LAM tende a mostrar sinais de vitalidade depois de uma intervenção desastrosa

DESTAQUE ECONOMIA
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·         Novo PCA suspende rotas internacionais para priorizar o mercado doméstico

·         LAM já não recorre à banca para pagar salários e, aos poucos, está a recuperar a confiança dos fornecedores

A nova administração das Linhas Aéreas de Moçambique (LAM), nomeada há sensivelmente dois meses, suspendeu todas as rotas internacionais que configuravam um fardo para a empresa, com destaque para a operação Maputo – Lisboa e, agora, Maputo – Cape Town (África do Sul), numa decisão que se configura corajosa, afinal, era suposto que essas operações mais “políticas” do que comerciais, fossem um legado da anterior administração, apesar de se ter revelado desastrosa. A nível operacional, as queixas continuam, no entanto, a nível administrativo cresce a confiança de que a empresa está a ter vitalidade, havendo já confirmação de que paga salários sem recorrer à banca e, aos poucos, está a recuperar a confiança dos fornecedores, como se pode provar com a retoma do serviço de catering, a bordo

Duarte Sitoe

É um facto, já não há operações internacionais desastrosas. Todas as operações de charme, com fortes indícios de que estavam mais para alimentar o sindicato das comissões no aluguer dos voos, foram suspensas. Depois da suspensão, com efeitos imediatos, dos voos de Maputo para Lisboa, Harare e Lusaka por não estarem a ser rentáveis, seguiu-se, esta segunda-feira, a suspensão dos voos de Maputo – Cape Town (África do Sul).

“Esta decisão estratégica faz parte do Plano de Reestruturação do negócio da Companhia de bandeira nacional, aprovado pelo Conselho de Administração, cujo objectivo principal é optimizar a rentabilidade das operações e eficiência de gestão da companhia”, lê-se no comunicado que anuncia a decisão.

O plano em referência inclui a avaliação exaustiva do desempenho das rotas da companhia, a qual determina a redefinição dos percursos da sua frota, apostando, agora, em estar mais concentrada nos destinos domésticos, para além da sua rota regional de referência, entre Maputo – Joanesburgo – Maputo.

Estas mudanças ilustram o desastre que foi a Fly Modern Ark, que foi chamada para desviar a companhia de bandeira do precipício, mas, debalde, o máximo que a companhia sul-africana conseguiu foi “maquiar” os números para dar a entender que a LAM estava em franca recuperação. Quando Américo Muchanga foi nomeado Ministro das Comunicações e Transformação Digital, Marcelino Alberto foi o escolhido para presidir o Conselho de Administração das Linhas Aéreas de Moçambique.

Desde o dia 22 de Janeiro do ano em curso até a esta parte, muita coisa mudou na gestão da companhia de bandeira o que, de certa forma, mostra níveis minimamente aceitáveis no funcionamento da mesma. Para além de abdicar das rotas internacionais, que traziam prejuízos em vez de lucros, para priorizar o mercado nacional, a LAM tem, aos poucos, recuperado a confiança dos fornecedores, sendo que já não precisa de requerer a banca para pagar salários aos seus funcionários.

Desde que tomou posse no dia 22 de Janeiro até a esta parte, Marcelino Alberto, apesar dos recorrentes problemas com os passarinhos, tem provado que é possível resolver os problemas internos com soluções internas, tal como defendia Filipe Nyusi durante o período em que foi inquilino da Ponta Vermelha.

Desde 2018 que a companhia de bandeira funcionava sem plano estratégico. Contudo, quando chegou, Alberto deu prioridade para a elaboração da estratégia e plano de negócios da empresa, tendo, para o efeito, envolvido de forma representativa todos funcionários para definir a nova forma de estar e ser da companhia no mercado com vista a atender os seus clientes e passageiros.

Marcelino Alberto não se contentou apenas com a elaboração do Plano Estratégico para o funcionamento da LAM, uma vez que, juntamente com a sua equipa de trabalho, avaliou a performance das rotas para identificar as rentáveis e aquelas que eram sinónimos de prejuízos para aquela empresa estatal, daí que decidiu suspender a rota Maputo – Lisboa que, por sinal, desde a reintrodução trouxe prejuízos na ordem de 21 milhões de dólares.

LAM já navega no mar das empresas cumpridoras

A decisão da actual não   agradou a todos, mas mereceu elogios, uma vez que a companhia de bandeira era obrigada a recorrer a receitas internas para o pagamento de serviços da rota Maputo/Lisboa/Maputo.

Para além da rota Maputo – Lisboa, a companhia de bandeira suspendeu os voos para Harare, Lusaka, sendo que, segundo informações na posse do Evidências, os voos para Cape Town serão igualmente interrompidos no corrente mês de Abril pelo facto de não trazerem retorno financeiro.

Ao abdicar das rotas internacionais, a LAM quer concentrar todas as suas energias para o mercado doméstico, onde opera com quatro aeronaves, enquanto aguarda os prometidos pelo Executivo.

Nos últimos anos, as Linhas Aéreas de Moçambique recorreram a empréstimos bancários para pagar salários, porém, actualmente, graças às medidas implementadas, a actual direcção já não precisa de pedir favores a terceiros para cumprir os seus compromissos com a massa laboral e, sobretudo, com os fornecedores.

A título de exemplo, a Sociedade Moçambicana de Serviços de Catering, sobejamente conhecida por SMS Catering, voltou a proporcionar o serviço de refeições a bordo das aeronaves, para já, constituído por snacks, essencialmente de sandes e bolos, que substituem os chips que inquietavam os passageiros.

Num passado não muito distante, a LAM partilhava informações através de comunicados. No presente, a companhia de bandeira já conta com a figura de porta-voz que faz chegar as informações, alternando com algumas notas publicadas por escrito.

Nos corredores, os trabalhadores das Linhas Aéreas de Moçambique acreditam que Marcelino Alberto é o homem certo para voltar a colocar o nome da companhia de bandeira na International Air Transport Association (IATA).

 

 

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