O presidente do PODEMOS, Albino Forquilha, vincou, recentemente, que os deputados do partido por si liderado vão tomar posse no dia 13 do corrente mês de Janeiro na Assembleia da República. Venâncio Mondlane, apesar de revelar que a corrida para a tomada de posse foi um dos pontos de discórdia com Forquilha, diz que não se opõe a tomada de posse dos deputados da força política que suportou a sua candidatura presidencial, mas adverte que esta decisão pode ser vista como traição pelo povo que depositou confiança no PODEMOS nas eleições de Outubro último.
De acordo com Venâncio Mondlane, o PODEMOS deve adiar a sua tomada de posse na Assembleia da Republica e continuar a lutar ao lado do povo
“É uma forma de pressão para que seja feita justiça aos nossos concidadãos, e é dever político e moral do PODEMOS continuar ainda com o povo, na rua, a lutar e adiar a sua posse na Assembleia da República. Adiar não é sinonimo de nunca tomar posse. Aliás, nos termos do artigo 177 da Constituição da República, o assento na Assembleia da República pode ser tomado a qualquer momento, dentro da Legislatura e o dever de respeitar a representatividade e proporcionalidade na Assembleia da República nunca vai prejudicar os lugares na(s): Comissão Permanente: Comissões de Trabalho: Conselho de Administração: Gabinetes Parlamentares, Grupos Nacionais Ligas de Amizade, e as nomeações por representação e proporcionalidade na Assembleia da Republica”, lê-se na carta aberta enviada ao presidente do PODEMOS.
Mondlane não tem duvidas de que a partir duma corrida impaciente ao Parlamento, o PODEMOS vai ter dificuldades em ter vitórias políticas objectivas, olhando ao império da força do Regime, tendo para o efeito dado o o exemplo da Renamo que nunca viu uma proposta de lei por si desenhada ser aprovada na Assembleia da Republica.
O candidato presidencial, que segundo a CNE e Conselho Constitucional foi o segundo mas votado, lembra que o PODEMOS foi prejudicado em cerca de 90 assentos parlamentares. No entanto, apesar de referir que a tomada de posse dos deputados do partido liderado por Albino Forquilha na Assembleia da República será visto como traição para o povo, Venâncio Mondlane diz que não se opõe a decisao da forca política que suportou a sua candidatura presidencial.
“Eu nunca me opus sobre a tomada de posse e assento na Assembleia da República, apenas me oponho que esse acto tenha lugar de forma mais vencida, em que nem sequer as principais reivindicações apresentadas ao regime tenham sido tidas e nem achadas em conta. O que indica o PODEMOS optou pela via mais comoda, passando sobre a memória de mais de 400 pessoas assassinadas, mais de 1000 pessoas feridas, cujas feridas ainda continuam abertas e muitas delas com sequelas e invalidezes vitalícias, mais de 5000 concidadãos presos e torturados brutalmente nas cadelas, unidades da PRM, UIR, etc. Muitos presos, que diariamente são torturados pelos seus carrascos, continuam nas masmorras e é sobre estes e muito mais, que sentimos não ser possível existirem corações humanos que possam passar por cima de tudo isso, sendo os primeiros a tomarem posse, de uma luta cujos guerreiros estão definhando algures em masmorras, aos gritos da dor mais agoniante, fome, isolamento e deixados ao Deus Dara”.
Por outro lado, Mondlane questionou ao presidente do PODEMOS se vai cumprir com algumas cláusulas constantes do Acordo Político Coligatório, celebrado em Manhiça a 21 de Agosto de 2024, cujo conteúdo ainda não é do domínio publico.
“Tendo em conta que PODEMOS já é imparável e vai tomar posse no Parlamento no dia 13 de Janeiro de 2025, solicitamos que a resposta sobre a pergunta acima (em negrito) nos fosse dada no prazo de 3 dias, após a recepção desta missiva, e de forma pública tal que foram os pronunciamentos dissonantes com o espírito do Acordo. E também para se saber se o acordo segue com o conforto dado em Manhiça, aos 21 de Agosto de 2024”.