PODEMOS não conseguiu localizar alguns dos seus deputados eleitos e já solicitou a sua substituição

DESTAQUE POLÍTICA
  • Alguns nomes foram recolhidos nos mercados e na rua só para aumentarem o número
  • PODEMOS tinha poucas chances de se eleger e preencheu as suas listas com anónimos
  • Hoje não sabe onde encontrar dois dos seus deputados eleitos para tomarem posse
  • Apoia-se nas manifestações para alegar estarem em parte incerta e já solicitou a substituição

É um caso no mínimo insólito. Pela primeira vez na história da democracia multipartidária do País, um partido com assento parlamentar não consegue localizar parte dos seus deputados eleitos para poderem tomar posse. Trata-se do estreante PODEMOS que, antes de se juntar a Venâncio Mondlane, tinha poucas chances de entrar no parlamento e o preenchimento da lista dos seus candidatos a deputados acabou sendo feito de forma aleatória somente para preencher o número mínimo exigido para que uma lista seja considerada válida para concorrer à Assembleia da República, nalguns casos com nomes de pessoas encontradas nos mercados e ruas. É o caso de Faizal Anselmo Gabriel e António Pedrito Faruma, os quais o partido dirigido por Albino Forquilha não consegue localizar lá se vão mais de 60 dias depois do arranque da presente legislatura. O PODEMOS viu-se obrigado, semana finda, a solicitar a sua substituição sob alegação de que desapareceram durante as manifestações

Duarte Sitoe

Os deputados eleitos nas últimas eleições legislativas tomaram posse no dia 13 de Janeiro do ano em curso. A cerimónia dirigida por Filipe Nyusi contou com a participação de 171 deputados eleitos pela FRELIMO e 39 pelo PODEMOS, partido que destronou a RENAMO como o maior partido da oposição em Moçambique.

Sucede que dois dos deputados da formação política liderada por Albino Forquilha, nomeadamente, Faizal Anselmo Gabriel e António Pedrito Faruma, não compareceram na cerimónia da tomada de posse, volvidos 56 dias, sob a alegação de que os mesmos desapareceram durante a onda de manifestações. Foram, assim, indicados Azarias Muianga e Ananias Maússe como seus substitutos.

No entanto, o Evidências sabe que os dois membros do PODEMOS que estão em parte incerta foram substituídos porque o partido não os consegue localizar porque os seus nomes apenas constaram nas listas para cumprirem as formalidades na entrega das candidaturas na Comissão Nacional de Eleições.

É que à entrada para as Eleições Gerais, Legislativas e das Assembleias Províncias, o PODEMOS não constava no rol dos candidatos a conquistar assentos na Assembleia da República e nas Assembleias Provinciais.

Para cumprir com as exigências das instituições de administração eleitoral, ou seja, Secretariado Técnico de Administração Eleitoral e Comissão Nacional de Eleições, o partido liderado por Albino Forquilha recorreu a cidadãos anónimos, alguns deles abordados em mercados e ruas para completar as listas.

Quando se associou à candidatura presidencial de Venâncio Mondlane, na sequência da reprovação da candidatura da Coligação Aliança Democrática (CAD), o PODEMOS renasceu das cinzas e passou a ser uma força a ter em conta.

A popularidade de Mondlane ajudou o PODEMOS a destronar a RENAMO como maior partido da oposição em Moçambique, tendo conseguido eleger 41 deputados para a Assembleia da República e outros tantos para as Assembleias Províncias. No entanto, até hoje não conseguiu localizar dois deputados eleitos pelo agora maior partido da oposição.

Trata-se de António Furuma, eleito pelo círculo eleitoral da província de Tete, e Faisal Gabriel pelo círculo eleitoral da província de Maputo, os quais não compareceram para tomar posse e não apresentaram qualquer justificação, daí que a Assembleia da República, apoiando-se no Estatuto, Segurança e Providência do Deputado, tenha chegado à conclusão de que desistiram de tomar posse e, consequentemente, perderam o mandato.

Antes de se aliar a VM, PODEMOS era só mais um partido sem chance

Na sua versão dos factos, o PODEMOS justificou que os dois deputados continuam desaparecidos por motivos de manifestações, tendo, por isso, solicitado a sua substituição por Azarias Muianga e Ananias Maússe.

No entanto, fontes do Evidências revelam que o partido não sabe qual é o paradeiro dos mesmos, pois fazem parte de um número considerável de candidatos a deputados que foram abordados nas ruas e mercados e nem sequer sabem até hoje que os nomes que entregaram era para concorrerem a deputados.

Evidências apurou que os nomes foram recolhidos de forma aleatória simplesmente para preencher a lista para concorrer, na altura sem esperança de entrar na Assembleia da República. Antes de se aliar a Venâncio Mondlane, o PODEMOS era mais um daqueles partidos que concorriam simplesmente para embolsar os milhões da CNE. Alguns dos seus candidatos nem são militantes do partido e havia até casos de pessoas que não possuem habilitações literárias para serem dignos representantes do povo no Parlamento.

Numa breve entrevista ao Evidências, o porta-voz do Podemos, Duclesio Chico referiu que António Furuma e Faisal Gabriel perderam o mandato e foram substituídos pelo facto de continuarem em parte 30 dias após a tomada de posse.

“Não há ninguém que foi trocado pela falta de capacidade. Todos somos mandatários e o povo nos escolheu para cumprirmos uma agenda do Estado”, justificou.

Refira-se que não foi apenas o partido liderado por Albino Forquilha que recorreu a cidadãos anónimos para compor as listas submetidas na Comissão Nacional de Eleições, uma vez que os partidos extraparlamentares usaram a mesma estratégia para preencher os requisitos exigidos pela instituição presidida por Dom Carlos Matsinhe no acto da submissão das candidaturas. Muitos tem como objectivo o quinhão distribuído ao desbarate.

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