· Violência policial contra manifestantes e terrorismo são, segundo activistas, provas de que Moçambique não está reconciliado
No Último Informe Anual como Presidente da República, Filipe Nyusi referiu que deixa o país reconciliado. Recentemente, a Plataforma DECIDE, o Observatório das Mulheres e o Parlamento Juvenil realizam uma “Auscultação pública sobre o Estado Geral da Nação’’ com o objectivo é colher sensibilidades e percepções dos cidadãos, maioritariamente mulheres, jovens e pessoas com deficiência, com vista a construção de um parecer técnico sobre o Estado Geral da Nação, desafios e recomendações numa perspectiva de juventude, género e inclusão. A maioria dos partcinpamtes do evento não alinha com a ideia de Mocambqiue reconcliado anuncaido por Nyusi, tendo apontado para a violencia policuial dfurante a onda de manifestações, o terrorismo na província de Cabo Delgado e os feminicídios que ano pós ano acumulam vitímas.
Duarte Sitoe
Na hora do adeus, Filipe Nyusi não teve dúvidas de que, apesar das dificuldades encontradas ao longo dos últimos 10 anos, sai da Ponta Vermelha com “Com profunda emoção e sentimento de dever cumprido” porque “entregamos o país totalmente reconciliado”.
Na última semana, três organizações da sociedade civil, nomeadamente, Plataforma DECIDE, Observatório das Mulheres e o Parlamento Juvenil, realizam uma “Auscultação pública sobre o Estado Geral da Nação’’ com o objectivo é colher sensibilidades e percepções dos cidadãos com vista a construção de um parecer técnico sobre o Estado Geral da Nação.
Durante o evento que teve lugar na Cidade de Maputo, o activista social e director executivo da Plataforma DECIDE, Wilker Dias, referiu que o actual Estado Geral da Nação é deveras desafiante.
“Os desafios são imensos e os problemas vêm atrás desses desafios. O Estado da Nação é extremamente desafiante por motivos muitos simples, ou seja, carregamos muitas problemáticas do governo anterior. Temos um novo governo que ainda debate-se com os problemas deixados pelo anterior que acabam tirando a estabilidade ao nível do país. Há muito que se trabalhar nos sectores da saúde, educação e segurança, mas acima de tudo no que diz respeito a paz que é ainda é uma irealidade do povo mocambicano”, disse Wilker Dias, referindo depois as sugestões deixadas pelos participantes serão convertidas em recomendações técnicas que serão, no dia 02 de Abril em curso, a segunda Comissão da Assembleia da República.
Relativamente ao actual Estado Geral da Nação, a secretaria executiva do Observatório das Mulheres, Quitéria Guirengane foi parca nas palavras, referindo que é de “medo e insegurança, sendo que o activista social, Nádio Taimo, aponta que Filipe Nyusi equivocou-se quando disse que deixava um país reconciliado.
Aliás, Taimo trouxe à baila as recentes declarações de Daniel Chapo sobre jorrar sangue para estancar a onda de manifestações.
“Enquanto não aceitarem ideias diferentes este país não estara reconcliado”
“Os pronunciamentos de Filipe Nyusi sobre reconciliação nao são verdadeiros , é o que ele acredita, mas não corresponde à verdade. Ele deixou o país mais dividido por causa das eleições. O nosso maior problema atualmente são os resultados das eleições que estavam longe das expectativas que o povo esperava. O Conselho Constitucional reconheceu que houve fraude, mas nao cancelou as eleições. o presidente da República tomou posse com um discurso muito bonito, porém dias depois veio com discursos desajustados daquilo que prometeu, ou seja, a reconciliação. O jorrar sangue não é discurso de reconcliação”.
Inocêncio Manhique, jovem que perdeu um olho durante as marchas em homenagem a Azagaia, não acredita num Moçambique reconciliado enquanto o Executivo liderado por Daniel Chapo não aceitar ideias diferentes.
“Prefiro acreditar que o país não está reconciliado. Recentemente, quando tudo começou, podemos ver que o país estava em guerra porque quem governa este país não aceita que o seu povo possa estar livre, não tendo um país livre, não tens como ter um povo reconciliado. Prefiro acreditar que este país precisa de medicação, a medicação para o país é a juventude. Este país precisa de cada um de nós para estar reconciliado porque estamos a ser governados por bárbaros que não aceitam ideias diferentes. Enquanto não aceitarem ideias diferentes este país não estará reconciliado e os direitos humanos não farão sentido. Este povo não é vândalo, é vandalizado”, rematou Manhique.
Por seu turno, Alberto Guambe, activista social, defende que Moçambique precisa repensar o que realmente é, visto que actualmente a polícia continua a usar balas verdadeiras para dispersar o povo que sair a rua para manifestar pacificamente.
“Não se pode falar de reconciliação enquanto houver derramamento de sangue. O outro quando saiu disse que deixava o país reconciliado e entra outro e diz que se necessário vamos ter que jorrar sangue. Não vamos falar de reconciliação, enquanto neste momento há pessoas que deram entrada no hospital de Xai-xai devido às manifestações. Moçambique não está reconciliado, Moçambique está dividido. Moçambique precisa sair de si e repensar o que realmente é. Não se pode falar reconciliação enquanto o Governo continua a perseguir os seus opositores”

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