Moçambique regista crescimento abaixo da média regional – revela FMI

DESTAQUE ECONOMIA
Share this

O crescimento económico da África Subsaariana superou as expectativas em 2024, mas Moçambique destaca-se como uma excepção preocupante, com uma desaceleração para menos de 2% no mesmo período. A revelação foi feita por Olamide Harrison, representante residente do Fundo Monetário Internacional (FMI) em Maputo, durante a apresentação do relatório económico semestral da região.

De acordo com o FMI, a África Subsaariana registou um crescimento económico de 4% em 2024, impulsionado por investimentos públicos, aumento das exportações e esforços contínuos de diversificação económica. Contudo, Moçambique viu a sua economia abrandar, em parte devido à instabilidade pós-eleitoral que afectou negativamente a actividade económica no segundo trimestre.

“Moçambique foi uma excepção, com o crescimento a cair para menos de 2%, repetindo o impacto de instabilidade pós-eleitoral na actividade económica durante o segundo trimestre”, disse o representante de FMI em Moçambique.

Harrison alertou para o agravamento das vulnerabilidades macroeconómicas em Moçambique, com destaque para o aumento da dívida pública, que contrasta com a tendência de estabilização observada noutros países da região. “Depois de uma redução significativa entre 2020 e 2023, a dívida pública moçambicana voltou a crescer em 2024, situando-se em níveis preocupantes”, afirmou.

Apesar da inflação ter diminuído – com os preços alimentares caindo de 14% em 2023 para 6% em Fevereiro de 2025, o país enfrenta custos elevados de financiamento. Os juros, enquanto percentagem das receitas fiscais, aproximam-se de 20%, o que, segundo o FMI, compromete o espaço orçamental para investimento e desenvolvimento.

Outro factor preocupante é o impacto dos choques externos. Embora o FMI preveja um abrandamento do crescimento regional para 3,8% em 2025 devido à desaceleração global e à queda dos preços das matérias-primas, a situação em Moçambique é ainda mais incerta. “A projecção de recuperação está sujeita a riscos significativos, incluindo choques climáticos, insegurança e a redução da ajuda externa”, referiu Harrison.

Com cerca de 850 mil deslocados em Cabo Delgado (zona afectada por terrorismo) e outras vulnerabilidades, o país enfrenta um “triângulo” de desafios: restaurar a estabilidade macroeconómica, garantir o desenvolvimento e responder às crescentes expectativas sociais.

O FMI recomenda uma estratégia de ajustamento antecipado, reforço da transparência na gestão pública e implementação de reformas estruturais, incluindo a melhoria do desempenho das empresas estatais e o fortalecimento do sector privado.

Harrison concluiu sublinhando o compromisso contínuo do FMI com Moçambique, salientando a importância de apoio externo e uma comunicação eficaz por parte do governo para manter a coesão social e assegurar a sustentabilidade do desenvolvimento.

Promo������o
Share this

Facebook Comments