Encontro entre o Presidente Daniel Chapo e Venâncio Mondlane – um duro golpe para os pseudo-analistas

OPINIÃO

Arão Valoi

É falando que os homens se entendem. Esta frase, simples e directa, carrega um significado profundo, especialmente no contexto político e social de Moçambique. No cenário actual, em que as divisões e tensões parecem aumentar, o diálogo emerge como a única via capaz de promover a pacificação e a construção de um futuro mais estável e harmonioso para o nosso País. As recentes manifestações e destruições que marcaram o pós-eleitoral são sintomas de um mal-estar profundo que só pode ser curado por meio do entendimento mútuo inclusivo entre as diversas forças políticas. Sem tirar mérito aos signatários do acordo político para pôr fim à crise pós-eleitoral, a figura de Venâncio Mondlane, actualmente líder das massas, era imprescindível na mesa de negociações.

Caso contrário, tratar-se-ia de um acordo para inglês ver, por se tratar de actores ou interlocutores inválidos para a situação e contexto actual do País. É verdade que a figura de Venâncio Mondlane tem sido cercada de controvérsias e polarizações políticas que reflectem as dinâmicas intensamente divisivas da política moçambicana, mas, mesmo assim, continua um actor relevante, aliás, foi o segundo candidato presidencial mais votado. Tradicionalmente rotulado como arruaceiro, ganancioso e até mesmo doentio por alguns analistas e sectores académicos, Mondlane é, frequentemente, alvo de ataques que visam desacreditar a sua liderança e impedir que ele ganhe maior influência política no País. No entanto, o recente encontro com o Presidente da República abre uma oportunidade significativa para a pacificação do País.

Esse encontro marca um momento crucial, não apenas para o diálogo entre dois jovens irmãos, com uma visão comum, com perspectivas diferentes sobre o futuro do Pais, mas também para a possibilidade de se superar as divisões que têm assolado Moçambique, gerando uma atmosfera de destruição, manifestações constantes, insegurança e imprevisibilidade.

Desde as eleições de Outubro último, Mondlane tem sido criticado, de forma incisiva, por aqueles que não concordam com a sua postura. Muitos analistas e figuras políticas, especialmente os que se posicionam de maneira mais conservadora, tentam reduzi-lo à insignificância ou à imagem de um político agressivo, volúvel e, mais recentemente, doentio. Esses rótulos de marginalização do político, amplamente contestados pelas massas, principalmente pelos jovens, têm sido ineficazes. Pelo contrário, agudizam a situação de instabilidade, semeiam ódio e não contribuem em nada para a necessária estabilidade de que o País precisa neste momento.

É verdade que a insistência nesse tipo de estigma é uma estratégia que visa, sem dúvida, minar a sua posição, colocando-o num terreno desfavorável para qualquer diálogo político construtivo. Mas os estrategas ou ideólogos desta narrativa esquecem-se dos efeitos contrários que ela está a produzir. Na situação em que nos encontramos, precisamos de analistas que promovem concórdia, focam-se nos problemas do País e não na pessoalização e judicialização dos problemas políticos que Moçambique enfrenta. Para nós, esta iniciativa louvável do Presidente Chapo representa um marco que indica que, por mais que o passado de Mondlane tenha sido marcado por um confronto feroz com o governo central, agora existe uma janela de oportunidades para uma nova fase política.

O País, após um longo período de manifestações violentas e destruições, necessita urgentemente de um processo de pacificação, e a convergência de lideranças políticas, mesmo que de oposição, é um primeiro passo vital nesse sentido. O outro aspecto importante e fundamental é a necessidade urgente de Venâncio Mondlane reconhecer as instituições do País e estar consciente de que Daniel Chapo é, neste momento, o Presidente da República. Esse reconhecimento fará com que tenha capacidade de negociar acordos importantes para a sua continuação na vida política, incluindo sobre os tantos processos judiciais que são movidos contra ele.

O facto de Mondlane estar disposto a sentar-se à mesa do diálogo com o Presidente indica uma evolução na sua postura política. Ao assumir um papel institucional, respeitando as estruturas formais de poder, ele pode ajudar a consolidar um processo de pacificação mais amplo. Por exemplo, a sua entrada no Conselho de Estado, por exemplo, representaria um passo significativo para a construção de uma política de entendimento e respeito mútuo. O desafio que Mondlane enfrentará será de transformar a sua imagem de opositor radical em um líder institucional capaz de dialogar de forma construtiva dentro das normas do sistema político. Mas, por outro lado, implicará um exercício desafiador para manter o seu nível de popularidade, muitas vezes associado ao modelo político que lhe é característico.

Esse movimento não será fácil, considerando os rótulos e críticas que ainda pesam sobre a sua figura. No entanto, se ele for capaz de se posicionar de maneira a respeitar as instituições e fomentar uma política baseada no entendimento mútuo, pode, de facto, contribuir para a estabilização do País e até facilitar o processo de criação do seu próprio partido político.

Num momento em que a polarização está no seu ápice, a necessidade de promover um espaço de diálogo e entendimento nunca foi tão urgente. As forças políticas de Moçambique devem entender que a verdadeira pacificação só será possível se todos os lados forem respeitados, reconhecendo a legitimidade do outro. Ao se colocar na posição de Conselheiro de Estado, Venâncio Mondlane poderá contribuir significativamente para o fortalecimento das instituições democráticas do País, desde que a sua liderança seja pautada pelo respeito às normas e pela busca por soluções colaborativas.

A oportunidade agora está diante dos dois: Enquanto o Presidente Daniel Chapo vai consolidar a sua liderança e concretizar o compromisso de diálogo inclusivo para a pacificação, Mondlane poderá usar esta plataforma política formal para consolidar uma nova fase de entendimento e pacificação. Os dois, unidos no ideal de desenvolvimento do País, têm um forte potencial de instrumentalizar mudanças duradouras e ficar na história de políticos que trabalharam juntos para o sucesso do País.

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Nota: A iniciativa de diálogo entre o Presidente da República, Daniel Chapo, e o ex-candidato Presidencial, Venâncio Mondlane, é um duro golpe para os pseudo-analistas e académicos que pululam pelas televisões a destilarem ódio e horrores, em vez de usarem a sua posição e tempo de antena para ajudarem no processo de pacificação do nosso País.

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