Mondlane confirma entrada no Conselho de Estado e denuncia incoerências de Chapo no diálogo político

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O ex-candidato presidencial Venâncio Mondlane confirmou, na última sexta-feira (27), que vai integrar o Conselho de Estado, conforme estabelece a Constituição da República para o segundo candidato mais votado nas eleições presidenciais. À saída de mais uma audição na Procuradoria-Geral da República (PGR), Mondlane disse não ter alternativa, apesar de críticas ao funcionamento do órgão e à condução do diálogo político com o Presidente da República, Daniel Chapo.

“Mesmo se eu não quisesse, não tenho hipótese, porque nós lançamos um inquérito que foi respondido por 10.650 pessoas, das quais 80% não me aconselharam, me ordenaram a ir para o Conselho de Estado. Por isso, concordando ou não, eu tenho que ir”, afirmou Mondlane à imprensa, reiterando o seu compromisso com o povo moçambicano.

Mandane acrescentou ainda que já deu “primeiro contributo” que tem a ver com a revisão da lei: “Eu li aquela lei. É uma lei totalmente desadequada. É uma lei que não corresponde ao órgão daquela natureza. Estudei a lei profundamente e já fiz a minha proposta da revisão de proposta do Conselho o Estado e já submeti ao Conselho de Estado”.

Sobre os motivos da sua convocação pela PGR, Mondlane diz continuar sem clareza: “Infelizmente, tal como aconteceu na primeira sessão, eu não conheço os crimes de que sou acusado. Foi mais uma audiência para esclarecer um ponto em particular, mas ainda continua a minha dúvida sobre o crime que me é imputado”.

O ex-candidato, criticou a postura do Chefe de Estado, Daniel Chapo, acusando-o de agir em contradição com os entendimentos alcançados nas conversações entre ambos.

“Na mesa das conversações tudo corre bem. Temos pontos de consenso. Mas o único problema é que, depois de sairmos daquela mesa, reiteradamente o Chefe do Estado sai com uma postura contraditória”, indagou.

Entre os consensos mencionados, Mondlane destaca a libertação e reintegração dos jovens detidos durante manifestações.

“Concordamos que havia necessidade de os jovens voltarem às suas famílias. Ficou apenas a discussão técnica sobre se seria via indulto ou amnistia. Tendo em conta o tempo decorrido, não faz mais sentido manter aquelas pessoas presas enquanto estamos num processo de reconciliação e paz.”

O político criticou ainda o que considera serem discursos “incendiários” de figuras do Governo e uma alegada sabotagem interna às decisões de Chapo.

“É estranho o Presidente sair publicamente a rejeitar a minha proposta alegando falta de base legal de cidadania, quando antes tínhamos um entendimento. Notamos discursos de chefes do Governo que vão na contramão do espírito de reconciliação. Há vozes dos camaradas a tentar sabotar o trabalho do estadista”.

Apesar das divergências, Mondlane reafirmou o seu compromisso com o diálogo e a construção da paz em Moçambique, mas alertou para a urgência de coerência e seriedade na implementação dos acordos alcançados.

PRM interveio para criar tumultos

Entretanto, no mesmo dia, a presença de Mondlane nas ruas de Maputo acabou por mobilizar centenas de apoiantes. À saída da PGR, o político seguiu em caravana pela cidade, acenando do tejadilho da viatura que o transportava. O cortejo, acompanhado por gritos de “Salvem Moçambique, este país é nosso” e “Anamalala”, congestionou o trânsito no centro da capital durante cerca de 20 minutos.

A Polícia da República de Moçambique (PRM) interveio lançando gás lacrimogéneo na avenida da Guerra Popular, para dispersar os apoiantes que acompanhavam a caravana. A segurança de Mondlane chegou a retirá-lo da viatura, mas o político voltou ao exterior pouco depois, antes de a marcha ser desmobilizada, sem outros incidentes.

 

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