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- Reunido em Conselho Nacional na Beira
Terminou na madrugada desta terça-feira, na cidade da Beira, o primeiro e histórico Conselho Nacional da Aliança Nacional para um Moçambique Livre e Autónomo (ANAMOLA), partido liderado por Venâncio Mondlane, que reuniu mais de 300 delegados, incluindo convidados nacionais e internacionais. O evento, que durou três dias, serviu para consolidar a estrutura interna do movimento, eleger os órgãos definitivos e aprovar os instrumentos de funcionamento, apenas um mês após a sua fundação. Contudo, porque o partido nasceu já andando, anunciou, entre várias decisões, a intenção de promover A sua própria consulta popular para posteriormente apresentar as contribuições à Comissão Técnica do Diálogo (COTE), mesmo sem integrar oficialmente o processo do qual se diz excluído.
Jossias Sixpence, da Beira
Com uma agenda intensa – incluindo a realização da primeira reunião da Comissão Executiva em Maputo e agora o Conselho Nacional na Beira, a ANAMOLA demonstra intenção de se afirmar como voz activa na cena política moçambicana, defendendo reformas estruturais e maior aproximação aos cidadãos.
Durante a abertura dos trabalhos, Venâncio Mondlane destacou como pilares do partido a ética política, a justiça social, a despartidarização do Estado e a reforma do sector judicial, defendendo que o orçamento do sistema de justiça deve ser “profunda, total e absolutamente autónomo”.
“O Governo controla o orçamento da Justiça, e isso impede que os tribunais funcionem como verdadeiros órgão de soberania”, criticou Mondlane, acrescentando que “um Parlamento que precisa de pedir dinheiro ao Governo para fiscalizá-lo perde a sua independência”, o que assim que o seu partido se tornar Governo vai mudar, garante.
Em tom de homenagem, foi anunciada a criação da Fundação Elvino Dias, em memória do militante assassinado no ano passado, quando preparava um processo de contestação de alegada fraude eleitoral. Procuradores e juízes presentes comprometeram-se a apoiar a iniciativa.
Um dos pontos altos do encontro foi o anúncio de que a ANAMOLA, que até então não se encontra integrada na Comissão Técnica do Diálogo Político Inclusivo (COTE), avançará com um processo próprio de auscultação pública junto dos cidadãos.
Mondlane afirmou que, caso não seja incluído no diálogo promovido pelo Governo, o partido recolherá contribuições da população, especialmente dos grupos mais vulneráveis, e entregará essas propostas à COTE, como forma de assegurar que as vozes de “mais de 75% do povo moçambicano” sejam consideradas.
“Vamos fazer a nossa auscultação pública, compilar as ideias e depositar junto da equipa de Diálogo Conjunto. Esta é uma auscultação da auscultação que eles dizem estar a fazer”, declarou.
O partido promete anunciar nas próximas semanas as datas e locais para o início deste processo participativo.
Refira-se que o lançamento de partido aconteceu no passado Sábado em praça pública no bairro da Manga, com participação de milhares de pessoas, algumas das quais tiveram que se pendurar em postes e janelas de prédios para acompanharem actuações musicais e o comício de Venâncio Monlane. Depois seguiu-se uma passeata banhada de multidão que acompanhou Venâncio Mondlane até ao hotel onde estava hospedado.

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