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Polícia e SERNIC escondem informações de investigações a supostos insurgentes em Inhambane

Um grupo composto por 15 indivíduos encontra-se sob investigação após ter sido encontrado na zona costeira da localidade de Maimelane, distrito de Inhassoro, província de Inhambane, onde a petroquímica sul-africana Sasol explora gás natural, no entanto, contactado pelo Evidências o Comando Provincial da Polícia da República de Moçambique (PRM) em Inhambane disse não ter informações e remeteu ao porta-voz do Serviço Nacional de Investigação Criminal (SERNIC) a nível local, que também disse desconhecer o assunto e pediu tempo para se inteirar e obter competentes autorizações de seus superiores.

Novos relatos de circulação, no sul do país, de jovens suspeitos oriundos de Cabo Delgado, estão a deixar alarmada a sociedade e as autoridades moçambicanas, numa altura em que os insurgentes estão em debandada de Cabo Delgado.

Os 15 integrantes do grupo, que se identificaram na comunidade de Maimelane como sendo pescadores e comerciantes de ostras e outros mariscos, são maioritariamente oriundos das localidades de Olumbe e Milamba, no distrito de Palma, mas também de Palma Sede e cidade de Pemba, tendo como líder um cidadão de Nampula, conhecido como comerciante.

O grupo composto por jovens com idades entre 20 e 30, incluindo alguns menores de 10 anos, já se encontra em Inhassoro há mais de um mês e foi se formando a partir de pequenos grupinhos que chegaram via terrestre, grande parte deles descalços ou de chinelos e sem mudas de roupa.

A descoberta do grupo composto nove homens, três mulheres e igual número de crianças, acontece numa altura em que as autoridades estão em alerta máximo, com o receio de que os insurgentes estejam a procura de refúgio noutras províncias, na sequência da ofensiva das Forças de Defesa e Segurança (FDS) em coordenação com as forças do Ruanda e da SADC.

O grupo é composto por Abdala Ali Saide, natural de Milamba, distrito de Palma; Mumino Chafim Momade, natural do Distrito de Palma; Issa Muemene Chela, natural de Palma; Zamir Issa Chemuche, natural de Palma; Omar Arlindo Calavete, natural de Nampula; Muimede Sumail, natural de Palma; Bacar Sumail Bacar, natural de Cidade de Pemba;  Issa Abdala Muemede, natural de Palma, localidade de Olumbe; Salimo Ali Saide, natural de Palma Localidade de Olumbe e; Subira Issa, natural de Palma, localidade de Olumbe. Os mesmos foram recebidos por Assane Machepucane Nhamire, presidente do Conselho Comunitário de Pesca de Mapanzene.

Parte dos integrantes do até aqui misterioso grupo exercem actividade de pesca na costa de Inhassoro através de uma pequena embarcação, o que chamou atenção da população daquela remota localidade que dista a 35 quilómetros da vila sede de Inhassoro, distrito onde a petroquímica sul-africana Sasol explora gás natural há mais de duas décadas.

Em completo secretismo, a PRM), o SERNIC e o Serviço de Informação e Segurança de Estado (SISE) interrogou, semana passada, aquele grupo por dois dias após denúncias de populares que suspeitaram o facto dos mesmos não falarem nenhuma língua do sul do país e terem dificuldades para se comunicarem em português.

Contactado, o comando provincial da PRM, através do respectivo porta-voz ao nível de Inhambane disse não ter informações e remeteu ao porta-voz do SERNIC a nível local, que também disse desconhecer o assunto e pediu tempo para se inteirar e obter competentes autorizações de seus superiores.

No entanto, Evidências sabe que neste momento o grupo é vigiado de perto por informantes do SISE e elementos da PRM, estando o respectivo líder obrigado reportar-se diariamente ao comando distrital de Inhassoro.

Relatos não confirmados indicam que em Setembro, quando as forças conjuntas intensificaram a último quando um grupo de 57 cidadãos, que se supõe sejam líderes dos insurgentes voou de Pemba para Maputo, de onde depois rumou via terrestre para Maxixe, na província de Inhambane, onde se suspeita que tentam bases e interesses económicos.

As passagens para este grupo terão sido pagas por um comerciante de Macomia que tem um negócio em Maputo. A par da exploração de madeira, tráfico de drogas e de pedras preciosas, o comércio é tido como principal base de financiamento dos insurgentes.

Coincidentemente, o grupo recentemente descoberto em Inhassoro tem também ligações com um suposto agente económico, que terá prestado o primeiro apoio, antes de se instalarem em supostos acampamentos de pesca.

Refira-se que no seu modus operandi naquela província nortenha do país, os insurgentes também chegavam como civis, infiltravam-se na comunidade e posteriormente recebiam armas que entrava disfarçada em mercadoria comum.

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