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A Associação dos Mukeristas manifestou esta semana profunda preocupação com a persistente falta de divisas no país, situação que, segundo a classe, está a comprometer gravemente o comércio externo e o abastecimento de produtos essenciais.
Sudekar Novela, presidente da associação, acusou os bancos comerciais de não assumirem publicamente a gravidade do problema, apesar de declarações recentes do Presidente da República que apontam estas instituições como responsáveis directos pela escassez.
“O Banco Central disse que está tudo bem, mas o problema prevalece. Se há algum problema, é importante que os bancos comerciais apareçam ao público e falem abertamente”, defendeu.
Segundo Novela, a dificuldade no acesso a moeda estrangeira, sobretudo ao rand sul-africano, começou a agravar-se no início dos anos 2000 e tem vindo a piorar.
“Ao longo do tempo, os bancos foram perdendo capacidade de disponibilizar divisas. No ano passado, com a obrigatoriedade de apresentação do termo de compromisso bancário, o problema intensificou-se. Recebíamos comprovativos de pagamento, mas, quando o fornecedor consultava a conta, o dinheiro não estava lá. Isso atrasava todo o plano comercial”, relatou.
Segundo o representante, a situação muitos empresários e comerciantes a recorrerem ao mercado paralelo, onde, embora as divisas estejam disponíveis em qualquer quantidade, os preços são “proibitivos” e inviabilizam o negócio.
“Agora, a questão que se coloca é que as fontes oficiais não têm moeda estrangeira, mas o mercado negro, o paralelo, tem divisas bastantes. Qualquer quantidade que quiser está disponível. Só que lá está um preço proibitivo que limita por completo a capacidade, ou seja, o poder de compra do consumidor. Por exemplo, que ao trazê-los ao país, esperamos vendê-los em dois, três dias no máximo, e concluírem e voltarem a buscar. Mas devido ao preço que somos obrigados a estabelecer, por causa do preço de divisas, acabamos levando mais tempo e acabamos perdendo algumas mercadorias”, denunciou Sudekar.
O impacto é sentido sobretudo no comércio de produtos frescos, onde a falta de infra-estruturas de conservação e o aumento do tempo de venda resultam em perdas significativas.
“Sem a moeda estrangeira não podemos fazer nada. E enquanto o mercado oficial não tem divisas, o mercado paralelo está abastecido. Mas o preço elevado obriga-nos a aumentar os valores finais dos produtos, o que trava as vendas e nos faz perder mercadoria”, lamentou.
A associação garante já ter solicitado esclarecimentos ao Banco de Moçambique sobre o que está na origem da escassez, mas recebeu como resposta que a responsabilidade de importação de divisas cabe agora aos bancos comerciais.
“Parece que não têm noção do impacto desta crise”, concluiu Novela, defendendo que o problema seja assumido e resolvido com urgência para evitar um colapso no abastecimento de bens essenciais sobretudo os da primeira necessidade.



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