Edmilson Mate
Após um longo período de instabilidade social, o qual perdurou quase seis meses, começa finalmente a vislumbrar-se uma luz no fim do túnel no que diz respeito ao diálogo entre duas figuras que se tornaram centrais no panorama político nacional. Este é um momento importante para o nosso País, especialmente depois de uma fase marcada por perdas humanas, tensões políticas e sociais.
Semanas depois da assinatura do “Compromisso Político para um Diálogo Nacional Inclusivo”, com nove partidos políticos, Daniel Chapo decidiu reunir-se com o então candidato presidencial das eleições de 9 de outubro de 2024 (Um encontro que foi desconseguido por Filipe Nyusi, no fim do seu mandato). Este encontro surge após vários meses de instabilidade e confrontos entre o povo e a UIR, surge como um passo importante para a reconciliação e busca por soluções pacíficas para os desafios que o País enfrenta.
Ao longo dos meses de manifestações e confrontos com a polícia, muitos moçambicanos perderam a vida. O País viveu momentos difíceis, e como diz o provérbio popular, “na luta de dois elefantes, o capim é que sofre”. E, de facto, foi o povo que sofreu as consequências mais graves deste conflito pós-eleitoral. A morte de mais de 300 pessoas e o aumento da violência não só resultaram em tragédias humanas, mas também provocaram um caos social e económico, com cerca de 14 mil cidadãos a perderem os seus empregos. Estes números são demais, especialmente considerando que Moçambique ocupa a terceira posição entre os países mais pobres do mundo. Em vez de avançarmos para o desenvolvimento, somos forçados a usar os recursos limitados que temos para reconstruir o que foi destruído, tanto fisicamente quanto socialmente.
Apesar das dificuldades, é importante reconhecer o esforço de ambas as partes, do Presidente da República Daniel Chapo e do Eng. Venâncio Mondlane, por terem tido a coragem de se sentar à mesa para resolver as suas divergências de maneira fraterna. Este gesto demonstra que é possível, mesmo em tempos de grandes adversidades, encontrar um caminho comum que possa beneficiar a nação como um todo. O diálogo é uma ferramenta poderosa e essencial para a construção de uma paz duradoura e para o progresso de qualquer nação.
Acredito que, unindo as ideias e os esforços de todos, Moçambique poderá caminhar em direcção a um futuro mais próspero e justo. É necessário continuar a trabalhar para fortalecer as instituições, promover a justiça social e garantir que os direitos de todos os cidadãos sejam respeitados. O processo de reconciliação, embora longo e difícil, é fundamental para que possamos superar as divisões do passado e construir um País mais unido e forte.
Não nos podemos esquecer de que, embora o período de instabilidade tenha causado grandes danos, também trouxe consigo um despertar para a consciência cívica. Os cidadãos tornaram-se mais conscientes dos seus direitos e da importância de lutar pela justiça e pela democracia. No entanto, é crucial que este despertar seja acompanhado de acções concretas e eficientes para que as lições aprendidas durante este período de turbulência não se percam no tempo.
Em suma, Moçambique vive um momento histórico. O País precisa de líderes que estejam dispostos a colocar o interesse nacional acima de divergências pessoais ou políticas. E Daniel Chapo e Venancio Mondlane estão a demonstrar ser esses líderes, embora haja actores sociais nos bastidores que influenciaram de forma significativa para este encontro/diálogo entre estas duas figuras proeminentes no panorama político nacional.

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