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A Frelimo nunca vai me comprar, disse o Albano Carige

Felisberto Botão

Não resisti a escrever este artigo, que foi um desvio do que estava a escrever para esta semana, quando ouvi o Presidente do Município da Beira, num vídeo nas redes sociais, a afirmar que “a Frelimo nunca vai me comprar”, num momento que eu estava a tratar um assunto bizarro com o Município da Beira, onde um cidadão, que se afirma com muita influência no partido Frelimo, fez telefonemas, pessoalmente ou através do seu advogado, para anular a decisão da fiscalização, que depois de uma análise técnica de uma obra nova, concluiu que a obra violava a postura urbana, e prejudicava os comproprietários.

Eu pago impostos, como pessoa e com mais de duas instituições, e possuo outros empreendimentos económicos que também contribuem para o município e para o estado central, o que torna muito aborrecido, passar por situações de violação de sua privacidade e de direitos, por simples questão e capricho de uma amizade que o presidente do município quer manter, independentemente dos estragos e atropelo na postura urbana.

É assim que queremos gerir as instituições públicas, e querem fazer-nos acreditar que são uma alternativa para a boa governação?

É de pequenas obras que se percebe a postura de um edil

São várias as obras que estão a acontecer hoje nas cidades de Moçambique, e Beira não é uma excepção. A pressão sobre os espaços, tanto nas zonas urbanas, assim como nas zonas periurbanas, é muito grande, devido a demografia.

O reaproveitamento e otimização de espaços na zona urbana é muito comum hoje, e compreensível devido a busca de infraestruturas (saneamento, estradas, etc.), inexistentes nas zonas suburbanas e de expansão, mas nem por isso deve servir de pretexto para atropelar-se as normas básicas da postura urbana.

No caso em concreto, o cidadão supracitado decidiu ampliar a sua dependência, em planta e em pisos, e ligar com a sua propriedade no primeiro andar, o que interfere com os espaços comuns e de outras propriedades. Entretanto, foi interpelado o cidadão, com vista a obter esclarecimentos dos possíveis riscos que daí pudessem emergir, sem sucesso, se arrogância e desdenho, e no processo constatamos:

  1. Não parece haver nenhum desenho de orientação da construção, o que consubstancia uma violação, uma vez estar a ocorrer modificação da estrutura, incluindo em elementos comuns, e haver necessidade de modificar o sistema de esgotos.
  2. Não foi respeitado o espaço comum na concepção da obra, e não foi efectuada nenhuma consulta aos proprietários de espaços vizinhos.
  3. A obra está a obstruir as janelas da nossa propriedade, e dificultando o acesso ao nosso equipamento de frio, o que será um transtorno na hora da manutenção.
  4. A obra do R/c da dependência aconteceu sem que percebêssemos o movimento, só quando atingiram o primeiro andar, percebemos por conta dos efeitos da demolição da laje da nossa cobertura, o que não é razoável para um espaço de convivência comum.
  5. Não conseguimos conversa com o vizinho, nem com seu advogado, que acredita estar a exercer o seu direito, incluindo a desobediência aos fiscais do município, depois de por duas vezes, os fiscais suspenderem a obra e recolherem ferramentas e equipamento.

A obra continua, sob alegação que nenhum fiscal vai impedir, porque o presidente do município deve favores a alguém do círculo do dono da obra, e de facto a fiscalização anda fugitiva.

A ser verdade, será que é esta a postura de um edil? Sacrificar a estrutura da cidade por conta de favores pessoais? Como poderemos acreditar numa liderança nestas condições, numa época em que a luta do povo na rua e mesmo a falta de palavra de honra da liderança, e impactos negativos de amiguismo e nepotismo nas instituições do estado?

Vemos hoje que a liderança em Moçambique está atordoada, e já não está envolvida numa luta política para os altos interesses da nação, mas sim, numa luta de sobrevivência da classe e de proteção de seus interesses pessoais, tanto que já nem se quer percebem a barbaridade óbvia das suas acções e ordens. As autoridades moçambicanas não conseguem incluir a variante “povo” na sua equação, o que conta é o seu círculo e acobertar que não venha a público.

É assustador como estamos cada dia mais parecidos com o colono, quanto mais o número de anos de independência aumenta. Fica a impressão que aos poucos vamos percebendo as razões do colono, e vamos validando as suas metodologias. Só que não temos a lucidez de perceber que o colono extorquia de nós para dar boa vida ao seu povo lá na terra deles, e nós, usamos a extorsão contra nós mesmos. Isso gera tanta confusão nas nossas cabeças que acabamos mandando dinheiro lá para a terra do colono, pensando que é “em casa” também.

Nós não estamos a construir uma nação, parece mais que estamos a destruir, voluntariamente, porque já não temos nenhuma ligação emocional com a nação e com o seu povo.

Todas as guerras e insurgências em África, tem a mão ocidental, particularmente dos estados unidos, através da CIA, e da França, através da Legião Estrangeira. Os franceses, holandeses e belgas, são os que mais sangue africano tem em suas mãos, e juntando Portugal, são os que mais defendem a manutenção de África como colónias. Lembra que Portugal foi a última potência colonial a resistir às lutas de libertação?

A agenda europeia visa derrubar os governos que estão a fortificar-se fora do seu sistema, especialmente em África. Sabe-se que os agentes do apartheid da África do Sul estão em força ainda hoje, e são muito bem-recebidos pelo sistema europeu. Para o sistema europeu, democracia significa controlar o poder político, e puder derrubar o líder não alinhado, através de eleições periódicas; autoritarismo, significa governos fortes e apoiados pelo povo, que devem ser derrubados, pois perigam o seu domínio; responsabilização, é a punição de líderes que ousam desafiar o sistema, como Kadhafi, o Magufuli, o Kwame, e ainda hoje temos Traoré, o Tchiani, o Goita, o Putin, o Maduro, etc. Esta responsabilização não é válida para bandidos explícitos como o Macron, Biden, Obama, Hillary, Ursula, Netanyahu e outros, pois estes estão no sistema. E por fim, transparência, significa não operar fora do seu sistema financeiro, democrático, comercial, e de suas instituições, como a ONU, FMI, OMS, etc. Entretanto, quem trabalha na penumbra são eles, quando organizam, instalam e alimentam insurgentes em Cabo Delgado, quando pagam o Ruanda para encobrir suas acções em Moçambique e no Congo, quando criam pandemias como a Covid-19, quando impõe sementes geneticamente modificadas, as famosas GMO – “genetically modified organism”, quando impõem o Dólar ao mundo, lastreado em nada, como um activo de reserva internacional, entre outros absurdos sistémicos, próprio de um sistema imperialista que prega valores que não tem.

Moçambique, com o grande investimento externo, veio junto a insurgência, a especialidade dos franceses. E para camuflar o combate, a França mandou trazer o seu pupilo, Kagame, que deve ser dado mimos para não denunciar o genocídio de Ruanda, que afinal não teve nada a ver com lutas tribais, mas sim, a necessidade de sacrifício humano que o ocidente queria, através de muito sangue. Agora nós temos que aturar o Ruanda como beneficiário do conteúdo local moçambicano.

Nós acreditamos que o nosso povo é pobre, e não conseguimos visualiza-lo de forma diferente. É por esta razão que apostamos em programas sociais, como kits de autoemprego, e não programas de desenvolvimento, como o conteúdo local. Veja as bolsas de estudo, é mais um programa social, de ajuda aos jovens, e não um plano de desenvolvimento, pois não há plano de integração destes jovens depois formados. Muitos se integram nos países onde vão estudar, e ninguém sente falta deles por aqui.

Nós já discutimos aqui sobre o conteúdo local. A qualidade que os outros países apresentam, foi suportada pelos seus governos, através de medidas protecionistas. Hoje é muito evidente com as acções que assistimos da europa e dos estados unidos, com relação a imposição de taxas específicas aos produtos e indústrias externos, para proteger as suas indústrias e suas economias.

Se não há inimigo interno, o inimigo externo não pode nos fazer mal”. Infelizmente, o inimigo interno de África, regra geral, é a sua liderança.

O cansaço e a fome é o que mata muitos movimentos jovens. É o que vemos na Nigéria, do Tinubu, o governo só precisa calar e controlar os excessos, os jovens acabam parando de fome. É aí que deviam entrar as ONGs, para distribuir água e comida, mas como o poderão fazer, se estas também vivem do sangue e da pobreza do povo? Qualquer suporte a revolução iria levar a sua extinção, até por ordens da europa.

Mas temos que reconhecer que em Moçambique esta revolução esta a surpreender a todos. O software que o jovem moçambicano está a trazer no mercado não está a correr no sistema operativo do governo do dia, este precisa de um upgrade para ser capaz de ler o software.

Alguém sugeriu, e eu concordo, que independente do que acontecer nesta revolução, estes jovens merecem um memorial no Maputo, e quiçá, em Adis Abeba.

O seu comentário e contribuição serão bem-vindos. Obrigado pelo seu suporte ao movimento SER ESPIRITUAL  https://web.facebook.com/serespiritual.mz/

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