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Depois de suspender a greve inicialmente prevista para o dia 31 de março, com o objetivo de dar espaço ao diálogo com o Governo, a Associação dos Profissionais de Saúde de Moçambique anunciou oficialmente a retoma da paralisação a partir da próxima quinta-feira, 17 de abril de 2025. O anúncio foi feito por Anselmo Muchave, presidente da associação, que acusou o Governo de falta de seriedade no processo negocial.
Luísa Muhambe
Segundo Muchave, a decisão de suspender temporariamente a greve surgiu após um convite do Executivo para uma reunião agendada para o dia 03 de abril. Contudo, o encontro não resultou em consenso e a tensão entre os profissionais de saúde e as autoridades permanece.
“O Governo nunca mostrou honestidade no diálogo. Abre espaço, mas não é para resolver os problemas dos profissionais de saúde. Tentam manipular o processo como se fosse apenas um problema da população em geral. Nós sentámos com o Governo, sim, mas falta clareza”, revela.
A nova fase da greve será marcada por mudanças no regime de trabalho, que passará a respeitar exclusivamente o horário legal das 7h às 15h30, com uma pausa de 30 minutos para o almoço.
Entre as reivindicações, estão o pagamento de horas extraordinárias, subsídios de turno, urgência e exclusividade, além da entrega de material de trabalho completo, incluindo fardamento. Os profissionais também reclamam a falta de compensação pelas transferências interprovinciais sem guias de pagamento.
“A suspensão do trabalho em turnos é uma forma de dar ao Governo tranquilidade no cálculo e na busca de orçamentos para o pagamento das dívidas acumuladas”, explicou Muchave, reforçando que os serviços nocturnos, de fim-de-semana e feriados serão da inteira responsabilidade do Ministério da Saúde.
A associação orienta os seus membros a não atenderem ligações de chefes ou directores que os solicitem para esse tipo de trabalho, sob o risco de denúncia formal.
Caso o impasse se prolongue, está prevista uma segunda fase da paralisação, designada como “fase de RSO” (Reidratação Horária), que poderá culminar com o encerramento total das unidades sanitárias.



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