe, a bem ou a mal.
Sr. Candidato Daniel Chapo, a luta já é sua, e não do presidente Filipe Nyusi. É urgente que o Daniel Chapo Construa alianças na Frelimo, na polícia, nas forças armadas e na polícia secreta, para ganhar legitimidade para liderar a negociação com o Venâncio Mondlane e outros candidatos, o que o faria ganhar alguma legitimidade e respeito perante os parceiros, as elites e o povo.
O STAE, a CNE e o CC já escangalharam o nosso processo eleitoral, por conta da questão de instituições fracas que falei, o excesso de zelo fê-los todos caírem no ridículo e no descrédito total, pois não têm capacidade se quer de lembrar que o chefe também se estressa e precisa de ajuda para pensar. Nas circunstâncias actuais, não há condições de nenhum presidente e nenhum partido governar tranquilamente o país, as instituições eleitorais que citei acima só podem piorar, seja qual acção quiserem tomar. Só um acordo entre os quatro candidatos pode salvar este país.
Se há um golpe de estado que eu poderia apoiar hoje, seria a destrona das instituições eleitorais pela frente unida dos quatro candidatos presidenciais, Daniel Chapo, Venâncio Mondlane, Ossufo Momade e Lutero Simango, na condição de perceberem que a lealdade à pátria deve vir em primeiro lugar, antes da lealdade aos grupos políticos.
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