E agora?

OPINIÃO

Hedson Massingue

A ditadura da FRELIMO, que perdura há 50 anos, caracteriza-se por um controlo rígido sobre a sociedade e a repressão a qualquer forma de dissidência. Nos últimos anos, essa repressão se intensificou, revelando um regime que não hesita em usar tácticas autoritárias para silenciar vozes críticas e desestimular manifestações populares. A audição de Venâncio Mondlane e a sua subsequente deportação de Angola exemplificam a luta contínua contra um sistema que busca eliminar qualquer oposição.

Recentemente, o cenário político moçambicano foi agitado pela notificação da mandatária financeira de Venâncio António, que se tornou um símbolo da resistência contra a repressão do Governo. Estaríamos nós, diante de um político sério? Ou diante de alguém que leu os cenários políticos a seu favor pela inoperância do actual Governo e de falta de visão dos seus opositores directos, ou diríamos que é um acto de sua coragem em denunciar as injustiças e exigir mudanças? É algo que ressoou entre muitos cidadãos insatisfeitos com o status quo. Além disso, a detenção da mandatária financeira de VM7 levantou questionamentos sobre as práticas financeiras e a transparência dentro das instituições políticas. Essas acções não apenas intensificam o clima de tensão, mas também indicam possíveis alterações na investigação em torno do processo que pesa sobre o VM7, que já enfrenta acusações de má gestão das alterações urbanas.

As manifestações convocadas por Mondlane reflectem um descontentamento crescente entre os cidadãos que exigem mudanças significativas em um sistema que favorece uma elite privilegiada, enquanto a maioria da população luta para sobreviver.

Contudo, essas manifestações frequentemente enfrentam uma resposta brutal das forças de segurança. As responsabilidades diante da repressão policial são alarmantes; em diversas ocasiões, essa brutalidade resultou em mortes e perdas irreparáveis. O Governo da FRELIMO tem demonstrado uma disposição aterradora para usar a força para manter o seu controlo, transformando o direito à livre expressão em um acto de coragem.

A corrupção endémica e a falta de transparência nas instituições públicas alimentam ainda mais o descontentamento popular. Enquanto os recursos naturais do país são explorados em benefício de uma minoria privilegiada, as comunidades locais continuam a enfrentar pobreza extrema e falta de oportunidades. A situação dos pequenos comerciantes é particularmente alarmante; eles são deixados à margem, lutando para sobreviver em um ambiente hostil onde as políticas económicas favorecem grandes empresários e aliados do regime, que recentemente se beneficiaram de uma injecção de mais de 10 mil milhões de meticais, que significa o rejuvenescimento da elite económica composta por aqueles que possuem o cartão vermelho que tem sido o cartão expresso.

Essa disparidade não é apenas uma questão económica; é uma questão de dignidade humana. A elite continua a prosperar à custa do povo, criando um abismo social que gera frustração e revolta. O resultado é um país marcado por desigualdades profundas e uma falta de esperança generalizada. Essa situação não só gera tensões sociais como também pode levar a um colapso do tecido social.

A crítica à FRELIMO não deve ser apenas sobre a sua repressão política, mas também sobre a sua incapacidade de promover o bem-estar da população moçambicana como um todo. É fundamental que haja uma mudança significativa nesse cenário para evitar que o país se afunde ainda mais em um círculo vicioso de opressão e desigualdade. É preciso olhar pra o projecto dos 100 dias do Governo Chapo que deu a entender que os 100 dias seriam de muito trabalho árduo e resultados rápidos. Esta notória a ausência dos seus pupilos diante do 11 alinhado pelo que o mesmo se mantém no banco para não passar pelo ridículo, diante de um país problematizado pela ganância e espírito de que “nós lutamos e nós mandamos; doa a quem doer, a Frelimo está na moda”.

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