- Em caso de o CC validar triunfo da Frelimo
- Cabeça-de-lista da Renamo diz que PR tem culpa na instabilidade política que se vive no país
Enquanto na Cidade de Maputo Venâncio Mondlane, cabeça-de-lista da Renamo nas VI Eleições Autárquicas, aposta em marchas pacíficas desde o dia 12 de Outubro para reivindicar a vitória enquanto aguarda pela decisão do Conselho Constitucional, na Matola, António Muchanga, também cabeça-de-lista da perdiz, somente na última semana é que saiu à rua, tendo ameaçado declarar o município da Matola um Estado autónomo, caso o Conselho Constitucional não valide a sua vitória naquela autarquia.
Duarte Sitoe
Quando parecia que a Renamo e o seu cabeça-de-lista no município da Matola tinham sido engolidos pelo conformismo face aos resultados validados pela Comissão Nacional de Eleições, António Muchanga veio a terreiro para dar um sério aviso à navegação.
Durante a marcha que visava pressionar o Conselho Constitucional para ser justo, em que se fez acompanhar pelos membros e simpatizantes do maior partido da oposição em Moçambique, Muchanga avisou que ninguém vai governar na Matola se não for a Renamo.
“O Conselho Constitucional disse que vai avaliar a minha reclamação, em sede de validação dos resultados, esse processo de validação dos resultados ainda não ocorreu. Espero, sinceramente, que o Conselho Constitucional não faça o que a CNE fez, porque se fizerem isso, Moçambique acabou. Nós não podemos ser proibidos de governar, porque também a Frelimo não vai governar, aqui”, ameaçou.
O candidato derrotado nas V Eleições Autárquicas que foram realizadas em 2018 não tem dúvidas que será desta vez que vai dirigir os destinos da cidade das indústrias e avança que mesmo que o Conselho Constitucional não valide a vitória da Renamo pretende declarar o município da Matola um Estado autónomo.
“Eu vou tomar Matola e já não como município. Vou transformar a minha Assembleia em Assembleia Republicana da Matola, vou criar o que eu quiser, aquilo que acontece na Somália, vou fazer aqui. Os embaixadores que vierem, vão falar comigo, os outros vão falar com outros dirigentes”, explicou António Muchanga, para depois referir que serão criados Estados autónomos em outras autarquias em que a Renamo reivindica vitória.
“Estas marchas vão continuar até o Conselho Constitucional dizer o que vai dizer. Depois disso vamos tomar outras medidas, mais radicais, como a declaração do Estado da Matola, do Estado de Maputo, Estado de Marracuene, Estado de Nampula, Estado de Matola-Rio, Estado de Nacala, de Quelimane, até governarmos em todos os municípios onde ganhamos. Nós já entregamos editais à terceira Secção do Tribunal Judicial, entregamos editais a segunda Secção e entregamos também à Comissão Nacional de Eleições para remeter ao Conselho Constitucional. Estão a aparecer, agora, organizações que fizeram contagem paralela cuja contagem é igual à nossa”.
No entender do cabeça-de-lista da Renamo no município da Matola, não há mecanismos capazes de desmentir o triunfo do seu partido nas VI Eleições Autárquicas, tendo ainda questionado a presença de Moçambique no Conselho de Segurança das Nações Unidas, uma vez que o Presidente da República tem mãos sujas perante ao cenário que se vive no país.
“Nós não podemos ter pessoas que se dizem membros das Nações Unidas, quando são pessoas pouco civilizadas. Como é que as pessoas nas Nações Unidas se sentam com Nyusi, uma pessoa que tem mãos sujas, que não lava a cara, come com civilizados”.
Nas entrelinhas, Muchanga lamentou as críticas que a actual direcção da Frelimo tem sido alvo por parte de alguns membros proeminentes do partido como Graça Machel, Teodato Hunguana e Tomaz Salomão.
“A avó dos gatunos, avó Graça, já disse, o tio Nihia já disse… e tantas outras pessoas. Destaco essas duas figuras porque são pessoas que quando jovens deixaram de estudar para se juntar à frente de libertação de Nacional para libertar Moçambique, libertar a terra e os homens e eles tem em mente o discurso do saudoso Samora Machel, que dizia que não libertou o país para colocar gatunos no poder”, declarou.