Quando anunciou o pacote de medidas para os primeiros 100 dias de governação, Venâncio Mondlane exigiu que o preço do cimento fosse revisto para no máximo 300 meticais. A medida em alusão, tal como outras, não teve qualquer acolhimento formal, se não abertura de espaço para acções sabotagem a alguns armazéns que não podiam vender abaixo do processo do mercado. No entanto, na última semana, o Ministério da Economia, através do Director Nacional da Indústria, Sidónio Santos, anunciou que o Executivo pretende remover a protecção feita na indústria de produção do cimento em Moçambique, em 20 por cento, para dar competitividade ao sector e, consequentemente, reduzir o preço para o consumidor final.
Duarte Sitoe
Quando a Dugongo Cimentos entrou no mercado nacional, prometeu, na voz do seu presidente do Conselho de Administração, Victor Timóteo, que o cimento por si fabricado nunca estaria acima de 300 meticais.
No entanto, essa promessa foi “sol de pouca dura, uma vez que acabou cedendo à pressão dos cartéis que detêm a hegemonia do sector e, actualmente, o cimenta está acima de 400 meticais. Para tal, o cartel, liderado pelas empresas de produção de cimento que dominavam o mercado, chegou a um acordo com a Dugongo para passarem a comprar clínquer desta e, em contrapartida, aumentaria o preço sob o pretexto de não matar a concorrência.
Por considerar que o preço do cimento em algum momento constitui entrave para os jovens que sonham em ter casa própria; Venâncio Mondlane, exigiu, no rol das medidas para os primeiros 100 dias de governação, a redução do preço do mesmo para no máximo 300 meticais em todo o território nacional.
Não se sabe ao certo se o Executivo agiu à boleia das medidas anunciadas por Mondlane, mas já é um dado adquirido que pretende remover a suposta protecção na indústria do cimento com vista a reduzir o preço.
O Director Nacional da Indústria, Sidónio dos Santos, referiu numa entrevista à AIM, que o Executivo vê a necessidade de abrir o mercado para que a competitividade gere a qualidade e redução dos preços do cimento.
“Era preciso que os investimentos ocorressem num ambiente de protecção e, neste momento, temos a Dugongo como a única que produz matéria-prima. E sabíamos que, quando protegêssemos, haveria cartéis ou monopólios. Acreditamos que no dia em que retirarmos a protecção, aí vamos perceber melhor a dinâmica dos custos porque vão entrar no mercado outro tipo de players”, disse Sidónio dos Santos.
De acordo com Dos Santos, a protecção feita a Dugongo matou a concorrência, sendo que a única forma de perceber o estágio do mercado é voltar a abrir a indústria, numa altura em que a nível regional estão a correr investimentos acima de 100 milhões de dólares para aumentar a produção.
“Na altura que não tínhamos essa protecção havia cimento que vinha da China, Paquistão e outros cantos do mundo, mas agora já não há cimento importado no mercado”, sublinhou.
Na África do Sul, o cimento Dugongo é vendido a um preço baixo em comparação ao aplicado em Moçambique. Em relação a este contraste, o Director Nacional da Indústria revelou que o Governo está investigar o que está por detrás desta decisão, porém, lembrou que mesmo quando entrou no mercado nacional, a firma sediada na Província de Maputo usou a estratégia de baixar os preços o que, de certa forma, contribuiu para o encerramento de muitas fábricas.
“Protegemos a indústria do cimento para que houvesse investimentos e esses investimentos estão a acontecer. Agora vamos tomar outras medidas e a redução do preço do cimento terá que acontecer (…) Deixem-nos trabalhar para apurar a situação. Estamos a investigar. A Dugongo começou a funcionar nesse mercado, colocou preços competitivos, houve um abaixo-assinado e algumas empresas fecharam por causa do impacto da Dugongo”, vincou.

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