RENAMO avalia os primeiros 100 dias do governo Chapo e critica relatório da PGR

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  • RENAMO diz que informe do Procurador-Geral da República expõe problemas sem apresentar soluções eficazes

Os primeiros 100 dias da governação do Presidente Daniel Chapo completaram-se recentemente, um marco temporal tradicionalmente usado para balanços iniciais. Aproveitando a ocasião, a RENAMO, um dos principais partidos da oposição, veio a público para apresentar a sua avaliação crítica deste período inicial. A Renamo entende que há uma desconexão entre as promessas ou realizações e a realidade vivida pelos moçambicanos. O partido argumenta que, apesar dos anúncios e do discurso oficial, faltam ainda acções concretas e estruturantes que demonstrem um rumo claro para superar os desafios económicos e sociais que Moçambique enfrenta. Questões críticas como a crise económica persistente, as dificuldades nos sectores essenciais da saúde e educação, e a gestão de empresas públicas como a LAM foram destacadas como áreas em que a actuação governamental é considerada insuficiente pela oposição.  

Luísa Muhambe

A marca dos 100 dias é frequentemente um momento simbólico para avaliar o arranque de um novo governo. No entanto, segundo a RENAMO, este período inicial da administração Chapo foi marcado mais por desafios persistentes e promessas, do que por acções decisivas e estruturantes.

O partido manifestou preocupação com a falta de impacto significativo das medidas anunciadas na vida dos moçambicanos, num contexto de contínua crise económica e problemas estruturais em sectores-chave. Ao abordar a justificação do governo sobre a gestão em tempos de poucos recursos, Macome não poupou críticas.

“O Presidente afirmou ter feito ‘omeletes sem ovos’, uma metáfora para a gestão de um governo sem recursos financeiros. No entanto, essa justificativa não pode ser usada indefinidamente para explicar a falta de avanços concretos”, disse o porta-voz, sublinhando que os problemas de fundo permanecem, afectando directamente a população e os funcionários públicos

A análise estendeu-se a problemas específicos, como a crise na transportadora aérea nacional, Linhas Aéreas de Moçambique (LAM), que, segundo a RENAMO, expôs falhas graves e corrupção.

O partido criticou a resposta do governo à situação, apesar de este ter reconhecido a existência de irregularidades e relembrou que anúncios de reestruturação já ocorreram no passado sem garantias de eficácia ou transparência.

Face a este diagnóstico, a RENAMO apresentou um leque de propostas visando reformas estruturais. Sobre a situação na LAM e a necessidade de responsabilização, Macome foi peremptório:

“O governo reconheceu a existência de ‘raposas e corruptos’ dentro da empresa, mas até agora não apresentou soluções eficazes para reverter a situação. O lugar dos corruptos é na cadeia. A reestruturação da LAM foi anunciada como várias vezes foi no passado, mas sem garantias de que será conduzida de forma transparente e eficiente”.

Perdiz diz que PGR trouxe prolemas ao inves de soluções

Outro ponto abordado foi o informe do Procurador-Geral da República, tendo Macome reconhecido que o documento trouxe à tona questões cruciais sobre segurança, corrupção e justiça. Contudo, a análise da RENAMO aponta que, apesar da exposição de dados preocupantes, como o aumento da criminalidade, as soluções propostas carecem de profundidade e eficácia real para reverter os cenários descritos. A crítica incidiu particularmente sobre a percepção de impunidade e a falta de responsabilização, especialmente no que toca à actuação das forças de segurança durante os protestos pós-eleitorais.

“Essa discrepância entre processos instaurados e acusações contra membros da PRM levanta sérias dúvidas sobre a imparcialidade e eficácia do sistema judicial. A violência policial, que resultou na morte de mais de 350 civis, é tratada de forma superficial, sem uma responsabilização clara dos envolvidos. A falta de transparência na investigação desses casos compromete a confiança da população nas instituições públicas e perpetua um ciclo de impunidade”.

Em jeito de conclusão, Marcial Macome reiterou que os primeiros 100 dias de governação deveriam ser um período de acção decisiva, mas, até agora, o que se vê são desafios persistentes e promessas que ainda precisam de ser cumpridas. Sublinhou que tanto a actuação governamental como o informe da PGR expõem problemas que “exigem respostas estruturais e não apenas declarações formais, pois o povo moçambicano merece mais do que discursos optimistas; merece um governo que transforme palavras em realidade’’, defendeu.

A RENAMO apelou ainda a uma mudança de postura por parte do governo e das instituições de justiça, reiterando a necessidade de acções concretas e resultados palpáveis para a população.

“O informe do Procurador-Geral da República expõe problemas graves, mas ainda carece de soluções concretas e eficazes. A população moçambicana precisa de um sistema de justiça que não só se concentra em identificar problemas, mas que também implementa medidas reais para resolvê-los.”

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